Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Programa 19
>> Superávit fiscal
>> A França não demoliu a Europa
>> Guerra de quadrilhas no México
>> A velha TV Tupi
>> Vantagens do debate amplo

 

Superávit fiscal

 

O superávit fiscal é manchete no Estado de S. Paulo e na Folha desta terça-feira, 31 de maio. Mas, enquanto o Estado dá um título neutro e atribui o resultado positivo a uma série longa de fatores, como fazem a Gazeta Mercantil e o Valor, a manchete da Folha concentra a explicação na contenção dos investimentos públicos.

 

Em sua reportagem principal sobre o tema, a Folha atribui o superávit fiscal ampliado principalmente ao aumento da arrecadação de impostos e ao lucro dos bancos públicos. Não é o que está na manchete da primeira página.

 

A contenção de gastos, além disso, não é apenas federal, mas também estadual e municipal. Será que isso não deveria ser festejado?

 

Há uma evidente politização dos dados econômicos, embora a Folha tenha tido o mérito de ir além das declarações do Banco Central, que os divulgou.

 

E reafirma-se a validade de uma crítica tantas vezes feita: os jornais trabalham com uma sopa de números e com um jargão do Banco Central que tornam penosa a leitura do material. É uma espécie de ladainha.

 

A França não demoliu a Europa

 

O Alberto Dines constatou que, por falta de novidades sobre a CPI dos Correios, a imprensa começou a semana dramatizando o ‘não’ francês à Constituição européia. Fala, Dines:

 

Dines:

 

– O ‘não’ francês é uma notícia não muito agradável num processo que nos últimos 60 anos tem produzido respostas majoritariamente afirmativas e otimistas. Mas é preciso lembrar que a Inglaterra recusou abrir mão da sua libra e nem por isso liquidou o euro. Não há razão para dizer que o ‘não’ francês colocou em risco ou em xeque a unidade européia. Foi um contratempo, mas não há uma crise. O processo de aproximação dentro do Velho Mundo é inevitável, não será com manchetes dramáticas da imprensa brasileira que ele será detido.

 

Guerra de quadrilhas no México

 

Pois é. E tantos assuntos externos relevantes para o leitor brasileiro são negligenciados pela mídia do país. Neste momento, por exemplo, está sendo travada uma guerra sem quartel entre quadrilhas pelo controle do rendoso tráfico de drogas na fronteira entre o México e os Estados Unidos.

 

De Tijuana, na fronteira de San Diego, Califórnia, a Nuevo Laredo, cidade vizinha a Laredo, Texas, sucedem-se os assassinatos não apenas de bandidos, mas também de policiais, autoridades carcerárias e jornalistas mexicanos.

 

O interesse para o público brasileiro é duplo: tráfico é uma realidade dura que se enfrenta no Brasil. E convém informar os imigrantes clandestinos brasileiros sobre essa barra pesada no norte do México.

 

A velha TV Tupi

 

A Folha e o Estado noticiam hoje o lançamento de um projeto que rememora o Grande Teatro Tupi.

 

Os rolos de gravação de peças memoráveis se perderam, porque a visão curta da época não permitiu entender que importância aquilo tinha na vida cultural brasileira. Os programas eram gravados um por cima do outro.

 

Foi do bom teatro televisivo que a Rede Globo tirou elementos para seu espetacular sucesso nas novelas. Quanto melhor se entender essa gênese, mais se entenderá a televisão brasileira.

 

Vantagens do debate amplo


O Globo

destaca na manchete principal de hoje o prudente recuo do Ministério da Educação em seu projeto de reforma universitária. O horizonte de cumprimento das cotas para negros, índios e alunos de escolas públicas foi levado para 2015.

 

Sabe-se que, diante dos séculos de injustiça e opressão que marcam a história brasileira, e de uma realidade ainda tão adversa, muita gente tem justificada pressa de melhorar as relações sociais.

 

Mas o uso de instrumentos de governo, embora seja decisivo, nem sempre dá os resultados pretendidos. Por isso é necessário debater as questões de vários ângulos, ouvir a palavra de diferentes interlocutores.

 

No caso das cotas universitárias, a mídia está ajudando a promover essa discussão ampla, o que, juntamente com o debate no parlamento, poderá melhorar o projeto.