Linchamento versus impunidade
Ontem à noite, no Observatório da Imprensa pela televisão, o engenheiro florestal Antonio Carlos Hummel, do Ibama, disse que aparecer na televisão e nos jornais algemados foi uma forma de tortura.
Para o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Jr., “nada é pior do que a injustiça célere”. Reale disse que cabe responsabilização perante juízo cível para que os autores da agressão respondam por danos morais.
O professor Muniz Sodré chamou a atenção para o conceito antigo, mas ainda imperante, do que é notícia: algo que representa uma ruptura do cotidiano, que choca, não uma investigação das causas e nexos dos problemas sociais.
Protestos eletrônicos
Um jornal online de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, o Midiamax, protesta contra a corrupção nesta quarta-feira, 29 de junho, com um banner de luto na sua home page.
O Midiamax nasceu de uma empresa que tem painéis eletrônicos na capital de Mato Grosso do Sul. Uma pesquisa revelou que os passantes, especialmente automobilistas, não queriam ver publicidade nos painéis, mas notícias. E assim foi contratada uma equipe de jornalistas, que tornou possível a criação do site, em maio de 2002.
Hoje, os painéis eletrônicos da Midiamax, na principal avenida de Campo Grande, foram desligados às seis da manhã e ficarão até as seis da tarde cobertos com uma lona preta em que está escrita uma mensagem alusiva ao protesto.
Televisão no Iraque
O editor do Observatório da Imprensa na Internet, Luiz Egypto, apresenta os destaques da edição que entrou na rede ontem.
Egypto:
− Difícil pensar em alguma forma de lazer no Iraque. A população vive sob toque de recolher, os museus estão destruídos e os teatros, fechados. Isso sem falar dos atentados diários por todo o país. Pois no Iraque renasceu o hábito e o gosto de assistir televisão. Antes eram três canais, todos estatais. Agora há uma oferta grande de canais por satélite e surgiram emissoras privadas locais, com programas atraentes. A violência ajudou a aumentar a audiência da TV.
No Brasil, a cobertura da imprensa sobre a crise política e os casos de corrupção se mantém à mercê dos suspeitos. As revistas não têm conseguido aprofundar o que já vem sendo noticiado pelos jornais. E, nos jornais, observa-se que boa parte das informações mais quentes está concentrada no que escrevem os colunistas.
Esses e outros assuntos estão na edição online do Observatório.
Lucidez de Chico Buarque
Chico Buarque dá uma boa entrevista ao Estado de São Paulo de hoje. Faz uma síntese de problemas da imprensa. “Há 40 anos (….) ficávamos bêbados em Ipanema dizendo coisas absurdas, mas não saía na imprensa. Hoje, alguém vai ver uma partida de futebol e vem o jornalista lhe perguntar como está a partida. (….) Anuncio que vou escrever um novo livro e passo dois anos dando entrevistas. Depois falo do livro que não saiu”, disse Chico.
Gigantes se enfrentam
Nos Estados Unidos, a fabricante de chips AMD abriu processo antitruste contra a Intel. No Brasil, noticia hoje o jornal Valor, a francesa Danone obtém na Justiça a interdição de margarina e leite de soja da americana Bunge, sob acusação de concorrência desleal.
Nesses conflitos de gigantes sempre vêm à tona informações muito úteis para se entender o mundo dos negócios, que a mídia cobre de modo anêmico.
Nova revolução nas comunicações
A chegada ao mercado do chamado computador popular poderá significar o início de mais uma revolução nas comunicações brasileiras.
O governo estuda também comprar um milhão de computadores portáteis ao preço unitário de cem dólares para distribuir em escolas.
Até aqui, telemática, que é a junção de informática com telecomunicações, foi um fenômeno de classe média no Brasil.
Os celulares pré-pagos mudaram o quadro das comunicações de toda a população urbana.
Numa próxima etapa, a mudança pode vir da televisão digital. Depende do tipo de acesso à internet que ela vai permitir. O governo marcou para fevereiro o anúncio do padrão que será adotado.