Aos 23 anos, a MTV passará por uma grande mudança. Não será novidade para o canal de música que parece sempre adolescente, porque muda a toda hora.
Começou mais música do que TV. Depois, a música virou só um ingrediente de uma receita de entretenimento. Recentemente, programas brincalhões de auditório com bandas buscavam o meio termo.
Seus primeiros rostos, de gente que entende de rock e pop (Fabio Massari, Gastão Moreira, Zeca Camargo), foram sucedidos pela geração bonita e descolada, mas só esforçada no jornalismo musical (Didi Wagner, Leo Madeira, Carla Lamarca). Nos últimos anos, chegaram os engraçados (Marcelo Adnet, Dani Calabresa, Tatá Werneck).
As dificuldades em falar ao público jovem vieram da entrada da internet na vida da moçada. E vieram em duas ondas pesadas.
O primeiro golpe foi a possibilidade de ver videoclipes a qualquer hora na rede, principalmente na carona do YouTube. Por que esperar o clipe da banda favorita no horário que a programação da MTV determinar? Sem chance. O clipe se mudou de vez para outro lugar.
Mas o ataque maior, inserido numa discussão bem ampla, veio por causa da comunicação mais parruda, intensa e ágil que o conteúdo on-line permite. Os programas (musicais, humorísticos ou informativos) tentaram de todas as formas colar na internet. Dá-lhe insistentes pedidos de “entre agora no site e faça isso, faça aquilo” e apresentador lendo mensagens de telespectadores/internautas. Tudo sofrível –nada de culpá-los, não têm salário de roteirista.
O processo pode ter estreitado bastante a faixa etária da audiência. Nos últimos anos, no VMB, o “Oscar” da emissora, a escolha de clipe do ano por votação popular premiou bandas de apelo pré-adolescente como Restart.
O que virá agora, de casa nova? Prosseguir na infrutífera emulação da internet? Ou apostar em projetos radicais como a série “A Menina sem Qualidades”, para públicos especiais?
Algo a se verificar na MTV renascida. Mais uma vez.
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Thales de Menezes é editor-assistente da “Ilustrada”