As reservas do país
Prospera nos jornais a discussão sobre o que fazer com as reservas do país em moeda forte. No governo Lula, passaram de 37 bilhões de dólares para 86 bilhões. Hoje, elas financiam despesas do governo americano. Aplicá-las em melhoria da infra-estrutura ou em um fundo de estabilização são duas das idéias em circulação.
A folia interminável
Alberto Dines diz que o reinado de Momo, mais uma vez, saiu dos sambódromos e se espalhou pelo noticiário.
Dines:
– O Carnaval acabou no calendário, mas continua na mídia. Por quanto tempo? Isso quem sabe é o governo e o congresso. Mas o governo e o congresso preferem ficar encolhidos para não serem tragados pelo noticiário da folia. Ontem os jornais se ocuparam com a premiação das escolas de samba paulistas. Hoje, a inegável supremacia das escolas cariocas impõe uma pauta inevitável e federal: a vitória da Beija-Flor. A mídia não consegue desprezar um evento com ingredientes tão ricos: espetáculo visual, participação popular, mulher pelada, celebridades, competição. Até o crime organizado respeita o reinado de Momo e não é por medo da polícia nas ruas. No Jornal Nacional de ontem o desastre da safra de grãos no centro-oeste pareceu insignificante. A parceria Chávez-Kirchner na criação do Banco do Sul sequer foi mencionada. Tudo indica que, além de acidentes e enchentes imprevisíveis, só teremos notícias do país depois dos desfiles das campeãs no próximo sábado e do fim do horário de verão. Até lá estamos entregues a uma espécie de unanimidade nacional.
Discutir a violência
Enquanto a imprensa e os noticiários de rádio e TV acompanham com dificuldade a sucessão de crimes e tragédias nas grandes cidades, que não cessaram, e só esporadicamente realizam discussões de fundo, prosperam na internet iniciativas que abrem espaço a discussões mais aprofundadas, como os blogues Repórter de Crime, de Jorge Antonio Barros, no Globo Online, e a escolha do tema Segurança Pública e Violência Urbana no Blogue da Semana da revista Época, onde se lêem opiniões de especialistas. O site Comunidade Segura, criado em agosto de 2006 pela ONG Viva Rio, procura dar um panorama amplo da criminalidade e da violência na América Latina.
Infelizmente, por mais importante que seja a contribuição dos debatedores, eles são quase sempre os mesmos, em pequeno número e excessivamente focados em suas especialidades. Na linha da tentativa de mobilizar a população, o publicitário Nizan Guanaes lançou o site euvoufazeralgo.com.br, com apoio do Viva Rio e do Instituto Sou da Paz, de São Paulo.
Nas prisões
O PCC deu, com uma greve branca sem data para terminar, mais uma demonstração de força nos presídios paulistas.
A visita de Bush
Paulo Totti, repórter especial do jornal Valor que no final do ano passado passou um mês na China e produziu uma série de reportagens, modula a expectativa em face da visita do presidente George W. Bush ao Brasil, mais precisamente a São Paulo, no início de março.
Totti:
– Não me entusiasma muito a vinda do Bush aqui. Não acho que vai mudar o mundo. É mais uma visita de um presidente americano. Desta vez, o presidente americano vindo para cá como necessidade de mudar um pouco da agenda dos Estados Unidos, especialmente a agenda do Bush e do grupo dele, que só transmitida lá como algo relacionado com a guerra do Iraque, a ameaça do Irã, a ameaça, já um pouco esmaecida, da Coréia do Norte, para tentar entrar alguma coisa em relação ao meio ambiente e barateamento do custo do combustível que eles usam na economia americana. Esse eu acho que é o principal aspecto. Ele precisa mudar um pouco a visão americana. Mas muitas vezes isso também não acontece, porque o presidente americano tem uma agenda por semana. E na semana seguinte já passa a ser outra. Essa também, especialmente, foi a minha prática nos Estados Unidos como correspondente lá. Eu fiquei dois anos e meio.
TVs esperam Supremo
A briga das tevês com o Ministério da Justiça em torno da classificação indicativa está em compasso de espera de uma decisão do Supremo Tribunal Federal a respeito de uma ação movida pela OAB contra a medida.
O grande incômodo das redes é com a obrigatoriedade de respeitar os fusos horários em que se divide o território brasileiro. Isso provocará embaraços à transmissão simultânea, filé mignon da estrutura de receitas publicitárias.