Com Michael Jackson no tribunal
A imprensa-espetáculo sofreu uma dupla derrota no julgamento que absolveu Michael Jackson. Primeira, o juiz não permitiu a entrada da mídia na sala de sessões. Segunda, toda a acusação partiu de num documentário feito pelo jornalista inglês Martin Bashir. A defesa disse que, na edição do documentário, Bashir manipulou declarações de Jackson. O júri concordou com a defesa.
No evento anterior, o caso do jogador de futebol americano O.J. Simpson, a mídia sensacionalista deu o tom e criou padrões que perduraram por longos anos. Esses padrões ecoam ainda em cenas filmadas de helicóptero nos noticiários policialescos da televisão paulista, repetindo os 96 quilômetros de perseguição a Simpson em 1994.
Com Jefferson, mídia na berlinda
O ciclo de apuração específica das denúncias contra Roberto Jefferson e de Roberto Jefferson se inicia nesta terça-feira, 14 de junho, com direito a transmissão ao vivo, como se fosse jogo da Copa do Mundo.
O papel da mídia também estará sendo avaliado implícita ou explicitamente, como afirma o Alberto Dines.
Dines:
– A imprensa está cobrando transparência do governo, mas para que esta pressão seja válida é imperioso que a imprensa torne-se também transparente. Em apenas quatro semanas a mídia apoderou-se das chaves da rinha onde vai se travar o mais importante embate antes das eleições de 2006. Para livrar-se de qualquer suspeição convém que desde já a imprensa aprenda a expor-se, convém que se acostume ao escrutínio. A sociedade não pode ficar alheia aos métodos e procedimentos daqueles que detêm o privilégio de informá-la.
Convém não esquecer que foi no decorrer do caso Watergate que a mídia americana soube retirar o debate sobre a mídia da esfera acadêmica para levá-lo às suas páginas. Se ficar apenas fazendo barulho e praticar o que o Procurador Geral da República classificou de manchetismo, as manchetes perderão credibilidade. É exatamente isso que o Observatório da Imprensa vai discutir hoje, às 22h30, na rede pública de televisão.
Denúncia do JB é ignorada
Foi ignorada pelos demais jornais a informação dada ontem pelo Jornal do Brasil sobre um almoço na Fiesp em que o deputado Nelson Marquezelli, do PTB paulista, teria falado de uma visita de Roberto Jefferson ao ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, para pedir a participação de uma empreiteira nas futuras obras de transposição do Rio São Francisco.
A notícia não foi nem confirmada, nem desmentida. Como se não tivesse existido.
O JB insiste na veracidade da notícia. O Ministério da Integração Nacional publica nota oficial, matéria paga, que desmente o noticiário do Jornal do Brasil. Publica só no JB.
Possível solução para a Varig
O jornal Valor chega mais perto dos problemas de fundo da Varig ao noticiar hoje que o novo Conselho da empresa aérea tenta afastar da gestão a Fundação Ruben Berta.
Ferve a fronteira do México
Tropas do Exército mexicano tomaram de assalto ontem a cidade de Nuevo Laredo depois do assassinato de um chefe de polícia local, na semana passada, e de um tiroteio entre a guarda municipal e agentes federais que investigavam o crime.
Nuevo Laredo é vizinha de Laredo, no Texas. Toda a fronteira do México com os Estados Unidos enfrenta uma onda de ações violentíssimas do crime organizado, em disputa pelo monopólio do tráfico de drogas. Só em Nuevo Laredo morreram desde o início do ano, em conexão com a guerra de quadrilhas, às quais se suspeita que policiais locais estejam ligados, 45 pessoas. Parece pouco para os padrões de São Paulo ou do Rio de Janeiro, mas lá é muito.
Não sai uma linha na imprensa brasileira. Mas a barra pesada afeta milhares de brasileiros que tentam passar ilegalmente do México para os Estados Unidos.
A situação desses brasileiros chegou a freqüentar o noticiário depois da estréia da novela América, da Rede Globo.
Como a novela saiu do radar, a mídia esqueceu o problema.