Um minuto de silêncio
Dines:
Pela terceira vez em três semanas o ministro da Defesa, Waldyr Pires, apareceu na imprensa para desmentir versões sobre a tragédia da Gol. Essa seria, na realidade, a função de um porta-voz da ANAC ou, na melhor das hipóteses, do presidente da agência reguladora da aviação civil, mas o ministro, com a sua vasta experiência política, deve saber o que está fazendo ao assumir este protagonismo. A falação do ministro Pires contrasta nitidamente com o seu silêncio nos meses que precederam o sacrifício da VARIG. Como se o governo nada tivesse a ver com a extinção ou o encolhimento de um patrimônio público. Agora é tarde: a Varig é hoje um décimo do que já foi. Talvez menos ainda. Mas no momento em que a questão das privatizações invade os palanques eleitorais convém fazer algumas perguntas: por que razão o governo não quis ajudar a VARIG? Não queria parecer privatista? Ao entregar as rotas da VARIG aos concorrentes – inclusive concorrentes internacionais – o governo não dilapidou um patrimônio público e abriu mão do poder do Estado? Com a palavra o ministro Waldyr Pires.
Os ritmos da História
No segundo turno de uma corrida presidencial, o noticiário de dois dias atrás está velhíssimo. Mas um dia isso tudo vai virar história. E então, mesmo na imprensa, o processo de tratamento dos eventos será longo. A editora da revista Nossa História, Cristiane Costa, descreve essa cuidadosa preparação.
Cristiane:
– A gente encomenda um artigo, ou alguém nos sugere. Chega o texto. A gente tem idéia de que vai publicá-lo em breve. Ele passa por uma equipe de historiadores que vai ler o texto, vai apontar eventualmente alguma falha de informação ou algum item que poderia ser acrescentado. Volta para o autor, esse autor manda as complementações. Vai para a reunião de pauta, a gente vai votar se esse artigo vai ser publicado ou não, tem toda uma preocupação de equilibrar a revista entre temas de História Colonial, do Império e da República, para que um tema não seja preponderante. Isso tudo depende da capa. Se essa capa é de História recente, a gente vai tentar fazer com que os os outros artigos sejam da Colônia ou do Império.
Uma vez que eles estejam pautados para aquele número, eles vão para os redatores. Os redatores vão retrabalhar aquele texto, eventualmente reescrever de cima abaixo. Volta para o autor, para ele aprovar, ou não, sugerir mudanças, bater o pé, dizer que não, que aquilo ali ele quer que mantenha, e uma outra coisa está equivocada. A gente prepara o texto, manda de novo para ele, ele dá OK. Aí entra todo um processo de pesquisa iconográfica que leva também por volta de um mês, porque você tem que rodar todas as instituições de pesquisa. É um processo bem demorado. As capas até julho do ano que vem já começaram a ser feitas. Porque você tem que encomendar, a pessoa tem que ter tempo para fazer, eventualmente ela vai fazer uma pesquisa para escrever aquele material… A gente também dá um, dois meses para o pesquisador preparar o material.
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