Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornais com os dias contados?

Diante da evidente redução de leitorado, editores de jornais estão se dando conta de que os dias dos jornais impressos podem estar contados. Segundo o estudo The Vanishing Newspaper: Saving Journalism in the Information Age (O desaparecimento do jornal: salvando o jornalismo na Era da Informação), de Philip Meyer, da Universidade do Missouri, se as coisas continuarem no ritmo em que estão, o ultimo leitor americano de jornal impresso deixará de existir no ano de 2040.

Desta vez foi o poderoso Rupert Murdoch, presidente da News Corporation, que, de acordo com a revista britânica The Economist [21/4/05], fez previsões pouco otimistas para o futuro dos jornais impressos, e colocou parte da culpa nos profissionais que os produzem. Os editores e repórteres de jornais, segundo Murdoch, ‘muitas vezes pensam que os leitores são estúpidos’. Na sua opinião, o público já não quer ‘uma figura divina para lhe dizer o que é importante’.

Migração online

O contínuo crescimento da internet como fonte de notícias é inevitável. A questão é se as organizações jornalísticas poderão se adaptar a essa situação. A Rede tem a vantagem de permitir publicidade mais segmentada, mas nem todas as empresas serão capazes de aproveitar isso. Os jornais, segundo o megaempresário, precisam entender sua função de provedores de notícias, independente do suporte.

Murdoch destaca a importância dos novos meios interativos de jornalismo, como os blogs. Ele divide os usuários da Rede em dois tipos – os ‘imigrantes’ e os ‘nativos’ –, como forma de diferenciar aqueles que abandonaram os jornais e a geração que já ‘nasceu’ na internet.

A Editor &Publisher [20/4/05] noticia a publicação de um estudo que corrobora as projeções pessimistas para os jornais. Intitulado Abandoning the News (Abandonando as notícias), o trabalho escrito por Merril Brown, editor do MSNBC.com, aponta que apenas 19% dos americanos entre 18 e 34 anos lêem jornais diariamente, contra 12% que não os lêem nunca. Em contraste, 44% deles buscam notícias na internet e 37% acompanham noticiários televisivos regionais. O dado mais surpreendente foi que os entrevistados dessa faixa etária, em geral, disseram considerar os diários tão confiáveis quanto a internet.

Supervalorização?

Reportagem de Jon Friedman para o portal americano MarketWatch [22/4/05] trata justamente da aposta que o Washington Post está fazendo na internet como forma de compensar a diminuição do leitorado da edição impressa.

Nos últimos dois anos, a circulação do diário caiu mais de 5%, enquanto seu sítio cresceu muito e ultrapassou a marca de 1 milhão de leitores diários. O problema da companhia é fazer todo esse tráfego online gerar o lucro que o jornal está deixando de ter.

Seu publisher, Leonard Downie Jr., em palestra na Universidade do Kentucky, alertou para o excesso de expectativa depositado sobre a mídia digital. ‘Algumas pessoas andam dizendo que neste mundo multimídia, de rápidas transformações e extremamente fragmentado, a imprensa tradicional corre o risco de se tornar irrelevante. Não apostem nisso.’