Notícias do planeta Terra
O noticiário sobre a crise financeira começa a se desvanecer nos jornais, dando lugar às medidas anunciadas por todo canto para evitar que a economia real seja contaminada pela histeria que tomou conta do chamado mercado – o lugar virtual onde se vendem e compram ilusões de lucros mirabolantes.
De volta à vida real, o Estadão traz uma informação divulgada pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente, segundo a qual as emissões de dióxido de carbono, o principal responsável pelo efeito estufa, cresceram a níveis alarmantes nos últimos anos.
Segundo os dados da ONU, o pior cenário previsto era de aumento de 2,7% ao ano, e a realidade mostra que o lançamento de CO2 na atmosfera cresce 3,5% por ano.
Outro aspecto alarmante do levantamento publicado hoje pelo jornal paulista é que a elevação do nível dos oceanos, causada pelo aumento da temperatura nos pólos, está acontecendo mais rapidamente do que se esperava.
Além disso, os pólos da Terra vêm perdendo mais cobertura de gelo nesta década do que nos anos 1990.
E o que isso tem a ver com a crise financeira?
Segundo o Estado de S.Paulo, a ONU está encaminhando a governos e empresas um apelo para que não sejam reduzidos os investimentos nas mudanças tecnológicas impostos pela nova realidade ambiental.
E qual é a realidade?
A realidade é que empresas e governos parecem ter abandonado as preocupações com o futuro comum da humanidade em função de uma crise criada por especuladores.
Nos países ricos, observa o Estadão, os governos enfrentam crescentes reações das empresas privadas em investir nas mudanças dos processos de produção e logística que produzem os gases que estão sufocando o planeta.
Depois da divulgação do relatório sobre mudanças climáticas, em fevereiro de 2007, a imprensa dedicou páginas e páginas a previsões catastrofistas.
Segundo especialistas que se reuniram em São Paulo na semana passada, durante o Seminário Latino-americano de Comunicação e Sustentabilidade, o catastrofismo apenas produziu muita irracionalidade e não ajudou a mudar a mentalidade de governantes, empresários e consumidores.
A gastança, o desmatamento e a poluição continuam.
Agora a conta está chegando.
Separando o lixo do jornalismo
Não é por falta de notícia que a imprensa vai abandonar o caso de cárcere privado que acabou em tragédia na periferia da região metropolitana de São Paulo.
O novo petisco oferecido aos leitores é a acusação de que o pai da adolescente assassinada seria um assassino foragido da polícia de Alagoas.
A história segue adiante, mas os fatos não encobrem os erros cometidos pela polícia paulista e a imprensa não escapa da hipótese de haver contribuido para o final trágico dos fatos.
De qualquer modo, é possível achar bom jornalismo em meio ao entulho.
Luiz Egypto, editor do Observatório da Imprensa:
– A cobertura da tragédia de Santo André galvanizou a atenção da audiência da TV durante toda a semana passada e entrou pela que corre com especiais no domingo, suítes na segunda-feira e direito à transmissão ao vivo do enterro da garota Eloá Cristina Pimentel nos programas matinais de ontem.
Houve exageros? Sim, e muitos. As entrevistas ao vivo com o seqüestrador foram os pontos altos do jornalismo-espetáculo que se praticou a rodo no decorrer do drama. A edição online deste Observatório traz vários artigos sobre o assunto.
O problema é que as derrapadas da cobertura foram tão clamorosas que ficou parecendo que a mídia, em seu conjunto, comportou-se da mesma maneira que seus agentes mais temerários. Muitas das manifestações chegadas ao Observatório vão na direção de, outra vez, jogar pedras na mídia, indiscriminadamente, como se todos os veículos e todos os jornalistas envolvidos no acompanhamento do caso de Santo André tivessem, todos, o mesmo sangue na boca e a mesma compulsão em conquistar a audiência a qualquer custo.
Não é bem assim: em meio a essa barafunda há quem tenha feito a apuração correta, a redação ou narração fidedigna e a edição criteriosa. Um bom exercício, em episódios como esses, é buscar separar o joio do trigo. Isso poderá demonstrar que a boa prática jornalística está muito distante do lixo sensacionalista despejado sobretudo pelas TVs abertas. Ainda bem.