‘Inumeráveis são as narrativas do mundo.’ (Roland Barthes)
Os problemas da narrativa são questões que abraçam o mundo. A primeira tarefa, neste caso, é a de redimensionar o espaço que se pretende dar aos problemas relacionados à narrativa. Temos diante nós o convívio nem sempre pacífico entre o modelo tradicional da narrativa e os modelos híbridos, ou não-lineares, ou rizomáticos.
A primeira questão relacionada à narrativa tradicional se refere ao seu próprio nome. Por que ela é tradicional? Basicamente porque afirma uma série de instituições em crise. O controle ou o descontrole que constatamos quando observamos a atuação das instituições, que deveriam zelar pelo controle social dos crimes, da corrupção, da fé, dos direitos elementares e por aí afora. A narrativa tradicional protege alguns princípios básicos que também estão em crise: o controle e a autoria são dois importantes vetores que saúdam o modelo linear. O controle é definido pelo modelo autor/obra/leitor, nesta ordem hierárquica. Definem o pleno controle do autor sobre a obra e, sucessivamente, o controle da obra sobre o leitor.
A estética da recepção
Desamparado, ao leitor resta a leitura como realização individualizada. Como uma dádiva divina, ao leitor resta admirar a autonomia da obra materializada por intermédio da genialidade do autor. O modelo do controle também é um modelo doutrinador, pois pressupõe um tipo de aceitação (conhecido por meio daquele movimento de abaixar a cabeça como expressão da fé) típico dos manuais que encerravam as verdades sobre os seres e as coisas.
Parte da doutrina advogada por este tipo de narrativa advém da segurança dos conteúdos apreendidos durante e depois da leitura, sobretudo porque o leitor levantava de sua poltrona com uma (ou várias) firme segurança sobre algum modelo de conhecimento. Este modelo estava assentado sobre uma profunda argumentação erudita em defesa de algum paradigma, aliada à urdidura fechada de cada capítulo. Embora abalado pelas vanguardas do início do século 20, este modelo sagrado de leitura prevaleceu de certa forma intocado até meados do século 20. Estou utilizando o tempo verbal no passado, mas tenho plena consciência de que muitos dos modelos que atuam ainda hoje guardam, mesmo que de forma residual, semelhanças com aquelas práticas oitocentistas.
Por volta dos anos sessenta, ganhou fôlego entre os estudos literários um novo método de leitura chamado ‘estética da recepção’. A contribuição do modelo da estética da recepção foi útil, entre outras coisas, para demonstrar a emergência da autonomia do leitor. Neste caso, o modelo anterior autor/obra/leitor sofreu um deslocamento significativo, passando a incorporar uma certa autonomia do leitor. Desse modo, a equação autor, obra e leitor, que possuía um sentido único conquistou um aceso de mão dupla entre obra e leitor: autor/obra/leitor.
A morte do autor?
Ao se reivindicar formas de leituras mais autônomas, nas quais os níveis de interpretação passaram a serem redimensionados, e a interpretação e o interpretante ganharam maior potência diante dos textos, o descontrole também passou a atuar de forma cada vez mais veloz. Porque este grau a mais de autonomia podia significar maior liberdade na medida em que a doutrina cedia lugar à interpretação. Porém, como se observa na equação anterior, ainda permanecia intocada a figura do autor.
Ao mesmo tempo em que as discussões sobre a autonomia do leitor ganhavam espaço junto à crítica, contribuindo para a definição de novos sistemas teóricos de leitura, porém de maneira menos acentuada, a partir dos anos sessenta a autonomia romântica do autor passou a sofrer alguns ataques. A partir da publicação, em 1969, do texto O que é um autor? [FOUCAULT, Michel. O que é um autor? Trad. Antonio F. Cascaes e Edmundo Cordeiro. Lisboa: Passagens, 1992.] Passou-se a questionar a instituição jurídica na qual se apoiava a disseminação do nome do autor. Chamou-se a atenção para os aspectos editoriais, que sustentavam de fato a regulamentação da autoria. Ao emprestar a formulação de Samuel Beckett ‘que importa quem fala, disse alguém, que importa quem fala’, [Idem, p.34.] o texto questiona uma prática comum baseada na utilização de nomes de autores consagrados como forma de legitimar as idéias expostas ao longo de um texto qualquer. Ao tratar dos problemas da autoria como uma decorrência do surgimento de outra linhagem crítica, que se afastava da tradição histórica do século 19, o texto questiona a morte do autor e prefere tratar a questão como um desaparecimento, que não deixa muitas pistas sobre seu paradeiro.
