Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

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O fio do “mensalão”


Os jornais desta terça-feira, 19 de julho, estão repletos de discussões sobre a desastrada entrevista do presidente Lula em Paris. Os editoriais do Estadão e da Folha interpretam-na como parte de uma manobra em que convergem Lula, Delúbio e Valério.


Dia após dia, o noticiário mostra que uma ala do PT, ainda liderada por José Dirceu, procura eliminar a denúncia do “mensalão” e fazer crer que todo o problema é de caixa dois de campanhas eleitorais. Nisso, o PT, como disse o presidente Lula, só estaria repetindo o que todo mundo faz.


Se a imprensa perder o fio do “mensalão”, a manobra funcionará. A democracia pagará o pato.


Prestígio abalado


Acabou a lua de mel da imprensa internacional com o presidente Lula. A edição desta semana da revista The Economist, por exemplo, diz que a esperança despertada por Lula na América Latina e mundo afora ao ser eleito só torna mais chocantes os recentes episódios.


Publicidade oficial


O Alberto Dines anuncia que o Observatório da Imprensa tratará hoje à noite na televisão da publicidade oficial.



Dines:


− Mauro: a mídia está muito excitada. Ainda não conseguiu parar para pensar e oferecer reflexões sobre as origens do que está acontecendo. Mesmo nas edições de fim de semana, quando tem mais espaço e mais leitores propensos à análise, jornais e revistas não se inclinam para elaborações mais profundas.


Ninguém parou para verificar que atrás deste terremoto está uma questão muito simples que nada tem a ver com o financiamento das campanhas eleitorais. A gênese da sucessão de escândalos está nos excessos da publicidade oficial, na ânsia de anunciar. O negócio oficial de Marcos Valério era a publicidade: servia para disfarçar o lobista que assim tornou-se o financiador do partido do governo graças aos vultosos contratos com estatais.


Mas governos precisam mesmo fazer tantos anúncios? Não seria melhor gastar esta dinheirama em obras e deixar que elas próprias sejam anúncios vivos de um governo diligente? É claro que a mídia não reclama, ela é a primeira beneficiária desta compulsão publicitária. Por isso, o assunto ainda não veio à tona. E por isso mesmo será discutido hoje no Observatório da Imprensa, pela rede TVE às 10 e meia e pela rede Cultura às 11 da noite.


É propaganda



Como diz Paulo Nassar, secretário executivo da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, Aberje, os governos muitas vezes não fazem publicidade, fazem propaganda. E geralmente nem conhecem a diferença entre uma coisa e outra.


Crime e castigo


Convém não se animar com a perspectiva de punições. Rodrigo Silveirinha era fiscal da receita do Estado do Rio. Foi acusado de mandar mais de 33 milhões de dólares para a Suíça. Condenado em 2003 a 15 anos de prisão, espera em liberdade o julgamento de um recurso. Em agosto passado, Silveirinha, na cara dura, chegou a pedir para ser reintegrado ao posto de fiscal.


Segredos da Daslu


O ângulo mais saboroso sobre a operação na Daslu foi dado pelo repórter Carlos Franco no Estado de S. Paulo de sábado. Diz que muitos empresários e socialites compravam presentes para amantes. Os endereços estão na documentação apreendida na loja.


Terror e ambigüidade


Atenção, ouvinte: toda vez que um texto sobre atentados terroristas começa lamentando o sacrifício das vítimas inocentes, prepare-se para uma argumentação que atribui a responsabilidade não aos terroristas, mas a seus adversários. É que os autores desses textos precisam fazer força para pensar nas vítimas. Então, colocam-nas logo na introdução, como uma espécie de licença para se solidarizar com seus algozes. Depois vem o famoso “mas”, “porém”, a conjunção adversativa que resolve os conflitos de concepção ou de propostas nos documentos de partidos políticos.