Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

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O corporativismo resiste
O Globo fez a apuração jornalística elementar e deu sozinho, em manchete, a composição bizarra da comissão criada pela Câmara dos Deputados para estudar a reforma política. O jornal menciona na primeira página alguns dos integrantes: Paulo Maluf, Valdemar Costa Neto, Eduardo Azeredo, José Guimarães e Newton Cardoso.

Como se sabe, Maluf escapou da ficha suja e tem seu nome em lista de procurados pela Interpol. Costa Neto foi um dos protagonistas do escândalo do mensalão de 2005. Azeredo está associado ao surgimento do mensalão mineiro, de 1998. José Guimarães, irmão de José Genoíno, era deputado estadual no Ceará quando um assessor dele foi preso com dólares na cueca, no Aeroporto de Congonhas. Newton Cardoso foi governador de Minas Gerais de 1987 a 1990. Em 2009, sua ex-mulher, a deputada federal Maria Lúcia Cardoso, declarou que ele tinha um patrimônio de três bilhões de dólares que incluía cem fazendas e um hotel em Paris.

O corporativismo mostra sua face. Os deputados preferem fazer média entre eles, mesmo aparecendo diante do público como politicamente indecorosos. A imprensa cumpre seu papel de denúncia.


Da revolta à crise humanitária
Não há solução fácil para os movimentos no mundo árabe. Democratas apoiam o fim das ditaduras, entre elas a monarquia da Arábia Saudita. Mas comoções de amplo espectro nesse país tendem a afetar o suprimento mundial de petróleo. Se isso ocorrer, a questão colocada deixa de ser principalmente política e diplomática e passa a ser estratégica.
Vários órgãos da mídia brasileira têm agora correspondentes dentro da Líbia, com uma visão privilegiada dos acontecimentos. Os relatos indicam que está em curso uma terrível crise humanitária.

A guerra civil no país de Kadafi é uma dupla ameaça. Primeiro, pelo preço em sangue, trauma e destruição que poderá ter. Segundo, porque o país pode não sobreviver inteiro.

E a situação toda não foi prevista por ninguém. As reações são improvisadas e seus efeitos, incertos. É uma pauta que veio para ficar por longo tempo em destaque.


Brava mídia local
O programa de ontem do Observatório da Imprensa na TV deu projeção nacional ao importante trabalho da mídia local das cidades de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis durante as trágicas chuvas de janeiro na Região Serrana do Rio de Janeiro. São informações que não apareceram nos relatos da grande imprensa sobre a tragédia. Mostram, além disso, como a marca da destruição ainda é grande em várias áreas desses municípios. O vídeo e a transcrição do programa estarão amanhã no site do Observatório da Imprensa.


Los hermanos leem mais jornal

Luiz Egypto:
– No embalo dos festejos pelos seus 90 anos, a Folha de S.Paulo comemorou, domingo passado, sob o título “Folha lidera venda de jornais no país”, o fato de ter registrado, pelo terceiro mês consecutivo, média de circulação paga acima dos 300 mil exemplares diários. Os dados são do respeitado Instituto Verificador de Circulação (IVC). Com esse feito, a Folha retoma o posto que temporariamente havia perdido para o SuperNotícias, um jornal popular que circula em Belo Horizonte. Entre os maiores diários do país, apenas O Globo registrou queda de circulação, ainda segundo o IVC.

O crescimento da economia brasileira é o maior responsável pela retomada das vendas de jornais. Os reflexos se espalham pelo mercado de mídia como um todo, cujo faturamento publicitário foi de quase 30 bilhões de reais no ano passado, de acordo com o Projeto Intermeios. A mídia TV ficou com 63% desse total.

Os jornais brasileiros ainda têm muito chão pela frente. Compare-se, por exemplo, o nosso mercado ao da Argentina. Lá, com uma população pouco maior que a do estado de São Paulo, apenas o jornal líder – Clarín – vende 350 mil exemplares diários durante a semana e 660 mil ao domingos. Los hermanos ganham de goleada.