O ano de 2013 começou com uma informação retumbante e que foi replicada pelos meios de comunicação por aí a fora. Em tempos de redes sociais e dedinhos ávidos por compartilhar, curtir e divulgar, qualquer notícia pode adquirir proporções geométricas em pouco tempo.
Mas… e há sempre um mas nesta e noutras histórias… pouco se raciocina com tais informações recebidas aos borbotões.
Pois bem. O noticiário informou neste comecinho de ano que a Rede Globo de Televisão, emissora carioca que dispensa maiores apresentações, teve o seu pior Ibope na história. O índice apontado é de 14,7%, uma queda de quase 10% em relação ao ano anterior (16,3%). Se compararmos com uma década atrás, a derrocada parece ainda mais assustadora, batendo na marca dos 30% (20,3% em 2002). É importante que o leitor saiba que cada ponto corresponde a 60 mil domicílios na Grande São Paulo.
Determinadas opiniões diagnosticaram a queda como um mal. Outros, de pensamento mais oxigenado, comemoram os números em baixa como se isso solucionasse todas as nossas carências educacionais e mazelas sociais. Números, enfim, são números. São frios e assim devem ser tratados. Mestre Pablo Picasso certa vez sentenciou para que se “jogue fora todos os números não essenciais para sua sobrevivência”. Então façamos isso com os números que apresentei acima.
Rota e esfarrapada
A questão da queda da Globo, que foi “acompanhada” pelas outras emissoras, não é motivo de júbilo. Falta o principal, que é constatar para onde foi essa audiência. Será que esta audiência migrou para os outros canais? Esses 10% desligaram a TV e não ligaram mais? Foram ver filmes repetidos à exaustão nas TVs fechadas? Optaram por apenas navegar pela internet? Buscaram outros meios de comunicação? Leram livros?
Sem essas respostas, reconhecidamente difíceis de mensurar, a queda do Ibope da Globo é um número e nada mais. Aponta, no máximo, uma queda constante na audiência da maior emissora do país pois, além da programação repetitiva, cansativa e direcionada, tem que concorrer com outras coisas que surgiram nos últimos 10 anos, em especial a Web.
Mas toda a discussão que se observa nas redes sociais sobre o próximo Big Brother Brasil evidencia apenas que estamos ainda muito longe de um efetivo passo à frente de nossa cultura rota e esfarrapada.
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[Sylvio Micelli é jornalista]