Volta o “mensalão”
Avolumam-se os sinais de que o sistema do “mensalão” está de volta. O deputado José Carlos Aleluia, ex-líder do PFL, denunciou que deputados estão sendo comprados para apoiar o governo. Esse assunto é o destaque de hoje das páginas 3 e 4 do Globo, embora a manchete do jornal, assim como as do Estadão e do Valor, seja o risco de crise financeira acentuado pela bolha do mercado imobiliário americano. Se nenhuma medida foi adotada para modificar os fatores geradores da compra de maioria no Congresso, é previsível que eles produzam os mesmos efeitos.
Luz vacilante
O jornal Valor informa hoje que a energia no Brasil está ficando mais cara e mais poluente e mesmo assim não foi reduzido o risco de racionamento a partir de 2009. Como no caso do mensalão, são reprises de filmes recentes.
Rede de TV do governo
O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, fala da proposta de criação de uma rede de televisão aberta do poder executivo.
Egypto:
Provocou reação instantânea a anunciada intenção do governo federal de constituir uma rede de TV pública. O plano tomou corpo em meio ao noticiário sobre o convite feito ao jornalista Franklin Martins para assumir a Subsecretaria de Imprensa e Divulgação da Presidência da República, em cuja alçada estaria a montagem de dessa rede de TV.
Manifesto assinado pelos presidentes das associações brasileiras de Emissoras Públicas, Educativas e Culturais (Abepec), de Televisões e Rádios Legislativas (Astral), de Canais Comunitários (Abccom) e de Televisão Universitária (ABTU), entregue ao governo na sexta passada, defende “a diversidade de funções, a pluralidade de conteúdos e a multiplicidade de serviços prestados pelos canais abrigados no campo público de televisão”. Para as entidades, estes são valores que “devem ser preservados em qualquer (….) iniciativa de reestruturação da televisão pública” no Brasil.
Este assunto deverá estar na pauta no I Fórum Nacional de TVs Públicas, marcado para abril, em Brasília. Será importante acompanhar este evento: os debates prometem ser quentíssimos.
Mauro:
– A proposta do ministro Hélio Costa é noticiada hoje em tom crítico na Folha. Segundo Daniel Castro, na mesma Folha, as redes privadas de televisão não se opõem à ampliação da presença estatal na televisão aberta. Ela já teria sido negociada no processo de definição do modelo de TV digital e não incomodaria, porque sua audiência será muito pequena.
Águas e votos
Uma dos resumos possíveis do noticiário sobre o projeto de transposição das águas do Rio São Francisco seria o seguinte. Primeiro, as obras são reservadas a empreiteiras brasileiras. Segundo, os gastos são estimados em 6,5 bilhões de reais; se acompanharem o que aconteceu com as obras do Pan, para dar o exemplo mais recente, o valor pode ser várias vezes maior. Terceiro, o cronograma oficial dos trabalhos vai até 2010, ano da próxima sucessão presidencial.
Fronteira abandonada
O repórter José Casado foi um dos autores, na semana passada, de uma série de reportagens do Globo que tratou de hipotética ameaça terrorista na Tríplice Fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. Ele diz que o interesse nacional brasileiro na região é negligenciado.
Casado:
– O Brasil precisa tomar conta, em termos políticos, da sua fronteira. O caso da fronteira Brasil-Paraguai-Argentina, região conhecida como Tríplice Fronteira, é emblemático. A política externa brasileira para essa área foi entregue à Receita Federal e à Polícia. O resultado é que o país perdeu, se algum dia teve de fato, a percepção política naquela área. Trata-se de uma omissão clara do Estado brasileiro. Um exemplo gritante, cristalino dessas distorções, por omissão brasileira, é o fato de que o Paraguai, que é sócio do Brasil, da Argentina e do Uruguai no bloco que é conhecido como Mercosul importou mais mercadorias da China, no ano passado, do que do Brasil. E o detalhe relevante nessa história é o seguinte: o Paraguai não tem relações diplomáticas com a China.
Ver também ‘No faroeste de Foz do Iguaçu há 45 anos‘.
Tragédia dá ibope
Os sucessivos tiroteios que vitimam crianças em capitais brasileiras são um sintoma de que o aparelho policial não consegue mais controlar a violência. Pelo menos não em benefício de uma maioria da população. A mídia, completamente desorientada, porque desmoronou o discurso oficial, usa as tragédias para buscar aumento de audiência.