Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Reforçar o Estado laico
>>Folha debate mudanças

Ações e reações


O Estadão publicou ontem um amplo painel das atividades do PCC fora das grades. Não se discute a política de segurança pública em São Paulo. Apenas o secretário Ronaldo Marzagão declara que o grupo está “sob controle”. Hoje o jornal dá a palavra a especialistas segundo os quais a política de assistencialismo do PCC é frágil. Outros constatam a crescente importância do tráfico de drogas em São Paulo.
 
No Rio, prossegue a escalada repressiva. A mídia registra e incentiva uma política que não dá certo há décadas. 


Reforçar o Estado laico
 
Alberto Dines sugere aproveitar a visita do papa para reforçar o caráter laico do Estado no Brasil.
 
Dines:
 
– Terminou a temporada pontifícia, mas se a mídia, sobretudo a mídia impressa, souber reaproveitar os temas que afloraram nos últimos dias, poderá produzir uma pauta capaz de contrabalançar o pauperismo da atual discussão política. Estado laico, separação entre Igreja e Estado, concordata com o Vaticano, eram questões reservadas às altas esferas e agora estão na agenda cotidiana. Mas não se pense que elas dizem respeito apenas à Igreja Católica. A defesa do laicismo interessa também – e muito – a todos os que assistem ao loteamento desenfreado da nossa mídia eletrônica por confissões religiosas. A separação entre Igreja e Estado não deve confinar-se às pressões para oficializar o ensino religioso nas escolas públicas deve transbordar obrigatoriamente para o Congresso onde já desfilam se exibem partidos religiosos monolíticos empenhados em fomentar a intolerância. A crítica do papa Bento XVI à erotização da mídia não se refere ao jornalismo, mas à teledramaturgia que galvaniza as audiências graças a uma apelação sexual barata. Não é todo o dia que temos um papa observador da mídia, vale a pena aprofundar suas provocações.


Folha debate mudanças
 
Dias antes da morte de Octavio Frias de Oliveira, publisher da Folha de S. Paulo, Otavio Frias Filho, diretor de Redação do jornal, deu ao Observatório da Imprensa entrevista em que anuncia a realização de uma pesquisa para orientar mudanças na Folha.
 
Otavio Frias Filho:
 
– O jornalismo vive um momento difícil, por conta de uma superoferta de informação, sob modalidades as mais diversas e por conta de uma competição crescente dessas informações pela atenção e pelo tempo do leitor. Essa crise pode ser muito fecunda. Pode apontar caminhos novos, forçar mudanças que possam ser úteis para a sociedade. Nós temos discutido muito essa situação internamente. Eu acho que mídia vive hoje um período de muito debate interno a respeito dos caminhos do jornalismo, de como preservar o jornalismo dito de qualidade, o jornalismo que ambiciona manter certos compromissos em relação à qualidade em um ambiente de competição crescente, inclusive com meios que trafegam numa zona cinzenta entre o jornalismo e o entretenimento. Temos discutido muito isso, vamos fazer uma pesquisa grande de hábitos de mídia junto ao leitor da Folha neste ano – já fazia seis anos que não realizávamos uma pesquisa dessa envergadura –, e estamos procurando acompanhar o debate internacional a respeito da coexistência das duas plataformas – a impressa e a eletrônica. Tem sido um período de muita mudança e a Folha tem mudado. Não tem mudado de uma maneira impensada ou precipitada, mas, nos últimos anos, a Folha tem mudado bastante.
 
Mauro:


Clique aqui para ler a entrevista completa de Otavio Frias Filho.


Vitória das redes de TV
 
O coordenador de relações acadêmicas da Agência de Notícias dos Direitos da Infância, Andi, Guilherme Canela, diz que o Ministério da Justiça não explicou por que suspendeu dispositivos da portaria que regula a classificação indicativa na televisão, vigente desde ontem.


Canela:
 
– Não fica claro pela nota do Ministério da Justiça qual foi o fato novo que colocou a necessidade de se prorrogar a discussão por mais 45 dias, sendo que esse é um assunto que vem sendo debatido de forma ampla e democrática, com a participação de todas as partes interessadas, inclusive das empresas, nos últimos três anos. Todos os pontos que estão sendo prorrogados, e incluídos nessa seqüência de discussão, foram amplamente debatidos. Inclusive foram sujeitos a uma consulta pública de que 10 mil pessoas participaram. Então, fica um questionamento. Nós não conseguimos ainda compreender, pela nota que o Ministério divulgou, o que aconteceu de novo que demanda essa rediscussão.


Clique aqui para ler a entrevista completa de Guilherme Canela. 


Batalha antietílica
 
A próxima grande batalha anunciada entre governo e mídia é em torno da publicidade de álcool. O jornal Valor mostra hoje como o governo pretende entrar firme no assunto.