Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

16 vezes mais resolução que ‘full HD’

Aconteceu na terça-feira (27/8), no Hotel San Marco, em Brasília, a demonstração da primeira transmissão de TV 8K via internet aberta no Brasil, uma tecnologia de ponta que proporciona imagens com 16 vezes mais resolução que o Full HD a que já estamos acostumados. O evento se deu durante o 2º Fórum da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP).

Especialistas da NHK, a TV pública do Japão, e da operadora japonesa de telecom NTT estão há uma semana junto com os engenheiros da RNP testando a transmissão que está sendo feita nos dois sentidos – de Tóquio para Brasília e vice-versa – no hotel. Duas conexões internet de alta velocidade paralelas estão sendo usadas, de modo a conduzir estudos comparativos.

Em julho de 2012, Michael Stanton, diretor de pesquisa e desenvolvimento da RNP, entrou em contato com os japoneses quando eles estavam captando vídeo 8K durante as Olimpíadas de Londres e enviando este sinal para o Japão para ser reproduzido lá em salas públicas.

– Alguns meses depois, encontrei-me como Hisao Uose, da NTT Advanced Technology (NTT-AT, Kanagawa, Japão), que estava dando uma palestra sobre o que havia sido feito em Londres. E ele disse que a intenção das empresas japoneses agora era mudar o foco para o Brasil – conta Stanton (vide vídeo da entrevista completa em <http://bit.ly/masrnp>). – Estreitamos esse contato e agora os japoneses estão realizando testes com a rede da RNP com vistas a transmissões de TV 8K por ocasião dos grandes eventos esportivos que se darão no Brasil, ou seja, Copa do Mundo e Olimpiadas. E neste evento de hoje, estamos apresentando material gravado no último lançamento do Ônibus Espacial em Cabo Canaveral, com tomadas de cena de vários ângulos, além de parte do material que foi apresentado no mês passado no Projac. Isso tudo em paralelo com os testes de transmissão e recepção de conteúdo 8K entre Tóquio e Brasília.

Correção de dados

Em julho de 2013, houve uma demonstração de TV 8K no Rio de Janeiro, na TV Globo, mas na ocasião não houve transmissão de sinal, apenas reprodução a partir de material gravado no Carnaval 2013 no Rio e na Copa das Confederações.

No Japão, as transmissões via satélite em TV 8K devem começar em 2016, e via terrestre em 2020. No Brasil, a expectativa é que começaremos logo pela transmissão terrestre, “pulando” a etapa da TV 4K, que normalmente seria adotada antes da 8K. Mas ainda não há prazos concretos.

– Em março deste ano, Hisao veio ao Brasil para avaliar a adequação de nossa rede para poder levar o conteúdo 8K do Brasil para o Japão via internet – explica Stanton. – E curiosamente, a velocidade exigida para esse tipo de transmissão nem é tão grande: 360Mbps (megabits por segundo), para levar esse vídeo compactado.

A TV 8K ou Super Hi-Vision, oferece resolução de 7.680 x 4.320 pixels, ou seja, 33.177.600 pixels no total, com 22,2 canais de áudio. Resolução assim tão alta permite assistir TV a poucos metros da tela, mesmo sendo televisores LCD de 85 polegadas ou de plasma com 145 polegadas, que são os atualmente em uso.

– A importância deste experimento bem sucedido entre Brasília e Tóquio é muito grande, pois se transmitimos bem entre essas duas cidades, isso significa que podemos transmitir TV 8K para qualquer ponto do mundo – orgulha-se Yoshiaki Shishikui, engenheiro executivo de pesquisa da Nippon Hoso Kyokai (NHK), que também esteve no evento em Brasília. – Como usamos internet aberta, às vezes o tráfego geral nos atrapalha um pouco, mas mesmo assim tivemos êxito.

– Nosso plano é enviar vídeo 8K do Rio de Janeiro para Tóquio em 2014, provavelmente com temática de competição de futebol – prevê Tatsuya Fujii, supervisor do grupo de pesquisa de sistemas de processamento de mídia da NTT. – Tivemos que resolver problemas relacionados a correção de dados durante a transmissão, que gerava às vezes perda de até dez mil pacotes IP contíguos. Mas nossa solução implementada em hardware e software teve ótimos resultados nesse desafio.

Fotos dos equipamentos usados na transmissão podem ser vistas neste link.

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Carlos Alberto Teixeira, do Globo