Dois anos
Hoje este programa completa dois anos, em 514 edições. Aos ouvintes, aos interlocutores e a todos os colaboradores, nosso muito obrigado.
Parabéns para o Observatório
Alberto Dines comemora os aniversários do Observatório da Imprensa na internet, na televisão e no rádio.
Dines:
– “Você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito” parece uma brincadeira. No entanto, esta proposta vem sendo repetida há onze anos na Internet, há nove anos na Televisão e completa dois anos aqui, no rádio. Qual a maneira certa de ler um jornal, ouvir um noticioso ou assistir a um telejornal? Com o “desconfiômetro” ligado. A idéia do Observatório da Imprensa é muito simples – se a imprensa é o observatório do país, ela também precisa ser observada. A voz crítica da sociedade também deve ser criticada já que a democracia é um processo dinâmico e, sobretudo, integral. Discutir a imprensa é uma obrigação, só contribui para o seu aperfeiçoamento. Ameaçá-la, como o fez o deputado Carlos Zaratini há dois dias, coloca em risco o delicado equilíbrio entre os poderes. Quando se fala em liberdade de expressão imagina-se logo um governante autoritário com um chicote ou uma mordaça na mão. A censura ocorre em todas as esferas e níveis. Ontem, Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, o celebrado cantor Roberto Carlos mandou recolher dos depósitos da Editora Planeta os onze mil exemplares da sua biografia escrita pelo jornalista Paulo César Araújo. A mídia, exceto a Folha, não pareceu muito preocupada com o episódio. “Você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito” é apenas um lembrete para evitar que um dia as bancas amanheçam sem jornais ou as rádios sem notícias. Parabéns!
Álcool mata
O Ministério da Saúde quer proibir venda de álcool em estradas, postos de gasolina e nas proximidades de escolas, hospitais e centros comunitários. Segundo o ministro José Gomes Temporão, há no Brasil uma epidemia de mortes provocadas pelo consumo de bebidas alcoólicas. Um dos casos mais devastadores de epidemia de consumo de álcool é o da Rússia. A população do país era de 147,5 milhões em 1998 e já tinha encolhido para 143 milhões em 2003. A expectativa de vida dos homens russos caiu três anos.
O povo perde a guerra
Ontem, o bairro carioca da Penha viveu mais um dia de guerra nas ruas e na favela da Vila Cruzeiro. Foi onde bandidos mataram o jornalista Tim Lopes, da Rede Globo, em 2002. A hoje deputada Marina Maggessi foi contemplada na revista Época, há pouco mais de três anos, com uma laudatória entrevista. Em destaque no seu currículo, a prisão do então chefe do crime na Vila Cruzeiro, Elias Maluco, torturador e assassino de Tim Lopes. Elias está hoje no presídio federal de Catanduvas. E a situação na Vila Cruzeiro não parou de se deteriorar. O Globo e o Extra abafam o assunto. O Dia dá grande destaque na primeira página, sob o título “Zona Norte sitiada”. Até agora morreram quatro pessoas e 12 foram feridas. Mais pessoas foram feridas em outros bairros do Rio de Janeiro.
De bingos e política
Ontem o noticiário destacou Licínio Soares Bastos, um dos presos na Operação Furacão, como o grande chefão do esquema mafioso dos bingos. Ele, como os outros, foi preso no dia 13 de abril, quando estava marcada cerimônia em que receberia da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro o título de cidadão honorário. A proponente da honraria havia sido a vereadora Cristiane Brasil. Ela é presidente do PTB do estado do Rio de Janeiro. Foi secretária da Terceira Idade da Prefeitura do Rio em 2003. O prefeito já era Cesar Maia, do PFL, hoje “DEM”.
O PTB é o partido do ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia. Mares Guia declarou que espera ajudar Lula a voltar ao Planalto em 2014. O PTB é também o partido do ex-presidente e hoje senador da base aliada Fernando Collor. O PTB é presidido por Roberto Jefferson, pai da vereadora Cristiane Brasil. Jefferson sugeriu recentemente, em entrevista à IstoÉ, que se instaure o parlamentarismo e se permita a recondução do presidente Lula.
Apagão jornalístico
As idas e vindas da CPI do setor aéreo, ou da crise aérea, ou do apagão aéreo, como prefira o ouvinte, devem ser acompanhadas pela imprensa. Mas se os repórteres gastassem um pouco desse tempo apurando o que aconteceu desde a falência da Varig, o país conheceria melhor os problemas de sua aviação.