Neste texto, quando Foucault se refere a algumas afirmações ocas sobre a morte do autor, ele está, provavelmente, se referindo a Roland Barthes, que, poucos meses antes, em 1968, havia publicado um texto chamado A morte do autor. [BARTHES, Roland. A morte do autor. Trad. Antonio Gonçalves. Lisboa: Edições 70, 1984.]
A inclusão do leitor
Embora o título seja uma afirmação que leva o leitor apressado a tirar conclusões ocas, a leitura do texto dissipa a imagem inicial. Pois se trata muito mais da afirmação e da autonomia do leitor e da leitura, do que propriamente da morte do autor. Evidentemente, que a atitude de retirada do peso do lado da autoria faz a balança pender com maior vigor para a extremidade do leitor.
‘Ninguém (isto é, nenhuma ‘pessoa’) a disse: a sua origem, a sua voz não é o verdadeiro lugar da escrita, é a leitura’. [Idem, p. 52-53.] Esta frase abria caminho para a compreensão de que todo texto é a construção de um tecido através de palavras de duplo sentido e, em última instância, quem pode fechar momentaneamente este círculo aberto pelo regime de duplicidades é o leitor.
Do leitor, segundo Barthes, a crítica clássica nunca havia se preocupado, mas a partir dos anos sessenta surgiu uma emergência no trabalho dos críticos e dos professores em geral: dar conta desta presença cada vez mais atuante junto aos processos de leitura e interpretação dos textos. A autonomia do leitor ganhou forma e peso diferenciados passando a fazer parte do universo do autor. Dessa forma, a posição, a opinião, as manias, os comentários, enfim, o universo do leitor passou a compor o cenário das narrativas e a sua inclusão deixou de ser apenas teórica, ganhando uma dimensão narrativa necessária na literatura contemporânea. Embora o recurso de dialogar com os leitores tenha sido um artifício utilizado inclusive por Machado de Assis, tornou-se célebre a inclusão do leitor realizada por Ítalo Calvino no texto ‘Se um viajante numa noite inverno’.
Questões simultâneas
O terceiro elemento da equação (autor/obra/leitor) que falta ser mencionado se refere ao conceito de obra. Na mesma época em que se fazia a revisão do papel do autor e da emancipação do leitor, o conceito de obra (mais especificamente naquilo que se refere a sua autonomia) passou a sofrer ataques por parte da crítica. Umberto Eco e os desdobramentos da noção de Obra aberta, e mesmo Roland Barthes distendendo o conceito de texto de forma a englobar a aura atribuída à obra. Em boa parte, a leitura da Obra aberta significava a perda do direito sagrado do autor de colocar um ponto final em sua criação.
De acordo com Umberto Eco a poética da obra aberta trata o leitor como centro ativo de uma rede de relações inesgotáveis, entre as quais ele instaura sua própria forma, sem ser determinado por uma necessidade que lhe prescreva o modo definitivo de organização. Para realizar a tarefa plena de intérprete, o leitor precisa reinventar o processo num ato de congenialidade com o autor. [ECO, Umberto. Obra aberta. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1968, p. 41.]
Sendo assim, o ponto final da obra é relativizado, e a necessidade de controle sobre a obra passa a ser questionado. Diante da emergência de uma série de questões simultâneas (derivadas da política, da economia, sobretudo da estética), o estatuto da obra autônoma se esvaziava.
