Uma entrevista resume tudo
As linhas essenciais da crise do PT e do governo estão em entrevista do economista Paulo de Tarso Venceslau publicada nesta quinta-feira, 28 de julho, no Estado de S. Paulo. Paulo de Tarso foi expulso do PT em 1998 após ter denunciado um esquema de arrecadação ilícito que teria sido montado por um amigo do hoje presidente Lula, Roberto Teixeira. A entrevista foi feita por Luiz Maklouf Carvalho.
Espetáculo e reflexão
A mídia não questiona a validade das sessões abertas das comissões parlamentares. Parece tão evidente que o povo deve acompanhar absolutamente tudo, usando a tecnologia disponível, que não se pensou nos inconvenientes da criação desse inédito palco, onde se desenrola uma espécie de Big Brother da vida pública e privada.
Ao mesmo tempo, quando as denúncias de corrupção envolvem tantos partidos, a visibilidade, ou seja, aquilo que só a mídia torna possível, dificulta articular um “conchavão” e punir apenas alguns bodes expiatórios.
Clima de “esfola e mata”
O Alberto Dines faz reparos à maneira como o espetáculo das CPIs é interpretado por alguns jornalistas, assunto discutido no programa do Observatório na televisão, que será reprisado no sábado, às oito da noite, na TV-E do Rio de Janeiro e em outras emissoras.
Dines:
− Acho que alguns jornais e jornalistas entraram no clima de “esfola e mata” criado por membros da CPI durante o depoimento de Renilda Santiago, mulher de Marcos Valério. Vamos devagar, gente: ser dondoca não chega a ser crime, ser alienada não constitui ilicitude. Se a mulher de um rico empresário tem um Land-Rover isso não pode ser tomado como prova de enriquecimento ilícito. Mas se o secretário de um partido socialista tem um Land-Rover presenteado por um empreiteiro, isso, sim, é suspeito. Conviria ler no site do Observatório da Imprensa o resumo da intervenção do jurista Dalmo Dallari no programa da última terça-feira (http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=339IMQ013). Ele acha que está havendo um “show inquisitorial” e que a CPI está extrapolando suas funções.
A truculência de Roberto Requião na CPI dos Precatórios de 1996 não apenas contaminou alguns membros da CPI dos Correios mas transbordou para algumas redações. É natural que uma jornalista que trabalha 10 ou 12 horas por dia nos horários mais difíceis fique horrorizada com o tipo de vida e concepções de uma dondoca que se apresenta como “do lar”. Mas este horror no plano humano não pode sobrepor-se aos juízos legais ou morais. Maria Antonieta era uma doidivanas mas isto não justifica que a futilidade deva ser castigada com a guilhotina.
Daslu de armário
As visitas da colunista da Folha Mônica Bergamo aos bastidores da CPI dos Correios renderam, além de bons relatos sobre o comportamento de parlamentares, um furo: ela estampa hoje foto de uma butique clandestina montada no gabinete de um senador. Dentro de um armário.
Panelinhas culturais
Como é tímido o noticiário sobre a política cultural. Hoje, a Folha de S. Paulo publica declarações do ator Celso Frateschi, que foi secretário municipal de Cultura na gestão da prefeita Marta Suplicy, e do atual ocupante do cargo, Carlos Augusto Calil, sobre verbas para o Centro Cultural São Paulo. Cada um diz uma coisa e o jornal apenas reproduz as declarações, sem esclarecer nada. O leitor que decida com qual versão prefere ficar. É noticiário para dois pequenos grupos que conhecem os meandros da política cultural: a panelinha anterior e a panelinha de hoje.
Biblioteca virtual Cervantes
O jornal El País registra hoje o sexto aniversário da Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes, sediada na Universidade de Alicante, Espanha. O site tem mais de 14 mil títulos multimídia, recebeu 200 milhões de consultas e se concebe como ante-sala de uma grande biblioteca digital européia. Uma parte do acervo é em português. O endereço é cervantesvirtual.com.
Fundos de pensão
Uma nota paga publicada hoje pela Previ deveria servir de incentivo para a imprensa fazer reportagens que está devendo aos leitores sobre a governança corporativa dos fundos de pensão das empresas estatais. Eles lidam com bilhões de reais.