Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Rever métodos de campanha
>>Mais artilharia a caminho

Rever métodos de campanha


Não há momento mais apropriado para discutir os métodos usados em campanhas eleitorais no Brasil do que o início de uma nova temporada de caça ao voto. No entanto, o noticiário dos jornais a respeito do assunto ainda é tímido.


Seria preciso formar alguns consensos entre especialistas e trabalhar em torno deles. A mídia prestaria um bom serviço ao país se o fizesse.



Fachadas pró-Garotinho


O Globo fez o chamado dever de casa. Conferiu os endereços de quatro empresas doadoras de recursos para a pré-campanha do ex-governador Anthony Garotinho e descobriu que elas não existem. Muita reportagem boa poderia sair de providências que não exigem grandes malabarismos, apenas o feijão-com-arroz da reportagem.



Emprego para quem?


O Estadão desmascara hoje um dos grandes blefes do governo Lula, o programa Primeiro Emprego. Deveria ter criado 260 mil vagas, criou menos de 4 mil.


Mais artilharia a caminho


Alberto Dines chama a atenção para novas revelações do ex-deputado Roberto Jefferson que podem esquentar o noticiário político.


Dines:


– A vida política brasileira vem sendo empurrada nos fins de semana justamente quando o Legislativo e o Executivo estão parados e só se vêm turistas na Praça dos Três Poderes e Esplanada dos Ministérios. Mas os políticos trabalharam intensamente na quinta e sexta para produzir as manchetes que sacudirão o país no sábado e domingo. Os dois últimos fins de semana, no entanto, foram rigorosamente tediosos e tudo indicava que o próximo também o seria graças à inédita sucessão de feriadões. Jornais e revistas saíram normalmente mas as redações trabalharam com meia-força. Exceto na Internet, que não pode parar. O portal Último Segundo lançou ontem à tarde uma bomba que pode colocar mais um importante colaborador do governo no banco dos réus: Ciro Gomes. O autor da denúncia é o ex-deputado Roberto Jefferson, que volta ao ataque afirmando que o relatório da Procuradoria Geral da República só pegou peixinhos e deixou os tubarões de fora. Um destes tubarões seria o ex-ministro da Integração Nacional. Bob Jeff, como agora é chamado, costuma ter boa pontaria e dispõe de um arsenal com munição para muitos fins-de-semana. O próximo feriadão pode ser mais animado.


Manipulação denunciada


O Globo publicou na sexta-feira um artigo assinado por três professores do Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro que desmonta completamente uma pesquisa publicada pelo mesmo jornal cinco dias antes, no domingo retrasado.


Segundo a pesquisa, que deu a manchete da primeira página, 51% dos habitantes deixariam o Rio de Janeiro, se tivessem essa possibilidade.


Alba Zaluar, Antonio Ponce de Leon e Mario Monteiro mostraram que a sondagem, feita por telefone pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Social, apresentava sérias inconsistências. O título do artigo, que o Globo teve a fidalguia de publicar em sua página de opinião, é “Manipulação do medo”.


A dona da voz


Em compensação, a Veja não teve nenhuma fidalguia no caso dos ataques do colunista Diogo Mainardi ao jornalista Franklin Martins. Não publicou carta enviada por Martins, mas publicou duas cartas contra o comentarista da Rede Globo de Televisão. E voltou a dar sinal verde para o denuncismo de Mainardi.


Virtudes chilenas


Em excelente entrevista que a Folha publica nesta segunda-feira, 24 de abril, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, diz que vai manter o imposto sobre valor adicionado nos mesmos 19% atuais. E completa com uma frase que se torna preciosa em período eleitoral, como o que há agora no Brasil e em outros países da América Latina. Abre aspas: “Os candidatos sempre dizem que vão diminuir os impostos. Eu não disse essa mentira”, fecha aspas.


Outro ponto forte do discurso da presidente Bachellet é sua disposição de ouvir as diferentes correntes políticas do país. Ela parte da convicção de que o Chile consegue avançar quando essas correntes convergem na construção de grandes acordos nacionais.


Mas o ponto mais interessante talvez seja uma informação aparentemente singela, extremamente prática: o governo chileno vai criar um fundo estatal para mandar professores de inglês estudar no exterior e trazer mais professores de língua inglesa para ensinar no Chile.


Pé frio


No Peru, o escritor Mario Vargas Llosa pediu apoio ao ex-presidente Alan García para frear a ascensão do nacionalista Olanta Humalla. Vargas Llosa é um bom escritor e um péssimo político. De sua desastrada candidatura à presidência do Peru, em 1990, resultou a eleição de Alberto Fujimori, que passou dez anos no poder, cinco fugido no Japão e hoje está detido no Chile, acusado de corrupção e outros crimes.


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