Lógicas repensadas
Ao mesmo tempo, Barthes lembrava a existência de uma complexa relação entre a decadência da autonomia da obra e a ascendência do conceito de texto. Para Barthes, a noção de texto (como parte frágil da obra) sempre esteve ligada historicamente a um mundo de instituições: direito, Igreja, literatura, ensino. O texto é um objeto moral, pois é a escrita participante do contrato social. Submetendo e exigindo respeito e transmitindo segurança. [BARTHES, Roland. Texto (teoria do). In: Oeuvres complètes. Tome II. Paris: Seuil, 1994.]
Dentro desta nova ordenação dos valores que organizava a reflexão dos anos sessenta, embora o texto ainda estivesse preso à obra, como parte fundamental de sua existência, a noção de um texto com maior autonomia ganhava espaço entre as diversas tendências críticas dos sistemas de interpretação do artefato literário.
Junto com as modificações dos padrões de autoria, de obra e de leitor, abriu-se espaço para se repensar em todas as lógicas que organizavam o trabalho da leitura. A opinião moderna corrente sobre o assunto assinalava o caráter linear da leitura que deveria predominar. O modelo autor/obra/leitor tinha um estatuto diante da comunidade e gozava de credibilidade porque estava baseado na tradição da cognição do conhecimento, ou seja, o leitor cumpria uma série de etapas até atingir maturidade intelectual suficiente para poder penetrar em espaços consagrados aos especialistas. A capacidade de leitura obedecia a esta lógica da escada cognitiva. O leitor pode subir um degrau a mais, todas as vezes que cumprir, através de alguma instituição legitimadora, os rituais, que, gradativamente, se transformaram cada vez mais rápido em rituais de passagem.
Até o jornalismo
O processo de compreensão no qual estava assentado o ritual da leitura linear era e é mediado pelos registros da consciência. Todo este aparato que envolve a leitura linear também está intimamente ligado a algum princípio da racionalidade. Você lê, digere e, finalmente, compreende. Obviamente, esse sistema está sustentado pela ilusão da compreensão. Ou seja, de que existe um padrão de compreensão universal e democrático que atinge a todos os leitores de forma semelhante ou, o que é pior, idêntico.
Neste caso, a consciência é a base da razão, por conseqüência os padrões de produção de um texto também deveriam ser muito bem controlados. Um texto, seja ele qual for, deveria ter começo, meio e fim. E cada uma dessas etapas do texto deveria ter uma organização e coesão que justificasse a sua existência. Quanto maior os níveis de controle sobre a unidade frasal, do parágrafo e, finalmente, do conjunto do texto, maior será o emprego do controle. Desta maneira, será considerado um bom texto aquele que controlar com maior eficácia a atenção dos seus leitores, que afirmarão: ‘Isso é um bom texto – claro, argumentativo e bem escrito’. Em relação à circulação dos discursos, a moderna Sociedade do Controle denunciada por Michel Foucault era norteada por estes princípios, que ainda estão presentes, mas a resistência a esta lógica está cada vez mais acirrada.
A dissolução da ordem linear da narrativa vem atingindo todos os níveis de produção, circulação e recepção dos textos. Até mesmo o lugar por excelência consagrado ao linear, como o jornalismo, vem cedendo espaço ao incontrolável influxo do texto não-linear. Isso se deve em parte porque se tornou impossível controlar ou mesmo simular um controle sobre as margens dos textos. Em parte, isso se deve ao enorme fluxo de informações e versões sobre estas informações que são produzidas diariamente.
