Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Vício de superficialidade
>>Governo Bush arrocha

Vício de superficialidade


Algo do provincianismo brasileiro está estampado na sucessão de manchetes que acompanham as idas e vindas do caso Varig. Essa hierarquia de prioridades, e o vício cotidiano de dar manchetes em jornais que têm mais assinantes do que venda em banca, mostra como a imprensa, sob a influência da televisão, tende a se afastar das grandes questões de fundo.


Futebol e petróleo


Está em jornais de hoje anúncio oportunista de página inteira da Petrobrás: “2006 é o ano em que todo o Brasil se reúne para comemorar uma grande conquista: a auto-suficiência em petróleo”. A foto é de uma rua enfeitada com bandeira e bandeirolas do Brasil. O recado do governo é o seguinte: a comemoração da conquista petrolífera deve produzir a mesma unanimidade que uma conquista futebolística das chuteiras pátrias. Na próxima etapa, se procurará mostrar que a conseqüência natural dessas conquistas será a reeleição do presidente Lula.


Temporada de patifarias


Campanha de reeleição sem desincompatibilização, como a de Fernando Henrique a agora a de Lula, é, escreve hoje o deputado Delfim Netto, uma tragédia da qual emanam “patifarias políticas e econômicas”. Delfim terá sempre contas a pagar por sua participação exponencial na ditadura militar, mas isso não lhe tira a lucidez.


Governo Bush arrocha


O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, diz que o governo americano usa a segurança nacional como pretexto para apertar a mídia que o critica.


Egypto:


– O governo do presidente George W. Bush aperta o cerco contra a imprensa. Semana passada, o Departamento de Justiça propôs ao Congresso utilizar uma antiga legislação sobre espionagem, dos tempos da Primeira Guerra Mundial, para punir jornalistas que divulguem algum tipo de informação considerada secreta.


O argumento para mais essa investida é o de sempre: a difusão não autorizada de dados reservados põe em perigo a segurança nacional e pode comprometer a eficácia da luta contra o terrorismo. Mas o motivo subjacente está na cobertura a cada dia mais crítica de boa parte da imprensa americana sobre as ações do governo, sobretudo no que respeita ao buraco sem fundo em que o país se meteu no Iraque.


A mais recente história a chocar a opinião pública foi levantada pela revista Time, que descreveu em detalhes a matança de 24 civis, crianças inclusive, perpetrada por fuzileiros navais na localidade de Haditha, em novembro passado. Por essas e outras, a mídia não-alinhada com a Casa Branca parece convencida de que o Iraque está se transformando rapidamente num novo Vietnã. Isto é, no pior dos mundos.


Internet em risco


Editorial do Estadão desta quarta-feira, 14 de junho, alerta para a ameaça contra a internet contida em projeto de legislação do Congresso americano que estabelece pedágio na rede. A internet ficaria parecida com tevê a cabo e grandes empresas de telecomunicações poderiam discriminar financeiramente sites e blogs.


García com Lula


Está subestimada nos jornais de hoje a visita ao presidente Lula do recém-eleito Alan García, do Peru. É manobra contra Chávez, da Venezuela, claro, mas reforça o papel do Brasil no continente.


PCC sacudiu jornais


O repórter Fabio Schivartche, da Folha de S. Paulo, conta como foi a mobilização da redação, um mês atrás, quando o PCC realizou sua ofensiva contra a polícia e outros alvos.


Schivartche:


– A Folha começou a cobertura dos ataques do PCC na sexta-feira (12 de maio) à noite, quando tivemos informação das primeiras rebeliões nas penitenciárias de São Paulo.


Foi no sábado que a equipe, sim, começou a perceber que era necessário que nós, jornalistas, também fizéssemos uma operação de guerra, quase, aqui na redação. Chamaram todos os repórteres da editoria de Cotidiano, que é a editoria que cobre a cidade de São Paulo, e pegaram vários repórteres, redatores emprestados de outros cadernos da Folha de S. Paulo. E havia a redação quase como num dia comum, no sábado e no domingo, cheia de gente, correria, stress no fechamento, um dia normal de uma redação de jornal.


Mauro:
– Fabio Schivartche elogia a cobertura do jornal e acha que agora é necessário insistir em reportagens que mostrem o que causou aquele tipo de ataque. “Investigar o que está sendo feito para combater a desigualdade social e para lidar com a violência”, nas palavras de Schivartche.


# # #


Leitor, participe. Escreva para noradio@ig.com.br