Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Visão curta
>>Mídia virou notícia

Visão curta


Estadão e Valor coincidem hoje no diagnóstico de que a situação fiscal vai piorar em 2007. Esse tipo de preocupação estratégica está ausente do debate pré-eleitoral.



Imprensa e urna


O cientista político João Francisco Meira diz no Globo que a mídia não é infalível quando se trata de fazer a cabeça dos eleitores. Cita como exemplos de derrota da imprensa o plebiscito sobre o parlamentarismo, em 1993, e o referendo sobre armas do ano passado. Em 1982, a Rede Globo fez campanha contra Leonel Brizola e ele se elegeu governador do Estado do Rio. E neste 2006 a mídia será majoritariamente contra a reeleição de Lula e ele poderá ganhar.


Mídia virou notícia


Alberto Dines anuncia que a tentativa da mídia de escamotear suas responsabilidades é o tema do programa de hoje do Observatório da Imprensa na televisão.


Dines:


– A mídia está voltando a ser notícia no caso do caseiro Francenildo com o anúncio de uma milionária indenização à Caixa Econômica e à revista Época pela quebra do seu sigilo bancário. A mídia hoje é notícia em toda a parte, em qualquer assunto, esta é uma das marcas do nosso tempo. O que chama a atenção é quando a mídia tenta esconder-se, procurando disfarçar o seu papel nos acontecimentos. Foi isto o que aconteceu na semana passada quando Veja e o Fantástico aceitaram participar da orquestração dirigida pelos advogados para mostrar a assassina confessa Suzane Richthofen como uma pré-adolescente, quase infantil, incapaz de perceber o seu horrendo crime. Por um mero caso, os editores do Fantástico, da Globo, perceberam que poderiam tirar melhor proveito da matéria se divulgassem os trechos em que os advogados instruem Suzane como chorar e como se perturbar. Dias depois, o principal concorrente da Globo, o Jornal da Record, mostrou Suzane acorrentada à parede numa delegacia policial. A verdade é que a mídia está querendo comandar o Circo Richthofen esquecida de que no caso cabe-lhe buscar a verdade com independência e não servir de instrumento dos advogados de defesa. É sobre isso que falaremos hoje à noite no Observatório da Imprensa – às onze na Rede Cultura e, antes, às dez e meia, na Rede da TV-E.


Gaiatice


Uma rádio FM de São Paulo faz concurso sobre Richthofen com sorteio de entradas de cinema. E os responsáveis pela brincadeira declaram à Folha de hoje que não é de mau gosto.



Privilégios


O ministro do Supremo Tribunal Joaquim Barbosa sugere que se acabe com o foro privilegiado para deputados, senadores, ministros de Estado e presidente da República.


O Congresso deveria aproveitar para acabar com o voto secreto em plenário nas decisões sobre punição de parlamentares.


Cobrar essas discussões é uma bandeira que a mídia não deveria arriar.


Minas desconhecida


O editor de Economia do Estado de Minas, Pedro Lobato, explica por que certos fenômenos brasileiros não são compreendidos por uma mídia que se ocupa quase exclusivamente do circuito São Paulo-Brasília-Rio.


Lobato:


– A grande imprensa nacional, sobretudo a imprensa escrita, ainda não acordou para o fato de que o ajuste que ela fez, excessivamente rigoroso, há cerca de oito anos, e que tirou quadros de sua redação que se encarregavam da cobertura das realidades fora do Rio e de São Paulo, hoje lhe custa muito para entender a realidade nacional.


Minas é o segundo PIB do país, segundo colégio eleitoral, segunda maior população, e quando você observa uma tragédia política nacional, ou um grande sucesso nacional, político ou econômico, você vai observar que é impossível não ter traços oriundos de Minas Gerais. E as pessoas no Brasil, sobretudo no Rio e em São Paulo, ficam sem entender o que é aquilo. Por quê? Porque aquela história não foi mais acompanhada.


Uma boa mostra disso é quando você tem que fazer uma cobertura em Minas mandando um enviado especial. Ora, você ter que mandar um enviado especial para um lugar que fica logo ali depois da esquina é porque você está com uma visão de Brasil extremamente pequena e limitada. Isso tem um preço. É você não enxergar direito a realidade brasileira, o tamanho do problema, e muito menos conseguir supor o que está por vir ainda. Você continuará sendo surpreendido.


Mauro:


– Segundo Pedro Lobato, há 30 anos o Jornal do Brasil, o Globo e o Estadão tinham quase 40 jornalistas em suas sucursais. Hoje nem existem mais essas sucursais.


Vale-tudo


No jornal Valor, notícia da agência Bloomberg diz que um deputado venezuelano, Luís Tascon, publicou em seu site a lista dos que assinaram pedido de plebiscito para confirmar Hugo Chávez na presidência. Milhares perderam emprego no governo ou deixaram de ser contratados.


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