JB tenta antecipar fala de Jefferson
O Jornal do Brasil desta segunda-feira, 13 de junho, noticia suposto esquema para favorecer empreiteiras na obra de transposição do Rio São Francisco que teria sido combinado com o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, com o assentimento do ministro da Casa Civil, José Dirceu.
O JB baseia-se no que teria dito em almoço na Fiesp, há uma semana, o deputado federal Nelson Marquezelli, do PTB paulista. É o único jornal que tenta antecipar denúncias que o deputado Roberto Jefferson poderá fazer em seu depoimento amanhã, na Câmara.
Só o que convém dizer
A revista Veja desta semana omitiu a prisão, na quinta-feira, dos suspeitos de gravar a fita da propina nos Correios, origem do caso Roberto Jefferson. Não traz uma palavra sobre a motivação e o os métodos usados na produção da fita. Como se quisesse ocultar de seus leitores que a gravação, segundo suspeita a Polícia, foi obtida de modo ilegal.
A informação saiu em todos os jornais e em todas as revistas. Menos na Veja.
Rede Globo põe Jefferson no pelourinho
Cada veículo põe a ênfase onde lhe ditam suas conveniências.
No Fantástico de ontem à noite, a Rede Globo apresentou um perfil crítico do deputado Roberto Jefferson.
Não há dúvida de que é preciso divulgar a biografia de Roberto Jefferson. Mas o Fantástico não quis dar a dimensão da crise enfrentada pelo governo.
Em seguida, o programa disse que perguntou a deputados do PP e do PL se tinham recebido mesada do PT. Dos 108 deputados federais desses dois partidos da base aliada do governo, 90 responderam. E, que grande surpresa, todos negaram ter recebido a mesada, o ‘mensalão’. A iniciativa da Globo vai entrar para o repertório de loucuras jornalísticas que marcam a cobertura de todas as crises políticas no Brasil.
Para coroar, o programa deu a palavra ao ministro da Casa Civil, José Dirceu.
A ânsia de fazer barulho
Do lado dos antigovernistas, o tratamento dado ao deputado Roberto Jefferson é completamente diferente. O Alberto Dines destaca como Jefferson passou, nas páginas da Folha de S. Paulo, de acusado a acusador.
Dines:
– Mais uma entrevista-bomba de Roberto Jefferson à Folha de S. Paulo, desta vez num domingo, e mais uma vez o denunciante, apesar de confessar que não tem provas nem gravações, assume-se como uma espécie de justiceiro. Ele que há três semanas era réu. Não há a menor dúvida de que, mesmo sem provas, o presidente do PTB oferece informações e desvenda fatos da maior gravidade. Mas o instrumento de que se serve é uma mera entrevista, conjunto de declarações, ainda que verossímeis, não necessariamente verdadeiras.
O que mais uma vez chama a atenção deste Observatório é a transformação de algo que eventualmente pode ser um factóide num fato consumado. Isto aconteceu no passado recente e repete-se agora. E como o governo está rigorosamente na defensiva, esta nova saraivada de acusações de Jefferson ganha foros de verdade. O mal desta crise é que tanto o acusador como os acusados podem estar blefando e a imprensa, na ânsia de fazer barulho – só faz barulho.
Ivo Cassol, o repórter
O Estado de S. Paulo de sábado publicou reportagem que denuncia envolvimento do governador de Rondônia, Ivo Cassol, no episódio em que garimpeiros de diamantes foram massacrados por índios cintas-largas.
Ivo Cassol deu uma de repórter há um mês, quando o Fantástico exibiu gravações clandestinas com deputados estaduais que pediam dinheiro em troca de apoio ao governador de Rondônia.
Galeria de governadores
O mesmo Ivo Cassol aparece numa marreta feita junto a governadores pela revista IstoÉ. Entre outros, brilha também no material o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, apresentado como autor de façanhas candangas.