O ponto alto da reportagem sobre a TelexFree exibida no Fantástico foi o momento em que um “investidor” exibiu um automóvel no valor de 200 mil reais, pois era exatamente isso que refletia o nome TelexFree em quase todos os lugares: Consumir, consumir, ostentar, ostentar… O sistema capitalista necessita do consumo e na sua fase líquida atual o consumo transforma-se em consumismo.
“Pode-se dizer que o ‘consumismo’ é um tipo de acordo social que resulta da conversão de anseios, desejos ou anseios humanos (se você quiser ‘neutro’ no sistema), a principal força motriz e as operações da empresa, uma força que coordena a reprodução sistêmica, a integração social e a formação da pessoa humana, e também desempenha um papel nos processos individuais e de grupo de auto-identificação e seleção e realização de políticas de vida individuais. O ‘consumismo’ chega quando o consumo se desloca ao trabalho desse rol axial que cumpria esse papel na sociedade de produtores” (Zygmunt Bauman).
E neste caso (do caro automóvel) estamos diante muito mais da ostentação do que do consumismo. Quem adquire um automóvel neste valor nutrido pelo desejo de alcançar uma “notoriedade” exibindo o produto – fatalmente com um potente som tocando “Aviões do Forró” – tem a mentalidade de que produtos sofisticados trazem algum tipo de poder. Ademais o consumo precisa ser incessante e de rápida diluição para que o ciclo seja incessante.
Houve “passeatas” da TelexFree, depois das decisões judiciais suspendendo as operações da “empresa” exigindo o “direito de trabalhar”. A TelexFree dar dinheiro de forma fácil, e não trabalho, já que não há utilidade social, é apenas a busca incessante pelo consumismo e ostentação.
Referência
Zygmunt Bauman, Vida do Consumidor, Trad. M. Rosenberg e J. Arrambide, FCE, México, 2007, pp.44-51
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Luiz Rodrigues é jornalista e estudante de Direito