Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Não faltam provas de corrupção
>>TV colaborativa

Não faltam provas de corrupção


Em meio ao intenso noticiário da pré-campanha eleitoral, os instrumentos criados para apurar as denúncias de corrupção não ficaram paralisados. Não produzem manchetes mas ocupam com notável regularidade as páginas de política dos principais jornais. A polêmica dominante continua a ser, como tantas vezes se apontou, em torno da existência do mensalão. Durante o carnaval, a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, voltou a bater na tecla governista: o mensalão ainda não foi provado. O que não quer dizer que não tenha havido corrupção. Com dinheiro público e privado. Praticada por operadores políticos do governo.


Entre campanha e interesse público


Reportagem da Folha de S. Paulo mostra hoje como o governo Lula arma a estrutura da campanha da reeleição. O PSDB e o PMDB ainda às voltas com a definição dos candidatos.


Em entrevista ao Globo nesta quarta-feira, 1 de março, o professor Carlos Pio, da Universidade de Brasília, põe o dedo em duas feridas. Primeiro, diz com toda razão que o problema mais grave do programa petista é a relutância em aprofundar a agenda microeconômica, ou seja, fazer reformas que contrariam múltiplos e arraigados interesses. Depois, prevê que o PSDB não vai abrir mão do ganho eleitoral de criticar a política econômica de Lula, mesmo sendo ela parecida com a que foi adotada no governo FHC.


São dois balizamentos úteis para a cobertura da campanha.


TV colaborativa


O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, fala de uma experiência americana de televisão feita por telespectadores. O formato ainda não chegou ao Brasil.


Egypto:


– Em 1 de agosto do ano passado entrou em operação a Current TV, um projeto de televisão na internet liderado pelo ex-vice-presidente americano Al Gore e pelo empresário hoteleiro John Hyatt. Naquela época, a edição online do Observatório detalhou o modelo de negócio do empreendimento, a primeira grande proposta de mídia colaborativa em televisão.


Qualquer pessoa pode enviar reportagens para a emissora, com duração de um a sete minutos. O site da Current TV dispõe de um “guia de sobrevivência” que dá completo treinamento online aos interessados. Quem escolhe as matérias que serão exibidas é a comunidade cadastrada no site na emissora. Hoje, o seu sinal chega a 20 milhões de famílias americanas que têm acesso ao canal por meio de três cadeias de TV a cabo. O plano é chegar a 50 milhões de lares em 2010.


Faz apenas seis meses que o projeto começou. É uma TV feita também por gente comum, bem diferente dos padrões que conhecemos no Brasil. É o jornalismo-cidadão levado à telinha com todas as funcionalidades da plataforma Web. Quando veremos uma experiência dessas por aqui?


Álcool inconfiável


No passado, a falta de álcool nos postos de combustíveis tirou ímpeto do maior programa de energia alternativa existente no mundo. Agora, quando é cada vez mais patente o ocaso da civilização do petróleo, o programa brasileiro do álcool tem nova chance. Mas, pelo que sinaliza hoje no Estadão o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, os usineiros ainda não aprenderam a lição.


Investment grade


O investment grade atribuído pelas agências de classificação de risco sinaliza para milhares de aplicadores a medida da confiança na economia de um país ou na solidez de uma empresa. A medição não é científica mas esses investidores não teriam como avaliar especificamente o background cada oportunidade que lhes é oferecida. Hoje os jornais noticiam que a Standard & Poors melhorou a nota do Brasil, embora ainda dentro de uma zona desconfortável.


Os jornais estão tão intoxicados de economês que não explicam qual é a vantagem prática dessa mudança de classificação. O Valor diz que a decisão da Standard & Poors “deve facilitar a emissão de mais papéis com juros prefixados, tornando a dívida mais estável”.


“Grau de investimento” é uma classificação que atesta a boa qualidade do crédito de uma empresa ou país. O Brasil ainda paga o preço das moratórias decretadas na década de 1980. Ganhar o investment grade, o que poderá ocorrer em 2007, ou ainda neste ano, não é chegar ao paraíso, mas significará se descolar da imagem internacional de país caloteiro.


Multinacionais da droga


Relatório da ONU noticiado hoje no Globo aponta a importância crescente de carregamentos de drogas com passagem pelo Brasil apreendidos na Austrália, na Nova Zelândia e na África. É mais uma evidência de que o país é utilizado por esquemas poderosos cujo ponto de partida é a produção de cocaína na Colômbia, na Bolívia e no Peru. Algo que os militares brasileiros sediados na fronteira amazônica conhecem razoavelmente bem, e a mídia, dela distante, noticia mal.


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Leitor: participe. Escreva para noradio@ig.com.br.