Contextualização Em 2010, Antônio Gomes da Costa Neto, técnico em gestão educacional em Brasília e mestrando em Educação das Relações Raciais na Universidade de Brasília (UnB), acusa a Secretaria de Educação do Distrito Federal de desrespeitar os critérios de seleção de livros literários preconizados pela legislação antirracista ao permitir que Caçadas de Pedrinho [1], livro […]
literatura
A Feira Literária Internacional de Paraty (Flip), marcada para outubro, traz uma oportunidade especial para os jornalistas neste ano, além da tradicional e esperada aclamação da literatura como expressão artística e cultural. A decisão de ter João do Rio (1881-1921) como o homenageado do ano será um momento para relembrar vida e obra de um […]
“As pessoas não morrem, ficam encantadas […] O mundo é mágico.” João Guimarães Rosa, em discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, 1967* Em abril, uma década terá se passado desde que o colombiano Gabriel García Márquez, então já apartado do mundo pelo apagamento de sua memória, abandonou definitivamente o realismo para abraçar […]
Há pouco, terminei de reler Memorial de Aires. Li devagar, como quem degusta um vinho. Livro delicioso, aconchegante, personagens com uma densidade que salta do romance, demonstração da supremacia absoluta do escritor. Os ranhetas cismam com a falta de enredo, mas ali está o enredo do cotidiano simples do protagonista e a relação dele com […]
Ariel Goldstein é Doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Buenos Aires. Pesquisador no Instituto de Estudos da América Latina (do CONICET) e o Caribe. É professor e pesquisador da Faculdade de Ciências Sociales, Universidade de Buenos Aires. __ Desde os anos 2000, Ariel tem se especializado na análise da relação entre populismo e cobertura […]
Muitos anos atrás, o jornalista Sérgio Rizzo e eu fomos convidados para uma palestra sobre jornalismo especializado na UVV (Universidade Vila Velha), no Espírito Santo. Rizzo iniciou sua exposição dando uma “bronca” simbólica nos capixabas, dizendo que, naquela manhã, havia passado numa banca de jornais e percebido que os cadernos culturais de lá noticiavam majoritariamente […]
“Não é só a morte que iguala a gente. O crime, a doença e a loucura também acabam com as diferenças que a gente inventa.” (Lima Barreto) Há 136 anos, numa sexta-feira, em 13 de maio de 1881, no Rio de Janeiro, nascia Afonso Henriques Lima Barreto. Filho de descendentes de escravos, seu pai […]
No circo regado por holofotes onde a literatura agora se apresenta, Tezza figura como um personagem em extinção. É um operário que ergueu seu nome a partir da obra.
Com um lápis, João Antônio começou a esboçar um mapa de bairros e a falar de três malandros a percorrê-los: “Estou com esta história na cabeça. São três tipos: Malagueta, Perus e Bacanaço”.
Coletânea reúne contos de 18 autores, escritos na época da ditadura militar ou por escritores que tiveram as suas vidas afetadas de alguma forma pelos acontecimentos daquele período.
Depois de concluir a leitura, em sequência, de quatro livros da promissora safra da nossa nova literatura, todos escritos por autores jovens e de extremo talento, não foi mais possível fugir à elaboração desta análise. Os títulos são: Biofobia, de Santiago Nazarian, Ed. Record, 2014; As fantasias Eletivas, de Carlos Henrique Schroeder, Ed. Record, 2014; […]
Rachel de Queiroz entra para a história da literatura brasileira com o romance O Quinze, em 1930. Em torno do livro, Graciliano Ramos achou que Rachel de Queiroz devia ser um pseudônimo de “sujeito barbado”: “Uma garota assim, fazer romance!”, duvidou, e concluiu por conta própria: “É homem”. Este episódio lamentável refletia um espírito de […]
Quem é o leitor brasileiro? Que tipo de literatura aprecia? Quais os títulos mais vendidos? Os autores prediletos? Perguntas como essas são molas propulsoras do mercado editorial do país.
Quando um jornalista de uma democracia liberal conversa com um escritor cubano como Leonardo Padura (Havana, 1955) pode correr o risco de pensar que está falando com uma espécie de sujeito exótico da História.
As provas de impressão, da editora Sudamericana, somam 181 folhas duplas, numeradas à mão, com anotações do autor feitas com caneta esferográfica ou caneta marca-texto. Um olhar sobre essas anotações revela as minúcias artísticas do trabalho de García Márquez.
O homem é um animal que escreve cartas. Lewis Carroll, autor da frase, poderia ter dito que o homem é o único animal que escreve cartas, pois nenhum outro bicho disso é capaz.
Mario Vargas Llosa: “Se o mundo continuar o processo no qual a palavra escrita está sendo substituída pela imagem e pelo audiovisual, corremos o risco de que desapareça a liberdade, a capacidade de refletir e imaginar, além de outras instituições como a democracia”.
Quem não pensa em Van Gogh também como um escritor certamente não leu suas cartas, um valioso acervo literário e histórico. E Vincent não se restringia a escrever, ele pensava sobre literatura.
Talvez uma das maiores contribuições de Gabriel García Márquez ao ofício do jornalismo, para além do valor de sua obra de ficção, tenha sido o de afirmar, durante toda a sua vida, que ele era, sobretudo, um jornalista.
Quero relembrar a valentia de Eduardo Galeano em plena juventude. Reporto-me ao início de meu exílio em Montevidéu, de 1964 aos primeiros meses de 1965.