Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Severino e Aécio
>>Indenizações esquecidas

Severino e Aécio


Saiu discretamente em meio ao noticiário provocado pela reportagem do Globo sobre gastos excessivos com gasolina e viagens na Câmara dos Deputados: quem inventou a mutreta foi Severino Cavalcanti. O presidente da Casa era Aécio Neves.


Crime e ascensão social


Na esteira de outras reportagens do Globo apareceu um assaltante, condenado e preso, financiador da pré-campanha do ex-governador Garotinho. Isso ilustra como se dá o processo de ascensão social e política de criminosos. Aconteceu nos Estados Unidos no início do século passado.



Indenizações esquecidas


Alberto Dines constata que a mídia parou de tratar das indenizações pedidas pelo caseiro Francenildo Costa.


Dines:


– Onde está o caseiro Francenildo? Foi esclarecida a suspeita levantada pelo deputado tucano Jutahy Magalhães de que a quebra do seu sigilo começou na Polícia Federal? E o ministro Márcio Tomás Bastos, vai agora ao Senado explicar o que falta explicar? Fazer perguntas em voz alta é uma das maiores liberdades oferecidas ao ser humano. Só que a nossa imprensa, às vezes, esquece de fazê-las. Neste mesmo assunto, há uma outra pergunta visivelmente eliminada do noticiário no dia seguinte à sua divulgação: como anda o pedido de indenização do caseiro Francenildo à Caixa Econômica e à revista Época? O pedido será mantido? Os advogados do caseiro estão dispostos a enfrentar uma possível ira da mídia que pode tirar o caseiro do pedestal de herói? A edição de hoje à noite do Observatório da Imprensa vai tratar desta e outras indenizações. Às onze da noite na Rede Cultura e antes, às dez e meia, na TV-E.


Fome reduzida


O Jornal Nacional celebrou ontem a queda continuada da desnutrição infantil no semi-árido nordestino. O Globo de hoje dá à notícia um espaçozinho na primeira página. A Folha de S. Paulo também, mas o título e o primeiro parágrafo de sua chamada invertem a percepção, como se não tivesse havido avanços. O Estadão nem considerou o assunto digno da primeira página.


Em 1975, a desnutrição atingia quase 50% das crianças nordestinas. No ano passado, no semi-árido, 6,6%.


Segundo a reportagem, apenas 2,5% estavam com peso muito baixo, indicativo de desnutrição aguda, fome propriamente dita. Um índice muito próximo de 2,3%, limite considerado normal por padrões internacionais.


Essa vitória brasileira é mais importante do que a viagem do astronauta e o estardalhaço petrolífero. Daqui a algumas décadas, essas crianças terão sobrevivido e a era do petróleo estará agonizante.


O discurso de Morales


Quem assistiu ontem à entrevista do presidente da Bolívia, Evo Morales, no programa Roda Viva constatou que governo e empresas brasileiras terão grandes problemas na relação com a Bolívia. Para que haja um diálogo frutífero, antes de mais nada é preciso tentar entender a lógica de Morales. Colocar-se em seu lugar. Mas Morales abusa de chavões, defende um conceito inaceitável de democracia e já responsabiliza por seus problemas políticos setores da imprensa de seu país.


Por aqui, a mídia vai de susto em susto com a Bolívia e outros vizinhos.


Observatório boliviano


O jornalista Carlos Castilho, colaborador deste Observatório da Imprensa, onde escreve o blog Código Aberto, foi a La Paz para a criação do Observatório Nacional de Medios da Bolívia. Castilho relata um pouco do que viu.


Castilho:


– Os dez anos de experiência do Observatório da Imprensa formam um capital único entre as organizações do gênero na América Latina. Todas as outras surgiram muito mais recentemente e têm também, por isso, uma experiência mais limitada. Para os bolivianos foi importante a conversa conosco, porque a gente pôde transmitir para eles todas as dificuldades que vão surgir no trabalho que eles começaram no início de abril.


A realidade da imprensa boliviana é bastante diferente da da imprensa brasileira. Ela é uma imprensa bastante mais limitada, muito mais ideologizada, em função dos conflitos que existem no país. Por isso a tarefa deles é muito delicada, e eles estão conscientes disso, e a gente transmitiu também a nossa experiência de que um trabalho de observação da imprensa dificilmente vai ser recebido com palmas pela imprensa convencional. Normalmente eles se sentem muito desconfiados, até invadidos, quando um observatório começa a fazer um trabalho de seguimento das informações, de identificação de tendências, de apontar erros factuais, ou de tendências, percepções equivocadas.


Clique aqui para ler mais sobre a viagem de Castilho a La Paz.


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