Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Tudo faz sentido
>>Exploração da insegurança

STF revive “mensalão”


O “mensalão” voltou a existir oficialmente. Não é intriga da oposição nem invenção da mídia: é ação penal aberta pelo Supremo Tribunal Federal.


Mangabeira e 2014

Só o jornal Valor explica hoje a nomeação de Mangabeira Unger para uma secretaria de ações a longo prazo: preparação da candidatura de Lula em 2014. Mas se Lula deixar Mangabeira opinar em política, corre risco.


Tudo faz sentido

Alberto Dines diz que os jornalistas têm a missão de articular e dar sentido a fatos que parecem desconexos.


Dines:


– “Um morto na esquina é mais importante do que 100 mortos nos antípodas”, este é um axioma que no passado vigorava sem contestações nas redações dos nossos jornais. Apesar da globalização, o conceito parece inalterado. Pelas manchetes dos jornais de ontem,  o leitor continua mais sensível ao que acontece perto dele. Assim, dos três jornalões nacionais, “O Globo” e o “Estadão” preferiram destacar a batalha campal ocorrida na véspera no Catumbi, zona central do Rio, enquanto que a “Folha” preferiu a solução salomônica: colocou a chacina na universidade da Virginia ao lado da  insurreição que toma conta das nossas cidades. O segredo do bom jornalismo consiste em recusar as tais “escolhas de Sofia” e encontrar maneira de atender a todas as necessidades do seu público. O massacre no campus de Blacksburg não é um fenômeno isolado, americano, é um fenômeno do nosso tempo em que um jovem perturbado inventa pretextos ditos “políticos” para justificar os seus instintos mórbidos. Aconteceu no outro hemisfério, mas não esqueçamos do jovem estudante paulista que há poucos anos, dentro de um cinema, saiu atirando nos espectadores com uma submetralhadora. A batalha do Catumbi, na qual aparentemente só morreram bandidos, deve ser entendida como advertência: os narcoterroristas começam a sentir a reação do Estado, estão desesperados. Não vão conformar-se e, tal como o estudante de letras na Virgínia,  parecem dispostos a tudo. Em dias sombrios como  os nossos, os jornalistas desempenham papel crucial: só eles conseguem mostrar que tudo importa e, por isso, tudo faz sentido.


Ficha limpa


Editorial do Globo de hoje diz que o comando da segurança pública do Rio tem ficha limpa, com uma ressalva: “salvo informações em contrário”. Esse é o estado a que se chegou. E não é paranóia do jornal.


Exploração da insegurança


Josmar Jozino, autor da reportagem que deu manchete ontem no Jornal da Tarde: “Três vezes mais PMs no ´bico´do que nas ruas” de São Paulo, defende a continuidade da apuração jornalística. O comando da Polícia Militar paulista não quis comentar os dados que Jozino obteve: enquanto 5.250 homens fazem policiamento, 15.750 estão em serviços extras, como segurança de bingos e igrejas, para complementar o salário.


Jozino:


– A minha opinião como jornalista e cidadão: acho que tem que continuar com as reportagens desse tipo e até continuar mais, porque comentam que delegados, coronéis, oficiais da Polícia Militar têm até empresa de segurança e eles mesmos recrutam o policial, que é treinado pelo Estado, para trabalhar para essas empresas. É a segurança privatizada, mesmo. Dá para entender quanto mais aumenta a violência, quanto mais assalto, mais seqüestro, mais latrocínio, esse pessoal acho que ganha até mais dinheiro.


Mauro:


– Em alguns casos, os serviços de segurança privada são prestados para atividades irregulares e até criminosas, como na Galeria Pagé, conjunto de lojas no centro de São Paulo onde periodicamente é recolhido material contrabandeado.


Jozino:


– Eu já fiz matéria num outro jornal onde eu estava, o Diário de S. Paulo, e constatei que um sargento e um soldado montaram uma empresa de segurança. Lá mesmo eles recrutavam os policiais para o ´bico´. Para trabalhar sabe para quem? Lao Kim Chong. Dezenas de policiais eram seguranças dele, faziam escolta para ele, para as atividades dele, e eram recrutados lá mesmo, montaram uma empresa lá dentro. Depois, a Corregedoria da PM investigou e parece que esses policiais foram afastados e punidos.


Mauro:


– Lao Kim Chong é apontado pela polícia como representante da Máfia chinesa em São Paulo. Está preso.


PCC cobra


A imprensa paulista noticia a sucessão de assaltos a bancos na capital mas não informa sobre a provável causa: aumentou a mensalidade que o PCC cobra de seus filiados fora das grades.


Bucci deixa Radiobrás


Eugênio Bucci deixa a Radiobrás. Seu substituto era até então seu principal auxiliar. Bucci vai participar do debate sobre a nova TV pública e descansar antes de voltar ao mercado jornalístico.