Regulação da mídia
O repórter Sergio Leo informa hoje em coluna no jornal Valor que o governo Dilma não pretende negligenciar o empenho em criar ou estimular novos mecanismos de regulação da mídia eletrônica, entre eles a autorregulamentação. Segundo Leo, as propostas que o governo enviará ao Congresso no segundo semestre estão sendo elaboradas em colaboração com a representação da Unesco no Brasil.
Moacyr Scliar e Benedito Nunes
A morte do escritor e médico sanitarista Moacyr Scliar, em Porto Alegre, está registrada hoje nos grandes jornais. Perda para a literatura e desfalque de um contingente escasso, o dos humanistas. Em agosto de 2003, após a eleição de Scliar para a Academia Brasileira de Letras, Alberto Dines o entrevistou no programa de televisão do Observatório da Imprensa.
Também está nos jornais de hoje o obituário de Benedito Nunes, que morreu em Belém do Pará. Outro importante intelectual e humanista, Nunes era filósofo e estudioso da literatura.
Homens de bens
Em 2004, uma equipe do Globo revelou, numa série de reportagens sob o título de “Os Homens de Bens da Assembleia Legislativa”, o enriquecimento exponencial de deputados estaduais fluminenses. Ontem (27), o Estado de S. Paulo publicou reportagem na mesma linha. Mostra que dezoito presidentes de Assembleias Legislativas são detentores de um patrimônio superior a um milhão de reais. Na edição de hoje, o Estado usa o mesmo método para avaliar o crescimento do patrimônio de deputados estaduais paulistas cujo mandato chega ao fim.
O insubstituível jornalismo
Alberto Dines:
– Acéfala, dividida e ensanguentada por uma guerra civil, a Líbia é, ao mesmo tempo, um paraíso para o repórter de campo e um inferno para o analista. O estoque de relatos sobre os acontecimentos locais é infindável, mas falta uma costura contínua desta avalanche de dramáticos fragmentos. À hora em que estas observações estão sendo feitas (24 horas de domingo, 27/2), é possível montar desdobramentos em todas as direções. A saber: a) fortalecimento do Conselho Nacional transitório reunindo todas as forças anti-Kadafi, b) ação internacional através da Liga Árabe e outros organismos internacionais e c) resistência do tirano líbio com um banho de sangue em Trípoli. Qual destes cenários deverá prevalecer? As novas tecnologias não fazem milagres, não fabricam bolas de cristal. As redes sociais são ferramentas para a difusão de informações – como constata na Veja o presidente do Google – e ferramentas servem para trabalhar a matéria-prima recebida, não inventam conteúdos, são incapazes de analisar, hierarquizar e produzir tendências. Com tantas maquinetas no mercado prometendo mil facilidades ainda não apareceu uma alternativa aos atributos do venerando e insubstituível jornalismo: presença, rapidez, conhecimento. Exemplo: dos grandes veículos apenas a Folha conseguiu oferecer na edição principal do domingo uma razoável soma de informações e análises sobre a condenação unânime da Líbia no Conselho de Segurança da ONU na véspera. A raríssima unanimidade foi certamente orquestrada pela atual presidente do Conselho, a representante do Brasil na ONU, embaixadora Maria Luiza Viotti e indica uma virada de 180º nas posturas e doutrinas do Itamarati. Com manchetes apenas é impossível satisfazer a curiosidade e as reais necessidades do leitor.