Saturday, 28 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

>>Plano rasteiro
>>Brasil, paraíso de raças

Plano rasteiro


Suspeita-se que os resultados finais do PIB de 2005 tenham sido deliberadamente divulgados na véspera do Carnaval para amenizar o impacto político negativo. O IBGE responde que a data estava programa há bastante tempo, o que não impede que tenha sido escolhida a dedo.


Mas a cobertura dos grandes jornais foi ampla, geral e irrestrita. Ficou muito clara a dificuldade de superar um crescimento medíocre, em contexto internacional bastante favorável, o que sinaliza limitações persistentes. Até aqui, o que se prepara para 2006 é uma competição pelo poder. Só isso. O Brasil ainda não tem partidos políticos capazes de levar a discussão a um plano de Estado.



Prazos finais


O método brasileiro de solução de conflitos não é resolver, é adiar. Todos os truques de calendário foram concedidos à Câmara para esticar o prazo de solução dos casos de deputados acusados de corrupção. Duas votações de cassações pedidas pelo Conselho de Ética estão marcadas para daqui a oito dias. Então se começará a saber por onde pretendem caminhar os parlamentares.


Enquanto isso, surgem novas evidências de que o bloco dos mensaleiros é maior do que a lista conhecida de cassáveis.


Dirceu e o advogado


O advogado do ex-ministro José Dirceu, José Luiz Oliveira Lima, diz que não discursou, na sessão de cassação de 30 de novembro, para manifestar seu protesto. O que se noticiou na época foi que Dirceu preferiu fazer sozinho sua defesa.



Depois dos desfiles


Carnaval no Brasil pode ser coisa séria e muito assunto importante é suscitado pelas escolas de samba e pelos blocos, sobretudo os mais politizados. A imprensa registra, como se esses temas não fizessem parte do cotidiano da população. Só que deveriam estar mais na mídia também. E aí temos desde a violência contra a mulher até o poder de bicheiros, sozinhos e em dobradinha com policiais.


Mas muitas pautas empalidecem depois que passam as escolas de samba.



Foi a Praça Onze


Por falar em samba, o boa gente Joaquim Ferreira dos Santos fez no Globo um apanhado de marchas carnavalescos que retratam fatos da História e principalmente da crônica do Rio de Janeiro. Carnaval é período tumultuado e Joaquim trocou a Praça Onze do samba de Herivelto Martins por Praça Quinze, que nunca foi ameaçada de remoção.


O samba dizia:


“Querem acabar com a Praça Onze, não vai ter mais escola de samba, não vai’.



Brasil, paraíso de raças


Certos temas são tratados na imprensa com muita ideologia e pouca informação. Um deles é o das políticas contra a desigualdade racial. Não há a menor proporção, na mídia impressa, entre os atacam e os que defendem a política de cotas para afro-descendentes, por exemplo. Saem com freqüência artigos de ataque e raramente de defesa.


Um dos mais recentes chama-se “A arte de piorar o que já é ruim”, foi escrito por J. R. Guzzo na revista Exame e a certa altura apresenta a seguinte pérola: “O Brasil, com todos os episódios de preconceito, discriminação e falta de respeito em relação a sua população de origem negra, abertos ou velados, é provavelmente o país menos racista do mundo”. E, embalado pela própria retórica, Guzzo ultrapassa todo senso de realidade: “Como se trata de problema que não existe, não na dimensão que se tenta apresentar, está sendo feito todo o esforço possível para criá-lo”.


É isto mesmo: o articulista acha que no Brasil o racismo não existe e estão tentando criá-lo. Será que alguém, em algum momento, já defendeu na revista Exame a política de cotas no Brasil?


Guerras sujas


No México, a abertura de arquivos sigilosos permitiu a uma comissão levantar violências cometidas durante 18 anos pelo Exército e por forças de segurança contra cidadãos no contexto de uma “guerra suja”, especialmente no estado de Guerrero, no sul do país. Ver aqui em espanhol.


Nos Estados Unidos, o The New York Times resolveu processar o Pentágono para ter acesso ao programa de espionagem doméstica mantido pela Agência Nacional de Segurança.


Gripe, médicos e jornalistas


Repartem-se entre médicos e agentes da comunicação social a responsabilidade pela preparação do país para enfrentar uma possível epidemia de gripe aviária, seja apenas entre aves, seja também, esperemos que não, com transmissão do vírus entre humanos. Agora, cabe aos jornalistas uma incansável investigação sobre a qualidade e a eficácia das medidas adotadas pelas autoridades sanitárias. Amanhã, se for o caso, caberá transmitir orientações corretas e evitar a propagação do pânico, que nunca dá bom resultado.


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