Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Programa 11
>> Neonazistas brasileiros
>> Prefeitura paulistana
>> Rumores sobre Correios são antigos
>> Só repercussão, sem apuração
>> População paulista

 

Neonazistas brasileiros

 

Os jornais desta quarta-feira, 18 de maio, estampam evidências de que andaram dormindo nos últimos anos, meses, semanas e dias.

 

Vamos começar pelo que é mais recente. No sábado, três estudantes de Porto Alegre, dois deles judeus, foram agredidos por skinheads neonazistas. O delegado Paulo César Jardim, que prendeu três dos agressores, disse que eles fazem parte de um movimento que tem articulação nacional e é mais forte em Santa Catarina, no Paraná, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

 

Mas, ouvinte, não espere que os jornais de circulação nacional tenham publicado alguma coisa sobre o assunto. E hoje foi divulgado relatório do serviço secreto da Alemanha sobre o crescimento do número de neonazistas naquele país.

 

Prefeitura paulistana

 

Os jornais de São Paulo destacam hoje duas demissões na equipe do prefeito José Serra. Saem os secretários de Saúde, Cláudio Lottenberg, e de Serviços, Maria Helena Orth. Só quem não passa perto da administração paulistana desconhecia os problemas na equipe de Serra. Será que os jornais estão com efetivos excessivamente reduzidos, ou foi mesmo cochilo?

 

Rumores sobre Correios são antigos

 

Há muitos anos comenta-se que há corrupção nos Correios. Foi preciso que interesses contrariados tomassem a iniciativa para que chegassem à mídia revelações sobre a situação dos Correios. Só o repórter João Domingos, do Estado do S. Paulo, escreve hoje uma síntese da cobiça pelos cargos nos Correios desde a redemocratização, em 1985. Os demais jornais se limitaram a ouvir o Ministério Público ou ver as gravações de onde a revista Veja tirou sua história.

 

Só repercussão, sem apuração

 

O Alberto Dines constata que a apuração jornalística dessas denúncias parou. Fala, Dines.

 

Dines:

 

– Mauro, continua a repercussão política do vídeo da propina publicado por Veja. Tudo indica que o barulho ainda vai aumentar. E não poderia ser diferente, porque os políticos estão aí para repercutir, acusar, defender, disfaçar.

 

Política é muito fácil de acompanhar. Basta colocar um microfone na frente de um deputado ou senador e ele não pára de falar. Mas até agora não se viu qualquer desdobramento sobre o caso em si. Como andam as diligências policiais e legais?

 

Empresários podem gravar um vídeo com um flagrante de propina. Mas são os jornalistas que devem levar o caso adiante.

 

População paulista

 

Os jornais demoraram cinco meses para descobrir que, segundo as estimativas da Fundação Seade, a população do estado de São Paulo chegará a quarenta milhões no final de julho. Essa informação estava na internet desde janeiro.

 

A Folha de S. Paulo trata o assunto da maneira mais mirabolante que se poderia conceber. É do arco da velha. O assunto em si tem muitos ângulos relevantes. Por exemplo: o Seade e o IBGE constataram que quem não tem índices de escolaridade adequados enfrenta dificuldade para encontrar trabalho em terras paulistas. Daí o fato de que, entre 1995 e 2000, 1,2 milhão de pessoas chegaram ao estado, mas 884 mil o deixaram, por falta de trabalho, que exige escolaridade.

 

Mas o que fabricou a Folha? Uma correlação entre criminalidade e aumento de população. Dito assim, é uma grande tolice. Parece que a violência atrai migrantes. O que acontece é que há maior crescimento em periferias pobres, onde é mais barato morar, onde o poder público atua com menos eficácia, a escolaridade é mais precária, os empregos são poucos. E não há policiamento adequado. A Folha se meteu a fazer sociologia de araque. Deu nisso.