Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Métodos da imprensa
>>Estilos de jornalismo

Criminalização
 
Existe uma espécie de criminalização do noticiário, ao mesmo tempo em que aumenta o volume de informações disponíveis sobre criminalidade. A realidade se infiltra por todos os poros do noticiário.
 
Hoje se noticia que um deputado federal de Minas Gerais é acusado de ter encomendado o assassinato de um colega de bancada. Mas os senadores Renan e Roriz continuarão a ocupar mais espaço, o que não deixa de ter lógica.
 
Métodos da imprensa

 
A polêmica alimentada pelo diretor geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, a respeito de escutas telefônicas, poderia ser aproveitada para que se discutam também  métodos de trabalho usados pelos meios de comunicação, especialmente por noticiários de televisão. Um dos mais notórios é o das câmeras ocultas.
 
Existe uma coerência cultural entre diferentes tipos de espionagem e bisbilhotice que se alastram na sociedade. A polícia usa e abusa dos grampos, políticos, autoridades, empresários e espiões fornecem dossiês, e a mídia freqüentemente se esbalda com eles, sem usar filtros.
 
Disso decorre que os problemas de fundo, e as infrações mais graves, são ocultados por fatos menores que vêm à tona. São retratos ou filmes daquilo que é visível. As conexões permanecem na sombra.


Jovens e bandidos
 
Perfeita a crítica de Nelson de Sá na Folha à maneira como são tratados classe média e pobres envolvidos em ações criminosas. Os rapazes que espancaram a empregada doméstica na Barra da Tijuca são chamados de “jovens”. Os que assaltam mansões no Morumbi são denominados “bandidos”.
 
Estilos de jornalismo
 
Alberto Dines anuncia que o tema de hoje do Observatório da Imprensa na televisão será o confronto de dois estilos de jornalismo praticados por grandes meios de comunicação.


Dines:
 
– Até a semana passada a discussão dentro das principais redações girava entre dois modelos de jornalismo: o “estilo Veja” e o “estilo Jornal Nacional”. O assunto é objeto da urna eletrônica que está na edição do site do Observatório da Imprensa. Os leitores do site até a manhã de hoje mostram uma clara preferência  pelo estilo investigativo do Jornal Nacional, parece que não gostaram muito do estilo mais denuncista de Veja. No entanto, consideram que ambos foram úteis para condenar o senador Renan Calheiros diante da opinião pública. A questão será debatida hoje à noite no Observatório da Imprensa: às onze e quarenta na TV-Cultura e ao vivo, mais cedo, às dez e quarenta na TV-E. Vale a pena conferir.


O STF e a classificação
 
O Supremo Tribunal Federal rejeitou um Ação Direta de Inconstitucionalidade proposta pela Ordem dos Advogados para derrubar a portaria do Ministério da Justiça que regulamenta a classificação indicativa de programas de televisão. As redes de televisão contavam com esse trunfo para pressionar o Ministério da Justiça a desistir do esforço de defesa da criança e do adolescente. Não será surpresa se intensificarem sua campanha contra a medida, em nome da luta contra a censura.
 
Público e privado
 
Juiz de primeira instância decidiu que o vídeo de Daniela Cicarelli e namorado fazendo saliência, como diz Ancelmo Gois, numa praia espanhola pode voltar ao YouTube. O magistrado escreveu que o casal resolveu “trocar intimidades em local não reservado”. A Constituição brasileira defende o direito à privacidade. Seria possível proteger o direito à privacidade de pessoa famosa chamando a atenção em local público?


Rei da fronteira
 
O juiz Paulo Medina, afastado do Superior Tribunal de Justiça, é acusado de ter suprimido trechos de um inquérito para conceder Habeas Corpus a Fahd Jamil Georges, condenado a 20 anos de cadeia por narcotráfico em junho de 2005. Jamil foi solto em janeiro e está foragido. Faltam reportagens sobre as atividades desse personagem, que já foi chamado de “rei da fronteira” entre Brasil e Paraguai.
 
Causação circular
 
A classe média alta e os ricos do bairro paulistano dos Jardins estabeleceram um sistema de vigilância privada em cabines nas ruas. Conta com mais de 100 homens. Isso nasceu há muitos anos, desde que pessoas com recursos, diante da falta de confiança na polícia, resolveram enfrentar o assunto por conta própria. Agora, noticia Mônica Bérgamo na Folha, os seguranças serão obrigados a bater ponto periodicamente numa Delegacia Policial.