O Senado sangra
O senador Jarbas Vasconcelos resume bem, no Estadão, o escândalo mais visível da hora: diz que o Senado está sangrando muito mais do que Renan Calheiros. Jarbas destaca o papel da mídia, que foi essencial no episódio para reduzir a margem de manobra dos interessados em abafar as acusações, até aqui também não comprovadas, de ligação de Renan com a empreiteira Mendes Júnior.
Waldomiro ressurge
Um escândalo esconde outro, como se sabe, mas volta à tona, em reportagem da Folha, o nome de Waldomiro Diniz, protagonista do primeiro grande escândalo do governo Lula, ligado a loterias. O caso estourou no início de 2004.
De Tintin ao Homem Aranha
Alberto Dines anuncia que a figura do jornalista na ficção popular será o tema do programa de hoje do Observatório da imprensa na televisão. Dines:
– A mídia está hoje no banco dos réus, aqui e no exterior. Mas nem sempre foi assim: há quase oito décadas surgia uma história em quadrinhos na Bélgica cujo herói chamava-se Tintin e era jornalista. Vendeu 200 milhões de álbuns em 40 idiomas. Clark Kent, o alter-ego do Super-homem era repórter, o Homem-Aranha é fotógrafo. Significa que o jornalismo já foi visto como uma profissão romântica e o repórter como uma espécie de Quixote que enfrenta o mal. Tintin, o Superman, o Homem Aranha e todos os heróis dos quadrinhos que já foram repórteres vão comparecer ao Observatório da Imprensa para perguntar: mudou o mundo ou mudou o jornalismo? Hoje à noite, na TV-Cultura às onze e quarenta; na TV-E, ao vivo, às dez e quarenta.
Em prol do caixa dois
Cláudio Weber Abramo, dirigente da Transparência Brasil, põe o dedo na ferida, em artigo na Folha de hoje: “O que na verdade muitos pretendem com a proibição das doações privadas legais é esconder as fontes de um financiamento que continuará a acontecer, agora integralmente no caixa dois”.
Armas e bandidos
Ontem apareceu no Jornal Nacional da TV Globo um capítulo importante da criminalidade no Rio de Janeiro, há muito denunciado por autoridades como o ex-presidente do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro Jorge da Silva: a origem das armas que vão parar nas mãos de bandidos é o mercado americano, mediante contrabando via Venezuela, Argentina e, principalmente, Paraguai.
A reportagem só não disse quem vende as armas para o bandidos. Eles não descem de seus redutos nos morros para apanhá-las em depósitos. Em muitos episódios, e essa denúncia é antiga, os bandidos são abastecidos por policiais. Há casos, não raros, em que as armas são tomadas em operações espetaculares e depois devolvidas aos bandidos mediante acertos em dinheiro.
Um cerco como outros
O sociólogo Paulo Baía, ex-secretário de Direitos Humanos do Rio de Janeiro, no governo Rosinha Garotinho, critica as operações que se repetem há cinqüenta dias no chamado Complexo do Alemão.
Baía:
– O que acontece lá é o que tem acontecido sempre. Não há um planejamento policial adequado. Dizer que estão tomando os territórios para o Estado ocupar também não é verdade, porque o Estado já está lá daquela maneira displicente e discricionária com que trata aquela população, e sem objetivos definidos, e com resultados muito baixos. Por exemplo, se o foco é o combate à criminalidade e o fim do narcovarejo naquela região, até agora os resultados são pífios.
Mauro:
– Paulo Baía prevê que o atual conflito terá o mesmo destino de tantos outros no passado.
Baía:
– O desfecho será semelhante ao cerco da Rocinha, que as pessoas, isso eu insisto sempre, a imprensa e nós temos memória curta, nós não refletimos sobre o que nós vivemos há pouco tempo… A Rocinha teve um cerco policial-militar de nove meses durante os anos de 2003 e 2004. A Rocinha, no início dos anos 80, teve um grande cerco – aliás, teve o maior engarrafamento da história do Rio de Janeiro –, que acabou com a morte da presidente da associação de moradores de lá, Maria Helena. As coisas são recorrentes. Qual é o desfecho do cerco do Complexo do Alemão, Penha, Olaria e Ramos? Será o mesmo do cerco da Rocinha, será o mesmo do cerco da Maré. Será o mesmo de todas as demais incursões. Cairá no esquecimento e aquela população continuará tendo a presença do Estado na sua face mais perversa: professores que não querem dar aula porque acham que aquela população não merece ter aula, médicos que tratam mal a população, policiais que tratam mal aquela população. Dizer que o Estado não está lá, não é verdade. O que não está lá é o respeito e a inclusão com direitos daquela população.