Sai PAC, entra PSP
Será amanhã o debate na Folha de S. Paulo entre os candidatos à presidência da Câmara. O melhor roteiro sobre essa disputa está hoje no jornal Valor, assinado pelos repórteres Raymundo Costa e Cristiano Romero. Diz que o presidente Lula, seja qual for o desfecho, sofrerá uma derrota política. Os jornalistas afirmam que o quadro agora é muito semelhante ao de 2005 e traçam um panorama das possíveis candidaturas petistas à sucessão de Lula. O PT parece menos preocupado com o PAC do que com a PSP, próxima sucessão presidencial.
Palocci conta, Dirceu não contou
Ancelmo Gois informa no Globo que vai sair livro de Antonio Palocci sobre sua passagem pelo governo. Dá editora e data. O livro prometido sobre a trajetória de José Dirceu, a cargo de Fernando Morais, não vai mesmo sair. Na Folha, Morais diz que os originais foram roubados de seu computador. Não foi agora, não. Foi há um ano.
William da Rocinha
William de Oliveira, presidente da União Pró-Melhoramentos da favela da Rocinha, no Rio, é um personagem notável. Na quinta-feira da semana passada (18/1) ele foi fotografado, sorridente, com a mão no ombro do presidente Lula e ao lado do governador Sérgio Cabral. Dos grandes jornais, só a Folha de S.Paulo informou no dia seguinte que William esteve preso e foi condenado por associação ao tráfico de drogas. Não disse a pena. Sete anos. Ele recorre em liberdade. O Estadão, que publicou a foto, nem menciona o assunto. Idem o Globo.
William dá nó em pingo dágua. Ele elogiou Geraldo Alckmin na campanha eleitoral passada. Pediu votos para a inspetora Marina Maggessi, eleita deputada federal com forte votação na Rocinha. A inspetora Marina foi quem prendeu William. Chamado por Lula, na semana passada, de “presidente”.
Mídia distante do morro
No Globo de hoje, o fotógrafo Marcos Tristão relata sua dificuldade durante o tiroteio com mortes ontem na favela de Vila Cruzeiro, na Penha, onde foi assassinado, há quatro anos e meio, o jornalista da Rede Globo Tim Lopes. É cada vez maior a distância entre a mídia e as comunidades pobres.
História do Paraguai
Nos últimos dias de 2006 jornais brasileiros noticiaram que o bispo católico Fernando Lugo será candidato à presidência do Paraguai em 2008. Ele propõe a revisão dos acordos de Itaipu, que, com razão, considera lesivos a seu país. O Paraguai aparece no noticiário brasileiro de modo esporádico e muitas vezes caricato. O professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Antonio Carlos Peixoto fez em entrevista ao Observatório da Imprensa um retrospecto da História paraguaia que ajuda a contextualizar o noticiário sobre o país vizinho. Seu raciocínio se apóia em características específicas do país.
Antonio Carlos:
– O Paraguai é realmente um país sui generis na América do Sul. Não pela situação geográfica dele, não porque ele não tenha saída para o mar; e não também pelas vicissitudes históricas dele, a Guerra da Tríplice Aliança, que nós aqui no Brasil chamamos de Guerra do Paraguai, com toda a sangria demográfica que daí resultou.
Mas o que caracteriza essa especificidade paraguaia, é o fato de que o Paraguai sempre foi um país não-integrado ao mercado internacional.
Se você olhar para todos os países da América do Sul, por mais ou menos tempo, a partir de um ou dois, em alguns casos até três produtos, esses países se integraram ao mercado internacional. Alguns demoraram mais, como por exemplo, a Venezuela, com petróleo. Já é uma questão do século 20.
O Paraguai nunca se integrou. Nunca houve uma estruturação da economia paraguaia em torno de um produto que desse ao país uma conexão mais sólida.
O Paraguai não conseguiu criar uma estrutura sólida de interesses privados que pudesse organizar de alguma maneira o poder, e que pudesse organizar também uma oposição a isso.
Resultado, o poder no Paraguai é algo que flutua e que não tem nada a ver com o que se passa no país. Historicamente é uma sucessão de ditaduras, umas mais sangrentas do que as outras.
A íntegra da entrevista de Antonio Carlos Peixoto será publicada dentro de algumas horas.
Bolívia em transe
A situação na Bolívia caminha perigosamente para um impasse. O presidente Evo Morales está imprensado entre forças que cobram dele medidas mais radicais e forças conservadoras. Na Bolívia, como se sabe, os impasses são resolvidos militarmente.
Centro e periferia
O Estadão consegue hoje a proeza de saudar o aniversário de São Paulo com um caderno que não menciona nem remotamente algumas das muitas mazelas da grande metrópole. Na Folha, o escritor Ferréz escreve um artigo realista assinado “Do seu filho, Periferia”.