Modelo instável
De outra forma, percebe-se que gradativamente o trabalho vem se adensando na ponta do leitor. Inicialmente passivo diante da vontade e da genialidade do autor mediado por uma relação que evidenciava a obra, o leitor está sendo lançado aos desígnios de uma nova condição que clama por sua participação. Operando uma extremidade onde acontece simultaneamente a produção e a recepção dos bens simbólicos que circulam incessantemente produzindo as mais variadas formas de conhecimento, aprendizado e comunicação, o leitor se transforma em produtor. Manejando a rede dessa maneira, as conexões deixam de ser apenas uma rede física, e a metáfora barthesiana de uma teia narrativa que desdobra ao infinito passa a ser uma das condições do virtual, equivale dizer, o leitor passa a decidir sobre a usabilidade desta narrativa infinita que mescla as antigas categorias da ficção e do fato, transformando tudo em interpretação recombinada.
Diante do modelo clássico de leitor, nós podemos perceber que a educação para a leitura era, e ainda é, voltada ao princípio da retenção de conhecimentos. Reter, neste caso, pode significar a produção e o consumo de algum lucro. Digamos assim, o lucro de uma boa leitura reside na quantidade de conhecimentos que dela se pode extrair. Existe aqui a equação do modelo capitalista aplicado a um modelo que talvez não suporte este tipo de aquisição. Um sistema de leitura sustentado pela aquisição de lucro pode ser verificado quando este lucro pode ser transformado em sinônimo de erudição. Pois esta erudição definiria um papel social bem delimitado, oferecendo um contorno preciso aos agentes que obtém lucro desta equação clássica.
Entretanto, hoje estamos diante de um modelo instável de leitura, que transforma o modelo clássico (o leitor como aquele que retém) num leitor que precisa cada vez mais trocar experiências. Este regime baseado nas trocas passou a definir uma parcela da instabilidade e da falta de concentração do leitor atual. Quando se trocam experiências nesse novo ambiente, o princípio do potlatch passa a prevalecer.
Recombinação textual
Retomando Marcel Mauss, George Bataille traçou as linhas gerais do funcionamento da economia fundada por um regime de trocas. O potlatch é constituído por uma dádiva ou presente considerável de riquezas oferecidas ostensivamente com a finalidade de humilhar, de desafiar e de obrigar um rival a um esforço ainda maior. O valor de troca da dádiva resulta do fato de que o donatário, para apagar a humilhação e rebater o desafio, deve satisfazer à obrigação –contratada por ele quando da aceitação – de responder posteriormente por uma dádiva mais importante, ou seja, de retribuir com usura. Em alguns casos, a dádiva pressupõe a destruição espetacular de todo um conjunto de riquezas materiais. Como ocorre, por exemplo, quando um chefe tribal mata parte ou a totalidade de seus escravos diante de outro líder.
Há várias características complexas que envolvem a prática do potlatch. A riqueza só existe se ela puder ser consumida, e isso muitas vezes ocorria de um só golpe. O ato de oferecer se transforma em um princípio de poder: é mais poderoso aquele que pode queimar de uma só vez toda a sua riqueza. Neste caso, dar também é perder, mas isso reverte em força simbólica para quem oferece. Essa força simbólica adquirida por quem oferece se transforma em prestígio. Para Bataille, a posição na qual a perda é transformada em aquisição, corresponde à atividade da inteligência, que reduz os objetos de pensamento a coisas. Enquanto em nossa época tudo está sendo reduzido ao denominador comum do mercado, a economia arcaica do potlatch produzia uma máquina estatal do luxo capaz de dilapidar a totalidade dos recursos representados pelo acúmulo de trabalho humano disponível.
Contudo, existe um paralelo entre a condição arcaica e a circulação das narrativas não-lineares pelo universo digital. A facilitação da obtenção de bens culturais em forma de fragmentos de textos e imagens que podem ser re-ajuntados, adquirindo novas formas, tem possibilitado a proliferação da recombinação textual como um dos princípios normativos da produção de conhecimentos na atualidade.
Na agenda dos leitores
Mas é preciso ressaltar que, quando uma informação pode ser copiada de graça, de certa forma ela não tem valor, ou seja, não se visa exclusivamente o lucro quando se lança um texto em busca de prestígio, em tom de troca, ou com valor de desabafo, ou simplesmente com a finalidade informativa, carregando um tipo específico de informação que não interessa ser divulgada pelos meios de comunicação tradicionais.
