Saturday, 28 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

>>O.I. na Rádio Nacional
>>No mundo da fria estatística

O.I. na Rádio Nacional


Hoje o Observatório da Imprensa começa a ser transmitido pela Rádio Nacional FM e AM de Brasília e AM do Rio de Janeiro. Queremos agradecer à Radiobrás o apoio à ampliação do público alcançado por este programa.


O Observatório da Imprensa no rádio segue com os horários de 9h na Cultura FM de São Paulo, emissora onde nasceu e é produzido, e, no Rio, de 10h na MEC AM e 10h05 na MEC FM.


Conspiração pró-Lula


Para quem gosta de enxergar complôs da mídia, as seguidas manchetes dos últimos dias sobre êxitos econômicos soam como conspiração a favor do governo. Percepção reforçada pela leitura de revistas que acordam e descobrem que Lula está politicamente vivo.


Não é nada disso. Só a maneira desarticulada de cobrir política que um ano alucinado como 2005 agravou.


De volta à fita dos Correios


Até hoje ninguém entendeu quem ganhou com a divulgação da famosa fita dos Correios, ponto de partida da crise do “mensalão”. Uma pessoa foi beneficiária imediata da armação contra o trambiqueiro confesso Maurício Marinho: Dimas Toledo, na época diretor de Furnas.


A Veja circulou no sábado, 14 de maio de 2005. Dimas Toledo deveria deixar a diretoria de Furnas em assembléia marcada para a segunda-feira seguinte, dia 16. O cargo havia sido prometido pelo presidente Lula para uma indicação de Roberto Jefferson, então presidente do PTB.


Pouco antes, Dimas havia tentado negociar com Jefferson sua permanência no cargo. Não houve acordo. Jefferson, como se sabe, foi golpeado pela declaração de Maurício Marinho de que desviava dinheiro dos Correios para o PTB. Dimas ficou em Furnas.


Se Dimas não teve nada a ver com a divulgação da fita, que segundo a Veja fora gravada um mês antes, um anjo da guarda dele teve.


Na época, o Alberto Dines cobrou explicações da Veja sobre como a fita tinha ido parar no colo de um repórter. Não houve resposta.


Dimas só caiu da diretoria de Furnas quando Jefferson, por conveniência própria, decidiu dar entrevistas à Folha de S. Paulo, em junho. Foi a manipulação em sentido contrário.


Jefferson disse claramente que a origem da história tinha sido o choque com Dimas. Tudo isso foi registrado na imprensa mas o conflito original entre Dimas e Jefferson se perdeu. Chegou-se a dizer que Dimas era protegido de Jefferson.


O noticiário só foi reaberto agora, com a lista atribuída a Dimas.


Ver também tópico no blog Em Cima da Mídia.


No mundo da fria estatística


O Alberto Dines critica o burocratismo das edições dominicais.


Dines:


– Mauro, as edições de domingo são as mais importantes da semana, mas ironicamente as manchetes de domingo costumam ser as mais frias e burocráticas. Ontem, dos três jornais nacionais, dois deles (a Folha e o Estado), seguiram a rotina e preferiram manchetes estatísticas que o leitor raramente consegue fixar na memória. Mas o Globo resolveu encarar e escancarar a resistência do Judiciário em acatar o fim do nepotismo. Estamos diante de um dos maiores escândalos da nossa história: magistrados atuando despudoradamente em causa própria acatam liminares que garantem o nepotismo. Isto é, garantem o seu nepotismo. Desembargadores, que são os garantidores das leis, estão oficializando a desobediência à determinação do Conselho Nacional de Justiça. O prazo para a demissão dos parentes de magistrados vai até amanhã, terça-feira, no entanto 40% dos casos de emprego de parentes já identificados escaparão da demissão.


Quem senão a imprensa tem condições de denunciar e enfrentar este descalabro ostensivo no judiciário? Mas a imprensa ontem estava mais preocupada com o fato de que o salário dos migrantes supera o dos locais ou que o consumo da Classe C cresceu 50% nos últimos quatro anos. Com o Legislativo já desmoralizado pelo comportamento dos deputados e agora com a desmoralização do Judiciário, já temos uma manchete estatística aterradora para o próximo domingo: 2/3 dos poderes da República não são confiáveis.



Longe do campo


A pecuária brasileira caiu de uma imagem de esplendor para uma visão de crise após o surto de aftosa. A mídia está distante da realidade do agronegócio no Brasil. Como está distante da seca nordestina.


Estado de alerta


Se a crise com o Irã realizar seu potencial macabro, o episódio das caricaturas dinamarquesas poderá entrar para a História como uma pálida introdução.


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