Tuesday, 26 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Manto de chumbo
>>Bush e jornais em conflito

Manto de chumbo


Projeto apresentado na Câmara dos Deputados pretende encobrir com até cem anos de sigilo ações policiais. Seria nova maneira de deixar a sociedade distante dos cada vez mais graves problemas de segurança pública.


Matanças naturalizadas


Criminalidade é um assunto tão maltratado pela mídia que nem números de mortos são apurados com clareza. Hoje, a Folha e o Estadão falam em oito mortes em guerra de traficantes no Rio. O Globo e o Dia dão 14 mortes. Sem contar três mortos pela Polícia no bairro de Senador Camará.


No início, anos atrás, foram assassinatos sem autores. Depois, mortos sem identificação. Agora nem sequer se contam direito os mortos. Muitos crimes não são noticiados. As matanças parecem se naturalizar cada vez mais nos meios de comunicação.


Bush e jornais em conflito


O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, fala dos conflitos entre governo e imprensa nos Estados Unidos.


Egypto:


– Estão cada vez mais azedas as relações entre o governo americano e a imprensa que ousa criticar a administração Bush. Na penúltima semana de junho, os jornais New York Times, Los Angeles Times e Wall Street Journal divulgaram a existência de um programa secreto de monitoramento de transações financeiras.


O plano começou a ser aplicado depois dos ataques de 11 de setembro de 2001, e assumiu proporções gigantescas quando os analistas do governo passaram a trabalhar com dados de um consórcio que monitora, diariamente, 11 milhões de transações financeiras em 200 países.


George W. Bush não gostou de ver a bisbilhotice de seu governo ser levada a público pelos três jornais. Ele, o vice Dick Cheney e o porta-voz da Casa Branca acusaram os diários de “insistir em publicar informações detalhadas sobre programas vitais de segurança nacional”.


Os jornais não deixaram barato e, no sábado passado (1º/7), promoveram uma reação inédita na imprensa mundial: o New York Times e o Los Angeles Times publicaram um mesmo editorial, assinado pelos seus principais editores, em defesa de seu direito de informar.


Se dois concorrentes se unem dessa forma contra o governo, é porque a coisa não deve estar boa mesmo. Passou dos limites.


Mauro:


– O editorial conjunto está hoje no Estadão.


Debater, não vociferar


O Jornal Nacional procura tratar com isenção jornalística a polêmica em torno do Estatuto da Igualdade Racial e da Lei de Cotas. A posição do veículo de comunicação mais importante do país é fator relevante para possibilitar um debate minimamente esclarecedor da questão dos negros, que o Brasil republicano oficial sempre procurou contornar.


Holofotes que estimulam


A editora da TV Câmara, Maristela Sant´Anna, fala de um efeito positivo da maior exposição do trabalho dos deputados federais a meios de comunicação de massa.


Maristela:


– Tudo que nós fazemos aqui tem por objetivo levar o Parlamento ao cidadão brasileiro e fazer com que o cidadão brasileiro possa influenciar no processo legislativo. E na medida em que a gente consegue alguns resultados, e os parlamentares percebem, o trabalho do parlamentar é também ajustado a isso. O deputado sabe que hoje, quando ele fala no plenário, ele está sendo transmitido ao vivo para milhões de brasileiros pela TV Câmara. Também pela Rádio Câmara. As notícias da Rádio Câmara são reproduzidas por mais de 600 rádios conveniadas no Brasil inteiro. O trabalho parlamentar também é alvo de notícias na Agência Câmara de Notícias, uma agência em tempo real, e também pelo Jornal da Câmara.


Essa visibilidade que a Secretaria de Comunicação da Câmara permite ao trabalho parlamentar influencia também esse trabalho parlamentar. O parlamentar que quer mostrar o seu trabalho, e o fato de esse trabalho ser mostrado, favorece que o cidadão brasileiro conheça o seu parlamentar e exija dele uma participação mais ativa no Parlamento.


Mauro:


– Segundo Maristela Sant´Ana, já há deputados que, nos períodos de funcionamento normal da Câmara, ficam em Brasília na sexta-feira, dia em que as lideranças voltam aos estados, para poder usar a palavra e aparecer no noticiário dos meios de comunicação da Casa.


Aposentados manipulados


Há jogo eleitoral com os aposentados, como diz hoje o Globo. Folha e Estadão entraram alegremente no jogo.


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