Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Um retrato ignorado
>>Lembrando Tancredo

Um retrato ignorado


A edição da Carta Capital desta semana traz uma interessante reportagem sobre a encruzilhada demográfica do Brasil.


A população brasileira está envelhecendo rapidamente, e em duas décadas deixaremos de ser um país predominantemente jovem para nos tornarmos uma nação “supervelha”, como o Japão e a maioria da Europa.


A questão, bem amparada em pesquisas e entrevistas, oferece uma perspectiva para análises sobre o futuro imediato do país muito diversa daquilo que vem sendo oferecido aos leitores pela imprensa em geral.


Em primeiro lugar, a projeção de envelhecimento se soma a previsões de que, já em 2030, a população brasileira deverá estagnar nos 207 milhões de habitantes, apenas 17 milhões acima da população atual.


E a partir daí deverá entrar em processo de encolhimento, o que pode ser um problema num território continental e com grandes áreas de fronteira.


Outra questão é a adequação dos sistemas de saúde público e privado, além do problema previdenciário, representado principalmente pela persistência de sistemas de aposentadorias desiguais, nos quais a maioria paga pelos privilégios de alguns poucos.


Esses temas tocam tudo que se pode imaginar em termos de políticas públicas.


A reportagem de Carta Capital pode inspirar reflexões interessantes e enriquecedoras sobre os assuntos que a imprensa tem destacado na agenda pública, nestes dias em que as principais candidaturas à Presidência da República e aos governos dos Estados estão na rampa de lançamento.


Desde os projetos de obras de infraestrutura até os debates sobre jornadas de trabalho, direitos humanos e educação, tudo poderia estar sendo analisado sob outro olhar se os participantes, o público inclusive, levassem em consideração o futuro do Brasil daqui a duas décadas.


Mas, infelizmente, parece que a ampla reportagem vai circular em âmbito restrito.


Ao contrário do que acontece com as outras revistas semanais de informação, que sempre produzem repercussões nos diários, principalmente quando suscitam escândalo, parece que Carta Capital não é levada em boa conta pelos jornais brasileiros.


Assim como a recente reportagem do Estadão sobre o Mapa da Violência nos Municípios, a questão da encruzilhada demográfica vai repousar nos arquivos.


Por isso se diz que o Brasil não conhece o Brasil. 


Lembrando Tancredo


O Observatório da Imprensa na TV vai discutir um dos episódios mais dramáticos da história brasileira: a agonia e morte de Tancredo Neves.


Escolhido pelo colégio eleitoral para ocupar a vaga de primeiro presidente civil após a ditadura militar, o político mineiro foi internado com fortes dores abdominais na véspera de assumir o cargo, em 14 de março de 1985.


Foram 38 dias de angústia coletiva, alimentada por boatos conspiratórios.


Muito mistério ainda cerca o acontecimento.


O País vivia a expectativa da plena abertura democrática.


Alberto Dines:


– Vinte e cinco anos depois, o reencontro com um dos episódios decisivos da história do pais em novo especial do “Observatório da Imprensa”.


“Tancredo: os bastidores da tragédia” reúne os depoimentos dos jornalistas que acompanharam de perto a eleição, agonia e morte do primeiro presidente civil depois de 21 anos de ditadura militar: Mauro Salles, Antonio Brito, Carlos Marchi, José Augusto Ribeiro, Carlos Tramontina e Sylvio Tendler reconstituem aqueles 38 dias que marcaram o início da Nova República.


Anote, não perca: hoje às 23 horas, em rede nacional pela TV-Brasil. Em S.Paulo pelo canal 4 de NET e 181 da TVA. Pela internet, ao vivo, www. tvbrasil.org.br/observatorio.