Reprovados em ciências
A Folha de S.Paulo e o Globo trazem o assunto em manchete de primeira página.
O Estado de S.Paulo também deu destaque: o Brasil foi reprovado em conhecimento científico, numa prova que avaliou em 2006 o desempenho médio de estudantes de 15 anos.
O teste, chamado Pisa – Programa Internacional de Avaliação de Alunos – é aplicado a cada três anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico que agrupa os países mais industrializados.
Os brasileiros ficaram, na média, em 52o. lugar entre 57 países avaliados.
A prova é feita por amostragem. No Brasil, foram avaliados 9.345 alunos de 390 municípios, em todos os Estados. Participam estudantes de 15 anos de idade, de escolas públicas e privadas, que estejam cursando pelo menos a 7a. série do ensino fundamental.
Aos 15 anos, os estudantes deveriam estar cursando a primeira série do ensino médio, mas por causa da repetência e da evasão escolar, cerca de 30% estão atrasados duas séries ou mais.
Esse atraso se reflete no desempenho avaliado, mas não é a única causa.
O Pisa já foi realizado três vezes, sempre analisando o aprendizado em leitura, matemática e ciências, mas com um foco diferente a cada teste.
Em 2000, com foco em leitura, os brasileiros ficaram em último lugar nas três disciplinas, entre os 30 países avaliados.
Em 2003, com ênfase em matemática, o Brasil apresentou uma melhora em leitura e ciência, entre 41 participantes.
Os jornais de hoje tentam apresentar as razões para essa deficiência.
Aparecem em todos eles os baixos salários dos professores, a falta de laboratórios e equipamentos básicos nas escolas e as carências sociais e de saúde em geral.
Das 149 mil escolas públicas de ensino fundamental no Brasil, apenas 6% ofereciam laboratório de ciências e 14% ofereciam tinham salas de informática quando foi feita a última avaliação.
O Plano de Desenvolvimento da Educação lançado pelo governo em abril prevê que, em 2021, os alunos brasileiros estejam alcançando o desempenho médio do Pisa de 2003.
Ou seja, se tudo der certo, se forem aplicadas as políticas corretas durante os próximos 14 anos, a qualidade média do ensino será aceitável para quem tenha nascido no ano passado.
O Brasil estará preparando a celebração dos duzentos anos de sua independência.
Palpiteiros na TV pública
A criação do conselho curador da TV Brasil, feita pelo Executivo sem consultar a sociedade, começa a provocar dissensões. Os jornais de hoje informam que os partidos da base aliada já se movimentam para garantir mais uma boquinha.
Querem ampliar o conselho para dar ao Congresso o direito de também indicar alguns integrantes.
Os nomes escolhidos provocam divergências e os critérios para sua seleção são discutíveis.
Esse é o tema do comentário de Alberto Dines:
– Na audiência da Câmara Federal, quarta-feira, quando se discutiu a Medida Provisória que cria a TV Brasil (a rede pública de TV), o ministro Franklin Martins declarou que a escolha dos membros do Conselho Curador não levou em consideração a experiência prévia em TV. ‘A idéia não é ter pessoas que fazem TV, mas pessoas que vêem TV, com espírito crítico para o que será apresentado’, disse o ministro. Se o critério foi esse, trata-se de um critério equivocado, mais do que isso – perigoso. Equivale a consagrar a prática do palpite. Nenhum jornal convocaria leitores para participar do seu Conselho Editorial. Ouvir a opinião de telespectadores é uma prática saudável, toda emissora tem grupos de discussão com telespectadores, mas colocá-los como orientadores permanentes de uma rede de TV é um salto no escuro, a não ser que a opinião destes curadores-espectadores esteja destinada ao arquivamento. O Conselho Curador de um veículo de comunicação social deveria ser constituído por especialistas de áreas afins, profissionais experientes, capazes de oferecer aportes qualificados à Diretoria Executiva. Capazes também de prestar atenção a eventuais desvios na questão da autonomia frente ao Poder Executivo. O ex-czar da economia do regime militar, Antonio Delfim Netto, enquadra-se nesta categoria? Quem garante que o ex-super-ministro que controlava o noticiário econômico não vai sofrer uma recaída autoritária?