Existe por trás desta proliferação gratuita de textos e imagens a nítida intenção de oferecer aos outros uma parte considerável do esforço individual. A ciranda de oferendas não tem fim, pois esse outro (que na verdade são outros) obtém prazer em copiar, recombinar e jogar novamente na arena um bem cultural que poderá ser novamente canibalizado por outros leitores. A ciranda é infinita e essa infinitude está relativizando a condição clássica da autoria, da originalidade e da ética. Os interesses individuais definem a participação dentro de um ou mais grupos de interesse e, a partir daí, se definem os temas que serão discutidos, recombinados. Cada indivíduo oferece uma parte de seu trabalho e de seu tempo para dar forma a uma comunidade onde, muitas vezes, nem se conhecem os interlocutores.
A literatura contemporânea tem se beneficiado desta abertura e muitos escritores têm recebido a ajuda de leitores durante a elaboração de suas narrativas. Não se trata de dizer que a existência desta prática destruirá as formulas tradicionais de produção e circulação, mas trata-se de entender que a autonomia do leitor tem transformado esse sujeito em um produtor e consumidor ao mesmo tempo. Assim como a comunidade de jornalistas não pode mais dizer o que será discutido no dia seguinte (pois isso depende cada vez mais da vontade dos leitores), os escritores também não encontram outra fonte para suas estórias que não seja um dos pontos da agenda de seus leitores.
Estruturas encadeadas
Isso não revela apenas uma estratégia de mercado, mas, de forma contraditória, esse comportamento define a participação ilimitada do leitor/produtor. A convergência de focos diferentes (as leis do mercado e a atuação do leitor/produtor, por exemplo) para uma mesma prática transforma a nossa compreensão sobre esses mecanismos de troca em tarefa extremamente complexa, porque não se trata exclusivamente da obtenção de lucro ou de prestígio. Para além do voluntarismo de alguns, talvez exista uma prática subversiva que está confundindo todos os sistemas de controles tradicionais que vão desde a polícia, passando pelos direitos autorais, até aos mais refinados sistemas de crítica dos quais usufruímos.
Todavia, a inversão narrativa que as formações não-lineares têm provocado em nosso dia-a-dia não deve ser entendida como uma alteração inédita. Parece-me que não se trata de nenhuma novidade. A diferença se refere ao volume e a intensidade desse movimento. Por isso mesmo, urge a criação de sistemas alternativos de avaliação. Uma forma de se começar a delinear um sistema como esse pode ser encontrada na aproximação com outras formas narrativas que se tornaram residuais ou que estão em repouso há muito tempo. Estar em repouso ou fazer parte de resíduos significa que estas formas narrativas estiveram condenadas ao esquecimento enquanto a lógica do capital sufocava as formações não-lineares e circulares em geral, normalmente associadas a algum tipo de misticismo incompreensível aos senhores da civilização. Portanto, resgatar um sistema sofisticado de trocas, como é o caso do potlatch, e aproximá-lo destas novas formações narrativas pode ajudar na elucidação do mistério que envolve a avalanche de publicações e trocas de mensagens que podemos observar diariamente.
Nas culturas periféricas que foram excluídas da lógica capitalista, a narrativa linear nunca teve uma base sólida, basta pensar em qualquer tipo de ritual considerado tribal ou místico fora dos padrões ocidentais. Nestes casos, sobretudo as narrativas circulares continuaram a ser o eixo principal da comunicação comunitária. Sendo assim, pode-se especular que a narrativa linear é uma decorrência do tempo capitalista. Seu ritmo encontra eco nas antigas linhas de montagem da primeira metade do século 20, pois o linear trata, de fato, de estruturas encadeadas que deveriam servir para colocar um pouco de ordem ao mundo externo, que ditava, por meio do carro-chefe da economia, a escala de progresso das sociedades.
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Professor de Letras e Comunicação da Universidade Federal do Paraná e da Uniandrade