Mídia deixou brechas
A mídia reage duramente à transformação do caseiro Francenildo de testemunha em investigado. Reage também à dança com que a deputada Ângela Guadagnin celebrou a absolvição de mais um petista mensaleiro. Guadagnin foi prefeita de São José dos Campos quando surgiram as primeiras denúncias de irregularidades financeiras em benefício do PT.
Essas reações da mídia são necessárias, mas um tanto tardias. Ao longo de 2005 e nos primeiros meses deste ano, repórteres e editores defenderam o trabalho da imprensa na crise de corrupção. Diziam que não havia como acompanhar melhor certos fatos que foram sendo deixados para trás porque os acontecimentos se sucediam numa velocidade inédita. Mas o desafio era justamente noticiar todos os fatos novos sem perder de vista o relevo, a importância, a gravidade, as implicações. Diga-se a favor da imprensa que o circo das CPIs foi um desestímulo e que seria hipócrita tratar como santinhos oposicionistas que agora aparecem de dedo em riste.
Coisa de gângster
No contexto da indignação, a Folha de S. Paulo cita hoje na primeira página frase do presidente da OAB, Roberto Busato. Busato diz que o modo como foi tratado o caseiro “é coisa de gângster”. O mesmo se pode dizer da imagem projetada pela disputa a tapas e bofetões entre deputados do PMDB para registrar listas de apoio ao novo líder do partido na Câmara.
Dirceu e Palocci em sentidos opostos
Enquanto José Dirceu recorre ao Supremo Tribunal Federal para tentar recuperar seu mandato, o PSDB pede o impeachment do ministro Antonio Palocci e os jornais se aventuram pela enésima vez no escorregadio território das previsões sobre a saída do ministro. A lista de possíveis substitutos agora já inclui os ministros Paulo Bernardo e Luiz Fernando Furlan, o ex-ministro Guido Mantega, hoje presidente do BNDES, o senador Aloizio Mercadante e o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal. Prato feito para especulações.
A agenda de Mary Jeanne
Perguntar não ofende: o que foi feito da agenda entregue pela promotora de eventos Mary Jeanne Corner à Polícia Federal, em São Paulo, no ano passado?
Banco suíço
Só a Folha de S. Paulo dá hoje na primeira página chamada para a notícia da prisão, pela Polícia Federal, de um executivo do banco Credit Suisse, sob suspeita de remessa ilegal de dólares e lavagem de dinheiro. Os outros jornais tratam o assunto com discrição.
Publicidade versus jornalismo
A moda maluca dos anúncios publicitários feitos sobre texto apagado de reportagens voltou hoje no Estadão, página 15 do primeiro caderno. É surpreendente que os editores não se manifestem sobre essa agressão simbólica ao trabalho jornalístico. Duas semanas atrás, foi o Globo que circulou com mais essa criação genial de publicitários desavisados.
Cuecas de Fidel
Faz sucesso em Miami, com revelações de cocheira, um antigo auxiliar de Fidel Castro, Delfín Fernández, noticia hoje o Miami Herald. Fernández diz que Fidel Castro não manda lavar cuecas usadas, manda queimá-las, por medo de que ponham algum produto químico mortífero na roupa lavada. O cubano, que agora tem uma empresa de segurança privada, aumenta a audiência de canais locais de televisão sempre que é convidado a falar em talk shows.
Ministro tem pressa
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, persiste no esforço para apressar uma decisão sobre TV digital. Costa deve estar mesmo convencido de que o que parece melhor para as grandes redes de televisão é o melhor para o país, o que nem sempre acontece, para dizer o mínimo. No governo existe um esforço continuado para negociar, seja com japoneses, seja com europeus, uma solução vantajosa.
Presos fazem campanha
Erra quem supõe que criminoso não tem sensibilidade política. A onda de rebeliões em presídios paulistas, agora já com um desfecho sangrento em Jundiaí, foi desencadeada imediatamente após o lançamento da candidatura do governador Geraldo Alckmin à presidência da República.
Política de segurança e situação carcerária são pontos fracos dos governos do PSDB em São Paulo. Como o são em praticamente todos os estados e no plano federal. E não podem ser ignoradas as gravíssimas falhas do sistema judiciário. Mas Alckmin pagará na campanha pelas repetidas rebeliões em unidades da Febem e em prisões.
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