Reação ao golpe
Os principais jornais brasileiros, com exceção do Globo, dão destaque na primeira página para a reação geral contra o golpe de Estado que tirou do poder o presidente de Honduras, Manuel Zelaya.
A imprensa também chama atenção para a mudança de padrão no governo dos Estados Unidos e dos demais países do continente, que condenaram a atitude das forças armadas hondurenhas, mesmo que ela tenha sido respaldada pelo Congresso e a Suprema Corte daquele país.
O episódio também revela alguma mudança na orientação da imprensa latino-americana e brasileira, que em tempos não muito remotos costumava embarcar em aventuras militares contra governos eleitos democraticamente.
O fato de Brasil e Estados Unidos se alinharem aos governos de Cuba e da Venezuela de Hugo Chávez na defesa de um presidente eleito, mesmo que seu perfil político não seja propriamente uma unanimidade, revela que finalmente se pode construir uma base acima das divergências que ainda marcam as relações regionais.
Até mesmo o ex-presidente cubano Fidel Castro, que não é propriamente um exemplo de líder democrático, publicou um artigo, citado pela maioria dos jornais, elogiando a manifestação da secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, condenando o golpe e exigindo o retorno de Zelaya à presidência.
A reação contra o golpe é unânime, embora as visões sejam divergentes, destaca em artigo o jornal O Estado de S.Paulo.
Por outro lado, os jornais oferecem amplo espaço para as manifestações das lideranças que representam essas visões divergentes, como o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o venezuelano Chávez e o presidente Lula da Silva.
Ocupada em amenizar os efeitos da derrota nas eleições legislativas do fim de semana, a presidente da Argentina, Cristina Kischner, é a ausência mais notada no noticiário.
No geral, a imprensa está retratando um novo estágio na evolução política da América Latina, com a onipresença norte-americana sendo substituída por um conjunto de lideranças que, se não se entende em alguns detalhes, pelo menos se alinha na defesa essencial da democracia.
Exatamente como se espera dos Estados modernos.
E como se deveria esperar sempre da imprensa, afinal de contas.
O julgamento de Sarney
Os jornais seguem oferecendo coberturas desiguais ao escândalo que tem como epicentro o presidente do Senado, José Sarney.
De longe, o Estado de S.Paulo é o mais persistente na busca de explicitar as responsabilidade do senador maranhense no emaranhado de irregularidades que vem sendo reveladas desde fevereiro.
Na edição desta terça-feira, o Estadão revela que, além de intermediar empréstimos consignados, o neto de Sarney também atua com a venda de seguros para funcionários do Congresso.
De longe, a Folha de S.Paulo, que abriga em suas páginas os artigos semanais de Sarney, é o jornal que mais fica devendo aos seus leitores.
Afinal, a imprensa está agindo corretamente ou o presidende do Senado está sofrendo um linchamento político?
Alberto Dines:
– A imprensa está sendo injusta com o senador José Sarney? A onda de denúncias sobre abusos no Senado Federal pode ser classificada como denuncismo? Ou resultam de rigorosas investigações?
Os jornalistas que criticam o Chefe do Legislativo fazem parte da ‘mídia radical”?
O Observatório da Imprensa foi a S. Luís para conhecer o conglomerado de mídia da família Sarney. Ouviu jornalistas do grupo rival. Ouviu também a cientista política Lúcia Hipólito, os jornalistas Roberto Pompeu de Toledo e Ricardo Noblat, o caricaturista Chico Caruso, os pesquisadores Venício Lima e James Gorgen e também o diretor de jornalismo da TV-Senado, Davi Emerich.
E você poderá fazer perguntas aos jornalistas João Bosco Rabello, chefe da sucursal do Estadão em Brasília, que iniciou a série de revelações e também a Aluízio Maranhão, Editor de Opinião do Globo.
Hoje na TV-Brasil, às 22:40 em rede nacional. Em S. Paulo pelo Canal 4 da Net e 181 da TV-A.