Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O segredo das apresentadoras

A notícia da semana nos bastidores da televisão foi a saída de Sabrina Sato do “Pânico”, na Band, em direção à Record. Mais do que uma troca de emissora, o que se anuncia é a entrada da moça em um novo mundo, o das apresentadoras.

Ao deixar a equipe do humorístico, onde era uma entre dez, e ganhar um programa para chamar de seu, Sabrina ingressa em um clube que já foi mais exclusivo, mas ainda representa o nirvana para quem trabalha no meio.

Centro das atenções, o apresentador, até mesmo na RedeTV!, ganha bons salários, participação em ações de merchandising, convites para estrelar publicidade e, quase automaticamente, convites para o Castelo de “Caras” e outras oportunidades midiáticas.

Diferentemente de outras ocupações no mundo da TV, que exigem conhecimentos e habilidades específicos, para ser apresentador não é necessário saber nada que está nos livros ou nas escolas. O conjunto de atributos cobrado destas figuras é altamente subjetivo, e é aí que mora o perigo.

O que faz de alguém um bom apresentador? Normalmente, estes profissionais são avaliados, e prosperam ou fracassam, em função de qualidades como carisma, simpatia, poder de comunicação, raciocínio rápido, beleza, voz…

Tema correlato

Outra questão, também difícil de responder: como sabemos se alguém tem o talento necessário para a função? Não dá para descobrir sem ver o candidato ao cargo em ação.

Neste quesito, Sabrina leva uma vantagem sobre outras jovens apresentadoras que caíram de paraquedas no meio de um auditório, como Ana Hickmann, por exemplo, que um ano depois de estrear na TV já comandava um programa.

Depois de dez anos no “Pânico”, Sabrina pode dizer que já acumulou boa quilometragem em matéria de televisão. Conquistou um lugar no programa, inicialmente, por conta da beleza, mas cresceu ao mostrar total desenvoltura diante dos mais variados constrangimentos.

Ao contrário de outros integrantes da trupe, não fazia imitações nem interpretava textos. Inventou uma personagem –a “mestiça burra”– mas, ainda assim, sempre conseguiu transmitir uma ideia de autenticidade.

A trajetória de Fernanda Lima, talvez a revelação do ano como apresentadora, ensina alguma coisa neste terreno pantanoso, eu sei, que define o talento deste tipo de profissional. Começou como modelo, como quase todas as candidatas a um posto na TV nos dias de hoje, mereceu uma chance na MTV, estudou jornalismo, foi atriz em novelas da Globo, apresentadora de quadros em programas da emissora, até ser escalada, em 2009, para comandar o “Amor & Sexo”.

Fernanda, nitidamente, evoluiu ao longo dos anos em que está à frente deste programa. Diante de uma mesa de convidados, normalmente formada por figuras mais experientes do que ela, a apresentadora demorou a mostrar que é a dona da situação, a pessoa que dá ritmo e graça à atração. Hoje, Fernanda canta, dança, faz piadas, domina absolutamente o seu auditório.

Tentei, enfim, mostrar por que vejo com bons olhos a chegada de Sabrina Sato a este mundo. Não houve espaço, porém, para discutir outro tema correlato. Qual é a hora de o apresentador parar, se aposentar? O tema é ainda mais espinhoso dado o tamanho da fila. Fica para uma próxima.

******

Mauricio Stycer é colunista da Folha de S.Paulo