Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Haja repórter, haja leitor
>>Manipulação de pesquisa

Haja repórter, haja leitor


No ano passado um grande desafio para a mídia foi acompanhar uma avalanche de denúncias de corrupção. Em 2006, o desafio é ainda maior. A temporada de denúncias não terminou e o processo eleitoral já invadiu completamente o noticiário. O federal. Mais adiante virá o estadual. Isso sem falar na renovação do Congresso e das Assembléias Legislativas.


Haja repórter, haja editor. E haja leitor.



Manipulação de pesquisa


O Alberto Dines chama a atenção para a gravidade da manipulação da pesquisa do Ibope feita a pedido da IstoÉ.


Dines:


– A manipulação dos resultados da ultima pesquisa eleitoral do Ibope vai virar pizza. E pizza com alto teor tóxico. A revista IstoÉ alega que apenas obedeceu à orientação do ex-governador Garotinho, que pagou a fatura. O governador tira o corpo fora dizendo que não cabia a ele editar a pesquisa. Este jogo de empurra não deve enganar a ninguém. São igualmente culpados: a IstoÉ, que publicou uma pesquisa incompleta e portanto manipulada, o candidato Garotinho, que determinou a manipulação, e o instituto que realizou a sondagem e aceitou sua divulgação parcial.


Este é um caso exemplar que precisa ser levado às últimas conseqüências. Se a Justiça Eleitoral omitir-se estará abrindo caminho para manipulações mais graves e em momentos mais decisivos. Se as entidades que representam as empresas de mídia não repudiarem este tipo de prevaricação estarão incentivando a sua repetição. E se a sociedade como um todo não souber reagir com firmeza, as pesquisas eleitorais podem ficar mais comprometidas e mais suspeitas do que o valerioduto. Pesquisas suspeitas e mídia sob suspeição podem ser mais perigosas do que o fantasma do Caixa Dois.


E para quem deseja relembrar o que aconteceu nestes últimos seis meses convém rever hoje o Observatório da Imprensa, às dez e meia da noite na TVE e às onze na Rede Cultura.


Dois pesos, duas medidas


O redator-chefe da IstoÉ, Mario Simas Filho, declarou que “hoje, dados sobre o segundo turno são mera especulação”. Mas não eram no ano passado. A revista noticiou todas as simulações de segundo turno feitas em 2005 nas pesquisas CNI/Ibope.


Por pura coincidência, o maior beneficiário da omissão da pesquisa sobre o segundo turno foi o ex-governador Anthony Garotinho. A IstoÉ negou que Garotinho tenha pagado a pesquisa.



A crise vista de Goiás


Como a crise do “mensalão” é vista fora do circuito Brasília-São Paulo-Rio?


Cileide Alves é editora executiva do jornal O Popular, de Goiânia. Ela constata, pelas cartas de leitores, que a população considera brandas a investigação e a punição de envolvidos em escândalos de corrupção.


Cileide:


– As pessoas em geral acreditam que houve um mensalão e que isso é uma prática política generalizada. Que político, em geral, rouba, se beneficia. Não tem santo nessa história.


Achar que punir dez pessoas pune o mensalão é ridículo. Para ter mensalão, o governo precisava de maioria. Cadê os outros? A impressão que se tem, e acho que isso fica muito claro para as pessoas, é que o Congresso está passando mel na boca de todo mundo. Pega dez pessoas, pune, entrega, fala: Esses aqui roubaram, o resto fica quietinho, imexível.


Não existe mensalão com dez pessoas. Ou teve, e aí, sei lá, duzentos deputados recebiam, para dar maioria para o governo, ou não teve mensalão.


E essa idéia de que estão tentando encobrir alguma coisa é que fica. Que o Congresso não investigou, não quebrou sigilo bancário de deputado nenhum. As pessoas estão muito incrédulas. Se elas estivessem satisfeitas – Oh, que maravilha, o Brasil mudou, deputados foram punidos, nós vivemos uma nova era…. Não. As cartas, as manifestações continuam sendo de desconfiança profunda no meio político.



JB persegue


Prossegue a campanha covarde do Jornal do Brasil contra o repórter especial do Estado de S. Paulo Lourival Sant´Anna. Hoje o JB aborda novamente o assassinato da jornalista Sandra Gomide por Antonio Pimenta Neves, que foi chefe de Sant´Anna no Estadão. Lourival Sant´Anna nem estava no Brasil na época do crime.



O futurólogo Gates


No blog Good Morning Silicon Valley, de John Pazcowski, a gozação a Bill Gates, dono da Microsoft. Gates disse: Daqui a dois anos, o problema do spam, a correspondência eletrônica indesejada, será resolvido. Foi num discurso no Fórum Econômico Mundial. Há dois anos.