Estruturado no Las Vegas Convention Center, nos EUA, em abril, o Brazilian Pavillon expôs produtos e serviços para TV digital que obtiveram destaque no mercado mundial. Uma excelente oportunidade para as 17 empresas brasileiras presentes na National Association of Broadcasters (NAB), uma das maiores feiras do setor eletroeletrônico, voltadas para o segmento de rádio, TV e conteúdo digital, mostrarem inovadoras iniciativas brasileiras que vem conquistando o mercado broadcast internacional. Inovação está associada a iniciativas e busca incessante das oportunidades em um setor de negócios. Para os empresários, mostrar e disputar suas inovações no mercado internacional são fatores decisivos para quem busca reconhecimento e valorização dos produtos.
A Tecsys, fabricante de equipamentos de infraestrutura de TV digital, é uma veterana que há 12 anos expõe na NAB. O empresário José Marcos Freire salienta que a participação não é só da empresa, é também dos colaboradores. “Temos aqui uma equipe de sete pessoas para conhecer o cliente internacional”, destaca. “É uma oportunidade para lançar um produto, sentir a receptividade, e ao mesmo tempo analisar o que nossos concorrentes estão fazendo”, afirma. A empresa começou com nove pessoas, no mercado de imagens de segurança para condomínios. Hoje tem mais de 100 colaboradores, uma unidade no Brasil e outra em Israel. E está abrindo mercado na Ásia, na África e até nos EUA. Ele credita o crescimento “ao trabalho e inovação, muita inovação”, ressalta.
Associar eventos internacionais apenas a grandes marcas é um equívoco cometido pelas pequenas empresas. Desafiando esse pensamento, Alex Pimentel, da Ibrasat, prestadora de serviços de transmissão, reconhece que sua empresa é ainda pequena, porém já com bons resultados, após três anos expondo na NAB. “Os resultados são visíveis em termos de reconhecimento de marca e de consulta no dia-a-dia de clientes internacionais”. Nessa ação do Sindvel com a Apex, Pimentel enxergou uma oportunidade de inovação para expor a empresa ao mercado internacional. “É importante participar da NAB pela visibilidade. Muitas vezes, o cliente internacional não conhece a capacidade que o Brasil tem de oferecer produtos e serviços de qualidade”, pontua.
Economia para realizar contatos
Um exemplo de que inovação gera inovação é de Rodrigo Cascão Araújo, da EITV. Ele enxergou as características inovadoras do sistema brasileiro de televisão digital, direcionou seu trabalho de doutorado na Unicamp para o projeto de setup box e virou um dos maiores fabricantes da América Latina. “Se você quer mostrar inovação, a NAB é uma boa oportunidade de estar junto com empresas que estão inovando no mundo inteiro”, observa. De olho nos eventos mundiais, Daniela Serres, da SP Telefilm Productions, foi à NAB pensando em oferecer serviços para a imprensa internacional que estará no Brasil nos próximos anos. Sempre lançando o olhar inovador para o mercado futuro, Daniela conta que a empresa nasceu pequena, “com a experiência do empreendedor que iniciou puxando cabos em gravações, cresceu com poucos clientes, e se tornou especialista em sistemas de transmissão para o mercado nacional e internacional”.
A lacuna aberta pelo SBTVD-t na parte de acessibilidade para pessoas com deficiência resultou em inovação na empresa de Marco Antonio Melo, da ShowCasePro. “Pesquisamos, fomos atrás e conseguimos desenvolver produtos que o mercado não tinha ainda.” revela o engenheiro da empresa que começou com três pessoas e em três anos já tem uma equipe de quase 50 colaboradores. Seu foco é no mercado Brasil, porém ele destaca que “NAB gera opinião, aqui é a novidade. Tudo no Brasil acontece pós-NAB. Os brasileiros que vão fazer uma aquisição, primeiro vêm aqui, fazem pesquisa e depois decidem no Brasil”, conclui o empresário que atende cerca de 90% do mercado broadcasting brasileiro.
Inovar integrando produtos de outras empresas é a estratégia de José Carlos de Moraes, da OPIC Telecom. Além de fabricar, ela também representa marcas internacionais. A fórmula revelada pelo empresário é ter foco e bons profissionais comprometidos. “Estamos na NAB com oito pessoas procurando o que pode ser levado para a empresa”, revela José Carlos. Outra grande vantagem em expor na NAB, na visão do empresário, é a economia que se faz para realizar os contatos. “Se eu fosse visitar todas as empresas que vieram aqui no estande, eu gastaria R$ 30 mil ou R$ 40 mil. Elas estão todas aqui e a gente gasta muito menos”, contabiliza Moraes, satisfeito com o resultado da ação internacional.
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José Carlos Aronchi é jornalista, doutor em Ciências da Comunicação pela ECA/USP e consultor na Unidade de Desenvolvimento e Inovação do Sebrae-SP