Política e bandidagem
O escândalo dos sanguessugas abre oportunidade para que a mídia aponte claramente à população a diferença entre política, ainda que impura e/ou pouco competente, e bandidagem.
Não é por acaso que a senadora Heloísa Helena, embalada pela cobertura televisiva, sobe nas pesquisas com um discurso mais de agitação do que de proposição.
Buscar a paz
Alberto Dines convida a mídia a encontrar um tom favorável à busca da paz.
Dines:
– A equipe do Jornal Nacional está procurando ser neutra na cobertura da guerra entre Israel e o Hizbolah. Tem correspondentes em Israel e no Libano, os seus textos parecem ser redigidos com cuidado, mas o número de brasileiros ou filhos de brasileiros mortos no Líbano ou a chegada daqueles que regressaram da zona de guerra leva altas doses de emoções contra as represálias israelenses. É inevitável: a solidariedade entre brasileiros acaba sobrepondo-se à busca de neutralidade e do equilíbrio. A grande verdade é que a mídia brasileira, assim como a mídia internacional, ainda não conseguiu encontrar uma entonação verdadeiramente pacificista. Não é fácil: ser pacifista significa não engajar-se em nenhum dos lados. Ou engajar-se na defesa da paz. O pacifista verdadeiro não quer saber os motivos da guerra. Quer acaba com ela.
Sangue brasileiro
A situação é trágica para todas as vítimas da guerra. Mas a tragédia sempre é editada. O Globo dá hoje em manchete de página: “Sangue brasileiro no Líbano”. Esse tom não é usado para noticiar o cotidiano derramamento de sangue brasileiro no Brasil.
Em cartas de leitores na Folha e no Estadão aparece o inexorável anti-semitismo.
Na Folha, Newton Carlos faz um alerta sobre a impotência histórica da ONU em face de diferentes conflitos.
Xerife Tuma
O senador Romeu Tuma escreve hoje na Folha sobre a segurança pública em São Paulo. Concentra-se no ataque ao governo federal. Havia em setores da Polícia paulista a expectativa de que Tuma fosse indicado para substituir Saulo de Castro Abreu Filho no resto de mandato cumprido por Claudio Lembo, seu velho companheiro na Arena dos tempos da ditadura militar.
Repórteres de Polícia
O repórter Bruno Paes Manso, do Estado de S. Paulo, conta como sua vida profissional o levou a conhecer facetas da violência em São Paulo.
Bruno:
– Eu trabalho desde 1992 em redação e nunca tive muita experiência na área policial. Eu só comecei a entrar um pouco mais no tema em 1999, na época em que as chacinas estavam muito altas em São Paulo. Eu trabalhava na Veja e me pediram para fazer uma matéria sobre as chacinas. E eu fui, conversei com alguns matadores, que me deram alguns depoimentos fortes, e que me levantaram mil perguntas na cabeça. Eu decidi mergulhar, escrever um livro sobre o tema, fui fazer mestrado, doutorado, e saí um pouco de redação.
Mauro:
– O livro de Bruno Paes Manso se chama O Homem X (tradução de X Men) – Uma reportagem sobre a alma do assassino em São Paulo. Segundo o professor Roberto Romano, o trabalho mostra “uma realidade sombria e nefasta, que anuncia péssimas horas para os coletivos, grupos ou individualidades nacionais”. (Clique aqui para ler a resenha completa.)
Isso foi profeticamente escrito em janeiro. No domingo passado, Bruno Paes Manso mostrou como um dos chefes do PCC cresceu traficando na Vila Madalena, bairro charmoso de São Paulo.
Bruno descreve como aprendeu a valorizar o trabalho dos bons repórteres de Polícia.
Bruno:
– Eu comecei a gostar muito do assunto e comecei a respeitar muito os repórteres dessa área policial. Às vezes parece que eles são estigmatizados e essa cobertura da área de polícia é relegada a um plano mais baixo nas redações, não tem todo o glamour, ou não tem todo o respeito que um repórter de política, um repórter de economia tem. Mas convivendo com esses temas hoje em dia eu aprendi a valorizar e até tenho uma grande admiração pelo pessoal que trabalha nessa área, pela competência, e pela dedicação mesmo que têm ao assunto, pelo respeito. Talvez é a área que eu hoje mais valorize.
MST na ESG
O líder do MST, João Pedro Stédile, falou ontem na Escola Superior de Guerra. Essa grande pauta de política passou despercebida. Só Ancelmo Gois dá hoje uma nota no Globo.
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