A batalha da informação
Os jornais desta segunda-feira de carnaval (7) refletem a batalha da informação em curso na Líbia. Desde o momento em que a revolta popular contra Kadafi assumiu o caráter de luta armada, esse era um desdobramento previsível. Os meios de informação, excetuados os veículos oficiais venezuelanos e cubanos, torcem, em sua grande maioria, pela queda de Kadafi, mas não podem substituir fatos por simpatias.
Limitações do crescimento
A diversidade das manchetes de sexta-feira passada (4) sobre o Produto Interno Bruto de 2010 mostrou como é difícil sintetizar os movimentos do gigante contido que é a economia brasileira. Como se sabe, ela deveria crescer num ritmo acelerado para que a brutal desigualdade social pudesse ser reduzida. Uma possiblidade que não estaria garantida. Seria preciso crescer redistribuindo renda. Mas essa expectativa esbarra em limitações persistentes, que vão desde o déficit público crescente até a péssima educação para o trabalho.
Propaganda intacta
Permanece sem resposta pergunta feita há duas semanas por Eugênio Bucci, colaborador do Observatório da Imprensa, no Jornal da Cultura: haverá, entre os cortes de gastos governamentais, redução das verbas de propaganda dos governos federal, estaduais e municipais? No noticiário relativamente abundante sobre os cortes não apareceu até agora nada a respeito da publicidade oficial.
Carnaval, desengano
Alberto Dines:
– É licito supor que os leitores de jornais e revistas que não viajaram nesta temporada carnavalesca têm tempo para ler, ao contrário do que sucede no resto do ano. Ora, se dispõem de tempo, esta não seria uma oportunidade para cativá-los oferecendo produtos caprichados, com textos ricos e variados? Quando o cliente está disponível não se deve seduzi-lo com atrações? Pois justamente nesta época, por força de uma lógica perversa, os nossos veículos impressos saem esquálidos, magros, sombras do que são. Ontem, domingo, a Folha eliminou o caderno “Ilustríssima” e a “Revista S. Paulo”, o Globo cortou os cadernos “Morar Bem” e “Boa Chance”, o Estadão saiu inteiro embora afetado pela mesma redução no número de páginas e a dispensa de inúmeros colunistas. A imprensa é um serviço público e serviços públicos devem ser disponibilizados em dias úteis ou feriados. Se os políticos aproveitam o feriado prolongado para fugir das suas responsabilidades, se as autoridades procuram esconder-se e os governos funcionam em regime de plantão, cabe à imprensa estrilar, reclamar. Este é o seu papel. Mesmo que esta deserção se repita todos os anos. Os acontecimentos não respeitam o horário nem o calendário, jornalismo é uma atividade contínua, permanente. A dramática situação na Líbia não pode ficar espremida ou minimizada em edições esqueléticas só porque os executivos das empresas jornalísticas concluíram que não vale a pena premiar aqueles que gostam de ler. Numa indústria que assume estar em vias de extinção este descaso só serve para confirmar todas as expectativas e previsões. O pior é que o jornalismo da internet, privado da massa de informações que captura nos impressos, parece ainda mais depauperado e vazio do que o habitual.