Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Programa 9
>> Globo e Garotinho
>> Qualidade da investigação
>> No Fantástico também
>> Newsweek e o Alcorão
>> MST em Brasília
>> Quem é Portugal

 

Globo e Garotinho

 

Foi entusiástica a cobertura dada pelo Globo, no sábado, à sentença da juíza de Campos, Estado do Rio, que poderá tornar Anthony Garotinho inelegível em 2006. A Folha de São Paulo disse mais sobre as implicações políticas da sentença, em dois terços de página, do que o Globo em cinco páginas e meia.

 

Mas o outro lado também é de lascar. No jornal O Fluminense, de Niterói, antiga capital, o assunto nem saiu na primeira página. Como se não existisse.

 

A manipulação é muito maior nas emissoras de rádio. Isso é facilitado pela escassez de jornais. Das vinte cidades do Estado do Rio com mais de cem mil habitantes, só dez têm jornal local. Quase três milhões de pessoas moram em cidades que não têm uma única folha própria.

 

Qualidade da investigação

 

O Alberto Dines se choca com as denúncias de corrupção, mas questiona métodos usados para obtê-las. Fala, Dines.

 

– Mauro: é estarrecedor o ‘vídeo da corrupção’ que a Veja transcreveu na sua última edição. Mostra o que restou do outrora glorioso PTB, mostra a extensão da corrupção instalada no segundo e terceiro escalões, mostra a degradação da ‘base apoio’, o fisiologismo funcionando a pleno vapor.

 

Mas infelizmente desvenda também que o chamado ‘jornalismo investigativo’ continua mamando nas tetas dos interesses contrariados. Está lá com todas as letras: quem fez o vídeo não foram jornalistas, foram os dois empresários na sala de um dos chefões dos Correios. Mas por que fizeram o vídeo? Estavam impregnados de espírito cívico ou simplesmente queriam vingar-se de negócios que não conseguiram fazer?

 

A denúncia é válida, mas é valida também a preocupação com um jornalismo investigativo que depende quase que exclusivamente de corruptos mal-sucedidos.

 

No Fantástico também

 

Mauro:

 

– Pois é, Dines. Os jornais desta segunda-feira trazem a informação de que o deputado Roberto Jefferson teria sido chantageado por pessoas que tentaram lhe vender a mesma fita usada na denúncia mostrada pela Veja.

 

O Estado de S. Paulo informa também que o PTB poderá ganhar hoje, em assembléia de acionistas, uma diretoria da estatal Furnas.

 

Os jornais dizem que o governador de Rondônia, Ivo Cassol, do PSDB, mostrado no Fantástico gravando uma tentativa de negociação de propinas, é dono ou sócio de empresas que vencem a maior parte das licitações para determinados tipos de serviços no estado.

 

Newsweek

e o Alcorão

 

A revista americana Newsweek publicou há duas semanas reportagem segundo a qual teria sido achado um exemplar do Alcorão numa latrina da prisão de Guantánamo. Seguiu-se uma onda de protestes em países de maioria islâmica. Agora a revista recua, diz que sua fonte não tem mais certeza. E pede desculpas às famílias das vítimas – no Afeganistão, pelo menos 15 pessoas morreram nos tumultos.

 

O que vale mais, se for necessário escolher: o ‘furo’ ou a apuração responsável?

 

MST em Brasília

 

Olho na cobertura sobre o MST em Brasília, que tem tradição de ser facciosa. Demonizar o MST não vai resolver os problemas que esse movimento cria.

 

Quem é Portugal

 

A entrevista feita pelo correspondente do Estado de S. Paulo em Washington, Paulo Sotero, com o novo secretário executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal, revela fatos importantes que não apareceram quando a nomeação foi anunciada. Naquele momento, final de abril, os jornais se deixaram levar pelo tiroteio da polêmica sobre a política macroeconômica.