São inúmeras as suas críticas duras. Como também são inúmeras as suas análises consagradoras, escritas com profunda alegria e alívio, na felicidade de ver realizado todo um esforço com o qual você, graças a Deus, está de acordo.
Barbara Heliodora
O bom da convivência é que ela se alimentava de conversas que fluíam por todos os assuntos. Nem sempre nossas ideias coincidiam sobre teatro, mas esgrimir argumentos com Barbara Heliodora era um desafio irresistível, mesmo sabendo que seria difícil vencê-la.
Barbara Heliodora amava o teatro. E, porque o amava, não admitia ver produções ruins — “A crítica condescendente é uma má crítica”, costumava dizer. Do mesmo modo, vibrava quando assistia a boas montagens, ainda que essas, em determinados períodos, fossem tão escassas, em sua opinião, que quase a faziam desistir do ofício.
Considerada a maior especialista brasileira em Shakespeare, Barbara Heliodora foi uma profissional que não fugia da polêmica. Suas críticas diretas, com uma retórica potente e palavras imperdoáveis, criavam mais desafetos que amigos.
No fundo, era uma velhinha tímida. Era a primeira a ir embora, geralmente de táxi, quase sempre sozinha, sem expressar se gostou ou não. Só dois dias depois saberíamos. Algumas, jurei que tinha gostado. Tinha detestado.