Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Obsessão necessária
>>Exploração do sensacionalismo

Obsessão necessária

As medidas anunciadas ontem pelo presidente Lula e pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, precisam ser discutidas e acompanhadas obsessivamente pela mídia. É sua tarefa no esforço nacional pela educação.

Na Folha de S. Paulo de hoje, o destaque é para a verba adicional que será destinada aos municípios com piores índices. No domingo, a Folha defendeu em editorial as metas do Compromisso Todos pela Educação, que tem como horizonte o ano de 2022. No Globo, o educador francês Jean Hérbrard, familiarizado com o Brasil, sintetizou: ou o país dá ensino de qualidade em escolas públicas, ou põe o Exército na rua para manter a ordem.


É culpa da imprensa

O professor Roberto Mangabeira Unger já aconselhou Leonel Brizola e Ciro Gomes. Agora é correligionário do vice-presidente José Alencar e do senador Marcelo Crivella, bispo da Igreja Universal do Reino de Deus. Em novembro de 2005, Mangabeira escreveu uma frase que está sendo repetida em tudo quanto é meio de comunicação, abre aspas: “Afirmo que o governo Lula é o mais corrupto de nossa história nacional”, fecha aspas. E pedia o impeachment de Lula.

Mangabeira, como se sabe, foi convidado por Lula para ser ministro de uma Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo para a qual alguém já cunhou a sigla “Sealopra”.

O senador Crivella dá hoje uma explicação para a mudança de posição de Mangabeira: ele estava fora do Brasil e se guiava por notícias. Para variar, a “culpa” é da imprensa.


Berzoini quer controle

E o presidente do PT, Ricardo Berzoini, dá sua contribuição para recolocar o fantasma de medidas restritivas à liberdade de imprensa: a Folha noticia hoje que ele propõe controle da mídia durante processos eleitorais.

Finge ignorar que a Justiça Eleitoral já controla estritamente a radiodifusão. Mas jornais e revistas são livres. A menos que Berzoini proponha a volta da censura prévia.


Exploração do sensacionalismo

O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, pergunta até quando o sensacionalismo na televisão continuará a se valer da dor de pessoas atingidas por tragédias.

Egypto:

– A urgência de uma regulação democrática dos meios de radiodifusão é assunto recorrente e cada vez mais percebido pelos telespectadores. A edição online deste Observatório recebeu mensagem de uma leitora de Salvador, Bahia, relatando o caso do programa Se liga bocão, transmitido diariamente às 13 horas pela TV Aratu, afiliada do SBT.

Ela conta que, na quarta-feira passada, a equipe de jornalismo do programa acompanhou uma senhora ao Instituto Médico Legal, onde foi identificar um corpo que supostamente seria de seu filho, morto por afogamento. A identificação foi positiva. As câmeras acompanharam em detalhes a dor da mãe e exibiram imagens do cadáver da criança, em adiantado estado de decomposição. Era hora do almoço e assistiam à cena a leitora, o marido e dois filhos do casal.

“Ficamos impressionados com a forma com que a reportagem foi conduzida”, escreveu, indignada. E disse mais: “Canso de ver pessoas de origem humilde sendo degradadas moralmente. O desrespeito segue impune e de forma cada vez mais agressiva”.

A pergunta que cabe é uma só: até quando?


Regra abolida

Decisão do Superior Tribunal de Justiça suspende a obrigatoriedade, estabelecida pelo Ministério da Justiça, de exibição de programas de televisão em horários determinados pelo governo. O Ministério vai recorrer. Até aqui, portanto, saíram vitoriosas as redes de televisão, Globo à frente,  em sua campanha oblíqua para igualar classificação indicativa com censura.

Leia “Globo e SBT fazem campanha oblíqua”.


Rede pública

O futuro presidente da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura, Paulo Markun, defende a participação da emissora na nova rede pública de televisão.


Dossiê Vedoin

Há um chororô a respeito da decisão unânime do Tribunal Superior Eleitoral de arquivar o pedido de impeachment do presidente Lula feito no ano passado pela campanha da coligação PSDB-PFL após a eclosão do escândalo do Dossiê Vedoin.

É leite derramado, e claramente não seria o melhor caminho para encaminhar a vida política nacional.

Mas o processo segue na esfera criminal.


Legal ou ilegal

Existe base técnica para eventual punição de juízes acusados de terem dado sentenças para favorecer atividades ilegais de bingos. Segundo o jornal Valor de hoje, eles concederam liminares contrárias a decisões do Supremo Tribunal Federal.

O assunto só será resolvido quando o Congresso decidir o que é jogo legal e o que é jogo ilegal no Brasil. Em outras palavras, se vai ou não mexer nessa fonte de caixa dois.