Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Polícia na cadeia
>>Caixa 2

Renan volta ao ringue

A prisão de 52 policiais militares que trabalhavam para o narcotráfico no Rio é manchete em todos os jornais.

E Renan Calheiros volta a ser julgado amanhã no Conselho de Ética.

Mas nem seus adversários acreditam que ele será condenado.

As apostas vão para o terceiro e o quatro processos.

Dines:

– O Senado é soberano, mas a imprensa também é soberana. A democracia, aliás, é um conjunto de poderes e soberanias perfeitamente equilibrado. A absolvição do senador Renan Calheiros no primeiro processo é matéria vencida. Temos agora pelo menos outros dois processos e o seu licenciamento da presidência da Câmara Alta. Mas o que efetivamente interessa neste momento é a discussão sobre sessões e votos secretos. Pode o legislativo deliberar clandestinamente? É admissível que uma sessão do Senado fique sem a transcrição dos discursos? O black-out que envolveu o Senado na semana passada foi evidentemente produzido para criar obstáculos ao trabalho da imprensa. Isso é democrático? Estas são algumas das questões que serão discutidas hoje à noite no Observatório da Imprensa. Ao vivo, às 22:40 pela TV-Cultura e pela TV-E.

Luciano:

Polícia na cadeia

A prisão de 52 policiais militares de um mesmo batalhão em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, é manchete em todos os principais jornais brasileiros.

Uma longa investigação revelou que eles trabalhavam na proteção aos criminosos, evitando realizar ações em determinados bairros e avisando os criminosos quando equipes de fora chegavam para operações na região.

Os policiais eram pagos semanalmente pelos serviços prestados aos traficantes.

O Globo abriu uma série chamada ‘A Polícia que não Queremos’ e lembra outra série, publicada há exatamente um ano, na qual a mesma história de cumplicidade entre policiais e bandidos era descrita.

Os jornais e as autoridades finalmente descobriram que o crime organizado só pode funcionar com a ajuda da polícia.

Chegando ao ponto

O novo secretário de segurança nacional, Antonio Carlos Biscaia, provocou certo desconforto ao chamar de hipócritas as manifestações contra a violência na orla da praia.



Biscaia se referia ao fato de que muitas pessoas que participam das passeatas consomem drogas, o que favorece o aumento do narcotráfico e da violência.

Hoje, noticiando um debate sobre a legalização da maconha durante a Bienal Internacional do Livro, no Rio, o Globo registra a reação do músico Tico Santa Cruz, vocalista da banda Detonautas.

O músico acha que o secretário anda muito rigoroso.

A sociedade começa a desconfiar que o narcotráfico só funciona com o dinheiro de seus clientes.

Uns prendem, outros soltam

Toda a imprensa se prepara para a extradição do ex-banqueiro Salvatore Cacciola, preso em Mônaco no final de semana.

Cacciola foi protagonista do escândalo que em 199 deu origem à CPI dos Bancos.

Ele era dono do banco Marka, que junto com o banco FonteCindam, conseguiu do Banco Central um repasse do Banco Central, considerado lesivo ao patrimônio público.

No total de 1 bilhão e 600 milhões de reais, em valores da época, o repasse foi feito para compensar perdas dos dois bancos com a mudança no câmbio promovida logo após a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso.

A prisão de Cacciola aconteceu no sábado. Até a edição de hoje, os jornais ainda não fizeram um retrospecto aceitável do caso, para refrescar a memória dos leitores.

Apenas lembram que o então presidente do Banco Central, Francisco Lopes, foi condenado a 13 anos de prisão por peculato e que a então diretora de fiscalização do BC, Tereza Grossi, pegou seis anos pelo mesmo crime.

Mas eles não foram para a cadeia.

Curiosamente, nenhum dos sete envolvidos foi condenado por ato prejudicial ao funcionamento do sistema financeiro.

Continuam atuando no mercado.

Livres do furacão

Os jornais lembram que Salvatore Cacciola fugiu para a Itália logo depois de haver sido beneficiado por um habeas-corpus concedido pelo ministro Marco Aurelio Mello, que havia assumido interinamente a presidência do Supremo Tribunal Federal.

Hoje, o Globo noticia que o ministro mandou soltar ontem os acusados da Operação Hurricane, apontados como parte de uma rede de corrupção para manter em funcionamento a máfia de caça-níquel.



Questionado sobre o caso Cacciola, o ministro Mello lembrou que o acusado tem o direito de tentar a fuga.

Outra vez, Renan

O presidente do Senado, Renan Calheiros, volta a ser julgado amanhã no Conselho de Ética.
Desta vez, a acusação é de haver intercedido em favor da cervejaria Schincariol junto à Receita Federal e ao INSS para reduzir o valor de multas.

No mesmo período, a Schincariol comprou uma pequena fábrica de refrigerantes do irmão de Renan, o deputado Olavo Calheiros.

A Schincariol pagou 28 mihões de reais pela fábrica de Olavo. Segundo Veja, ela estava para fechar e suas instalações valeriam, no máximo, 10 milhões.

Desta vez, os adversários de Renan e os jornais não estão tão animados. O relator do processo, o senador petista João Pedro, vai propor o arquivamento da denúncia, alegando que não há provas contra ele.

Os opositores do presidente do Senado estão guardando munição para o caso seguinte, que vai tratar da compra de duas emissoras de rádio em Alagoas sem comprovação de origem do dinheiro.

Caixa 2

O noticiário de hoje também prepara o leitor para a volta do caso Valerioduto, aquele que está no centro do chamado escândalo do mensalão.

Segundo o Estado de S.Paulo e a Folha, o governo está preocupado com boatos de que o procurador-geral da República, Antonio Fernando Soluza, vai citar o ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia.

O caso é chamado pelos jornais de ‘mensalão mineiro’, por envolver o então governador de Minas e candidato à reeleição, Eduardo Azeredo, hoje senador pelo PSDB.

O ministro já antecipou que apenas emprestou dinheiro para Azeredo, mas o governo teme que ele seja envolvido no caso das operações financeiras suspeitas realizadas pelo publicitário Marcos Valério.

A denúncia do procurador deve chegar ao Supremo Tribunal Federal nos próximos dias.

O festival de escândalos não tem hora para acabar.