O partido do crime escolhe seus candidatos
Os jornais de hoje destacam a prisão de 14 políticos e empresários, na cidade de Campos, Estado do Rio.
O atual prefeito foi afastado do cargo por 180 dias, a pedido do Ministério Público Federal, e teve os bens sequestrados, junto com vinte outras pessoas.
A notícia, destacada em primeira página do Globo e do Estado de S.Paulo, é parte de uma pauta que se desenrola neste momento diante da imprensa, sem que os jornalistas se dêem conta de sua importância.
A quadrilha desmanchada em Campos é acusada de haver desviado 240 milhões de reais dos cofres da Prefeitura, através de fraudes em licitações para a contratação de trabalhadores terceirizados e na promoção de shows.
Parte dos contratos era paga com verba desviada do Programa Saúde da Família, criado pelo Ministério da Saúde e administrado pelos municípios, mas também havia dinheiro retirado dos royalties que o município de Campos recebe por causa da extração de petróleo em seu território.
O noticiário dos jornais é bastante detalhado, reproduzindo relatórios da Polícia Federal e do Ministério Público.
O que a imprensa está frangando é o fato evidente de que não se trata de um caso isolado.
Desde 2004, nada menos do que 14 prefeitos do Estado do Rio foram afastados por crimes variados. É um número muito elevado para não levantar suspeitas de um sistema organizado.
Além disso, fraudes semelhantes se repetem em praticamente todos os Estados brasileiros, em um número assombroso de municípios, o que indica a ação de uma quadrilha com ramificações nacionais.
A pauta que a imprensa ainda não viu é a evidência de que, neste exato momento em que se definem os candidatos a prefeito por todo o País, a quadrilha deve estar se movimentando para emplacar seus aliados.
Trata-se de um verdadeiro Partido Nacional do Crime
O dinheiro da campanha já sabemos de onde vem.
O que não sabemos é o que faz a Justiça Eleitoral para impedir certas candidaturas.
Talvez os jornais devessem estar fazendo essa pergunta agora, antes das eleições.
Os leitores certamente gostariam de ser informados dos antecedentes criminais de candidatos e seus parceiros de negócios.
A imprensa poderia aproveitar o ensejo para explicar como funciona e para que serve a Justiça Eleitoral.
Jornalistas que fazem
No Brasil, o movimento mais recente no mundo dos negócios de comunicação foi a criação dos chamados jornais populares, que já têm quase dez anos.
Na Argentina, um jornalista não conformista movimenta o cenário, cria uma alternativa para os leitores, e aponta um caminho para a renovação da imprensa.
Luiz Egypto, editor do Observatório da Imprensa:
– Com uma tiragem inicial de cem mil exemplares, começou a circular no domingo retrasado (2/3) o diário Crítica de la Argentina, ou simplesmente Crítica www.criticadigital.com, jornal fundado e dirigido por Jorge Lanata, um inquieto repórter e comentarista que já conquistou lugar na história do jornalismo argentino.
Lanata foi um dos fundadores do Página 12, um jornal que nasceu com o espírito contestatório do francês Libération e hoje se transformou no mais oficialista dos jornais argentinos. Criou também a revista Veintiuno e até recentemente foi colaborador do diário Perfil. Em sua nova empreitada à frente de Crítica, fez uma profissão de fé na mídia impressa no editorial de apresentação do novo jornal: ‘As pessoas se informam sobre o que se passa pelos meios eletrônicos, [internet] rádio ou TV, mas entendem o que acontece pelos jornais’. Em sua primeira edição, o jornal se comprometeu a ‘dar a informação que ninguém publica por medo, autocensura ou pressões do poder’. Longa vida à Crítica.
Em Buenos Aires agora são publicados treze jornais diários. Quantos jornais há em sua cidade, caro ouvinte?