Com 20 anos de presença regular na internet, completados em maio, o Observatório da Imprensa, projeto de crítica de mídia idealizado e encabeçado pelo jornalista Alberto Dines, corre o risco de fechar e pede socorro, via financiamento coletivo.
Nos últimos meses, perdeu suas principais fontes de receita, com o corte dos patrocínios do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, em decisão anunciada em junho pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.
Antes, na virada do ano, já não havia sido renovado o contrato com a Empresa Brasil de Comunicação, da TV Brasil, na qual Dines apresentava um programa semanal do Observatório.
Carioca, 84 anos, Dines foi editor-chefe do “Jornal do Brasil” nos anos 1960 e, em 1975, lançou na Folha a coluna de crítica de mídia “Jornal dos Jornais”.
No início do ano, foi hospitalizado, por doença não divulgada, mas já está em casa, em fisioterapia, e voltou a escrever.
“O Observatório da Imprensa é uma peça de museu”, afirma Dines à Folha. “No conteúdo, formato e feitio, é único, talvez no mundo. Por isso mesmo, peça de museu para ser preservada.”
Acrescenta: “Por enquanto, só pega no tranco. Precisamos de um [caminhão] Mack para alavancar e não deixar morrer tudo o que o Observatório vem semeando nos últimos 20 anos on-line e 18 no ar”.
Em julho, o Projor (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo), associação mantenedora do Observatório da Imprensa, tornou pública a crise financeira.
Ao mesmo tempo, lançou uma campanha de “crowdfunding” (financiamento coletivo) no dia 8 de agosto, junto com o editorial “O Observatório da Imprensa pede socorro”, fixado desde então no alto do site.
Nele, informa que o trabalho “está ameaçado de desaparecer” e o esforço agora é para “manter o Observatório vivo e operando”.
No site de “crowfunding” Kickante, acrescenta que o financiamento coletivo visa “bancar os custos de produção do site, hospedagem e administração”.
O endereço é kickante.com.br/campanhas/crowdfunding-observatorio-da-imprensa
Até o momento, o Observatório arrecadou pouco mais de 10% da meta de R$ 250 mil, na campanha a ser encerrada no início de outubro. Outras fontes de receita estão sendo aventadas, como fundações filantrópicas.
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Nelson Sá é jornalista e colunista do jornal Folha de São Paulo