Folha aceita crítica
A Folha pratica hoje um ato de grandeza jornalística ao publicar artigo em que o advogado Sergio Bermudes critica em termos candentes reportagem que saiu domingo na própria Folha. Nessa reportagem se reproduziam insinuações de procuradores federais de que o ministro do Supremo Gilmar Mendes daria um voto, a respeito do fim da lei de improbidade administrativa, motivado por interesse pessoal.
Tvs públicas melhores incomodariam
Alberto Dines diz que os empresários de rádio e TV se queixariam se 250 milhões de reais fossem destinados à melhoria da programação de tevês públicas.
Dines:
– Os jornais de ontem reagiram de forma curiosa à noticia sobre a criação desta estranha entidade que se chamará Rede Pública de TV mas que será na realidade uma TV estatal. Primeira observação: a imprensa divulgou a repercussão mas não comentou nem opinou. Segunda observação: apenas um jornal, no caso o Estadão, através de um entrevistado, deu-se ao trabalho de ressaltar o conflito entre a intenção de fazer uma rede pública e o fato dela ser justamente o contrário, uma rede estatal. Terceira observação: está comprovado que o cidadão médio não sabe a diferença entre público e estatal e a mídia não está interessada em desfazer esta confusão. A quarta observação diz respeito à reação dos empresários de TV: foram os únicos que deram boas vindas a esta TV Pública que não é Pública. E por que? Simplesmente porque os empresários de TV não estão minimamente preocupados com uma rede estatal. Sabem que ela não roubará telespectadores da TV comercial. Mas se o governo resolvesse investir 250 milhões na rede de tevês educativas e culturais os empresários abririam o berreiro porque esta quantia resultaria em grandes melhorias para a programação alternativa que assim roubaria audiências da TV comercial. Conclusões: nem o governo nem a iniciativa privada estão interessados numa rede verdadeiramente pública. Portanto, esta seria a aposta certa em beneficio da sociedade.
“TV Lula”
O deputado Fernando Gabeira, do PV, diz hoje no Estadão que o governo já gasta com publicidade, já tem a Radiobrás e quer agora uma rede digital. Considera isso uma “redundância irracional”. O deputado Gustavo Fruet, do PSDB, põe o carimbo político no assunto: diz que teme a constituição de uma “TV Lula”. Em editorial, o Estadão afirma que a idéia de criar uma TV pública mais consistente não é má em si mesma. Mas recomenda conhecer melhor o que o governo pretende. O noticiário dá conta de que haveria uma absorção da Radiobrás pelo novo projeto. E de que há uma articulação para que Eugênio Bucci, hoje presidente da Radiobrás, se torne presidente da Fundação Padre Anchieta, à qual estão vinculadas a TV e as rádios Cultura de São Paulo.
Pirraça
O Globo reproduz hoje material de agitação publicado ontem pelo prefeito do Rio, Cesar Maia, em seu chamado ex-blogue, no qual compara a nomeação de Tarso Genro para o Ministério da Justiça com a trajetória de dirigentes da polícia política da Alemanha nazista e da União Soviética.
É verdade que a Polícia Federal tem um arquivo monumental de podres e que isso pode ser instrumento de coação política contra políticos, empresas e meios de comunicação, como diz o prefeito.
É verdade que Tarso Genro se comportou indistintamente como militante partidário e como integrante do governo, servidor do Estado brasileiro. (Ver ‘Ministro-militante volta a analisar ´a mídia´‘.)
Mas a comparação feita por Maia é pura agitação, e o Globo só a reproduz para chatear Tarso Genro. Porque, como diz Maia, contrariamente aos países usados na comparação, o Brasil hoje está em regime democrático. Durante as ditaduras, também teve seus ministros ideológicos e policialescos, dos quais o mais famoso foi Francisco Campos, autor da Constituição fascistizante de 1937.
Balbinotti, o volúvel
O deputado federal Odílio Balbinotti, anunciado como futuro ministro da Agricultura, está no terceiro mandato. Em todos os levantamentos sobre atuação parlamentar feitos pela Folha de S. Paulo, levou nota baixa. Em 2002, apareceu numa lista de integrantes de um lobby das concessionárias de automóveis. Balbinotti trocou o PSDB pelo PMDB em 2003, para apoiar o governo Lula. Antes, sob a ditadura, já havia passado pela Arena, depois por cinco outros partidos: PDS, PTB, PFL, PDT e PDC. O PMDB é sua oitava filiação partidária.
Faroeste caboclo
O faroeste se espalha pelo território nacional. No Rio de Janeiro, uma associação de Pms oferece recompensa para quem denunciar assassinos de policiais.
Em Alagoas, a suspeita de que tenha havido participação de policiais no seqüestro de um juiz levou à formação de uma força tarefa de policiais federais, a pedido do governador Teotônio Villela Filho.